comparado ao de anos atrás.
O jogar bola na rua de terra.
O soltar pipa na laje, com os berros
maternais de cuidado ao fundo.
A vizinhança quase interiorana de algum
lugar perdido no mapa.
Quase....
Os garotos ao som de funk,
a brincar suas “noróticas” coreografias.
O namoro substituido pelas modernas
formas de “pegação”.
A molecada com sua velocidade
internética de raciocínio digital.
Mesquita tornando-se o mais novo
município do Estado do Rio de Janeiro.
...novidades!
O que não muda é o espanto de
alguém (principalmente se for algum
carioca da “gema”) ao ouvir o local da
sua residência e/ou nascença:
- O quê? Mesquita? Onde?
Não muda é a doce amarga interseção
entre o moderno e o conservador, o
interior e a cidade, o antigo e o novo.
Não muda é a vida ainda marcada de
“bons dias” e “boas noites” ao passar
e passear.
Muda é a marca indelével que carregamos
ao nascermos em um lugar que carrega
consigo a mistura da poeira do atraso
com o frescor de uma insípida modernidade.
É pensar que tão perto da cidade
maravilhosa, temos um outro universo de
melancolias, esquecimentos, alegrias e lembranças.
E lembrar que em qualquer lugar que
estejamos, em Londres, Milão, São
Paulo, Brasília ou em Natal,
aquele som de - "Bom dia!" - carregado de
cheiro de terra molhada, sempre irá ecoar
pelos nossos ouvidos, sempre.
Então somos duas “coisas”, uma
metamorfose do novo e do antigo, onde
atravessamos galáxias distantes e
distintas, adentrando no universo urbano
para trabalhar e correr, e voltando ao
ante-universo do interior para deitar e
dormir.
E lembrando disso tudo, as noites nunca
foram tão gostosas como as noites em
casa, as noites com pai, mãe e irmão.
As noites mesquitenses.
Observação: Você pode substituir, e pensar, o cenário
desta prosa-poema pela cidade/bairro/país de sua predileção.
(para Sérgio Fonseca)
Esta obra está licenciada sob uma
Licença Creative Commons.
2 comentários:
quer falar do mundo? [e para o mundo?] fale da sua aldeia...
;*
...desprezando a vulgarização com a qual a presente palavra é às vezes utilizada: é bairrista...e linda essa prosa poética ou seria essa poesia prosaica?!...
Postar um comentário