(in)contidos - O novo livro de Vinícius Fernandes da Silva do PSQC

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sábado, 8 de julho de 2017

rubi

Faz muito tempo que não escrevo neste blog. Um pouco mais de 1 ano. Não é a primeira vez. Pelos idos de 2011 eu também dei uma sumida e depois... voltei. Há explicação? Não sei. Gosto do que diz Ferreira Gullar* **, quando menciona que a poesia só pode nascer do "espanto" do/a poeta. E muitas vezes a vida necessita simplesmente ser vivida, como repositório de novos "espantos". A vida urge, porque a poesia existe nela desde sempre, como palavra ou às vezes somente como oxigênio.

Mas isto não explica tudo. Continuei fazendo poesia, anarquicamente, como sempre, mas continuei. Este blog, este espaço virtual completa 10 anos neste ano de 2017. 10 anos! Muito, né? Ele nasce em um momento que o próprio boom e relevância dos blogs já havia meio que... passado, mas para mim o tempo sempre durou mais, mesmo. Não importa! O criei, alimentei e hoje ele já é uma criança de 10 anos. Porém outras plataformas também foram surgindo e assumindo um papel central na difusão e divulgação de textos e escritores. Portanto o Palavras Sobre Qualquer Coisa tem uma fan page no Facebook (clique no link) e é reproduzido também em meu Instagram pessoal (@viniciuspsqc) e os últimos poemas têm sido postados diretamente por lá. Sem ter que passarem pelo blog. Mas por alguma razão, em um ano de tantas mudanças pessoais, tive o desejo de vir aqui e publicar novamente. Talvez para me despedir ao final do ano.

Não sei se esse blog foi efetivamente lido ou acompanhado por alguém. Se ele tem alguma importância para alguém além de mim (com a exceção que devo fazer obrigatoriamente a Lara Cervasio, fã número 1 do blog). Só sei que ele é importante pra mim, e enquanto for, aqui estarei.

* Da última vez que escrevi no blog, Ferreira Gullar ainda respirava. Sua partida me entristeceu.
** Ferreira Gullar é um poeta importante na minha formação. Porém não consigo separar pessoas e suas respectivas obras. O rancor, a pequenez, o golpismo e o ódio de Gullar anos antes de sua partida, também me entristeceu.

Sempre iniciei novas fases poéticas com SECÇÕES. Então para não perder a tradição, esta nova leva de textos farão parte de... DORES CURTAS. E sim, temos um novo poema e finalmente irei ao que interessa.

SECÇÃO DORES CURTAS




rubi

há uma solidão fundamental que
se perdeu nos emaranhados do
tecido tramado de um coração
finalmente entregue

há uma solidão fundamental que
esvoaçou em afetos e beijos
em eu te amos desferidos
em olhares de açúcar
mascavo

há também uma alma que saiu da jaula
e voou
e voou
e amou
refugou o medo
mergulhou no abismo
e ao fundo
havia o rio que ela sempre
esperou encontrar

esta alma
um dia
desgarrou-se de seu hospedeiro
em terras do oriente e se deitou
nos braços de uma mulher

e assim viveu esquecida
por tempos adormecida
em torrões de calmaria
de maré bonita
e clara
e brisa quente
cheiros
azuis
laranjas

um dia
a solidão fundamental esquecida de si mesma
ficou confusa
enlouqueceu
gritou
chorou
se fodeu
fodeu

então
um dia
alma e solidão procuraram seu velho corpo
em ruas confusas
de areia vermelha
e sangue
e febre
e gozo
e gozo
e raiva
raiva

enfim solidão e alma se
reencontraram em matéria

viram o corpo ferido
apodrecido
sujo
imundo
e gritaram
viva
vivam

deram-se as mãos
os três
corpo
alma
solidão


há uma solidão fundamental que
clama morada
sibila os sinos
aponta pra fé
e liga os motores

há uma solidão fundamental que
aprendeu a dizer
sim
e que
agora
ensina a dizer
não

há uma solidão fundamental
há um homem fundamental

e ele está de volta

rubi



Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. É professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poemas: (in)contidos. Trouxe, junto com Marcelle Decothé, a Anistia Internacional para a Baixada Fluminense. Atualmente coordena o Clube do Livro Baixada Fluminense.
Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo.
Defensor e crítico deste território.  



Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

domingo, 15 de maio de 2016

O meu lugar, por Leandro Clímaco


Ao longo da infância e adolescência nossa compreensão da realidade é profundamente marcada pelo lugar onde vivemos e damos nossos primeiros passos. A cidade é, antes de tudo, nossa casa num determinado bairro e suas ruas. Logo, minha história de vida no Rio de Janeiro é uma história vivida no subúrbio. Isso diz muito sobre quem sou hoje. 

Olaria, Campo Grande e Santa Cruz foram alguns dos bairros periféricos por onde passei parte da minha infância. Mas aos 7 anos fui morar naquele que seria o bairro onde passaria a maior parte da minha vida: Madureira. Começava ali uma relação de mais de vinte anos. Da infância à fase adulta, passando pela adolescência, minhas travessias na metrópole - e não foram poucas - tinha como ponto de partida e chegada este que pode ser considerado o verdadeiro centro da cidade. Repare no mapa: Madureira está exatamente no centro geográfico do município, ponto privilegiado para quem busca se deslocar tanto para a Baixada e Jacarepaguá, como para a zona da Leopoldina e Oeste. Mas antes de olhar para o resto do Rio, quero explorar com vocês o meu lugar nessa cidade: Madureira.

O prédio onde morei, e onde até hoje vivem minha mãe e avó, ficou pronto na década de 1970. Ele tem um formato bem diferente. Ao contrário dos espigões que vieram a prevalecer, ele é horizontal. Cada um dos três andares possui inacreditáveis 30 apartamentos. A cobertura possui dois, além de abrigar um salão de festas. Há também uma garagem. Os corredores do prédio formam um verdadeiro labirinto, levando à loucura aqueles que o exploram pela primeira vez. Até placas foram colocadas nos seus corredores como forma de amenizar o sofrimento dos novatos. É difícil explicar seu formato, mas seria algo como um H com mais uma perna, formando três extensos corredores paralelos, interligados por um corredor menor que também tem apartamentos. O térreo, por sua vez, abriga uma galeria comercial, essa sim em forma de H. 

O “Cidade de Madureira”, nome oficial do condomínio, não tem play. Isso significa que lá pelos anos 80, quando a taxa de natalidade do país era bem mais elevada, havia muitas famílias com mais de um filho, despejados aos montes nos corredores do prédio. Sem um espaço delimitado para brincar acabamos por tornar todos os espaços do prédio como play. Significa dizer que o hall dos três elevadores era, para nós, espaço para se fazer quase tudo: campo de futebol, mesa para jogos de tabuleiro, espaço onde nos reuníamos para o jogo da verdade ou simplesmente ponto de encontro para se jogar conversa fora. As escadas, sinuosas, eram perfeitas para os primeiros beijos e “amassos”, onde, solidários, ficávamos vigiando para avisar quando algum adulto aparecesse.

Mais novos, as escadas eram também utilizadas para apostas de corrida. Quem chegasse primeiro no térreo era o grande vencedor. Então, lá íamos nós correndo desde a cobertura até o térreo que nem loucos, fazendo questão de fazer bastante barulho em cada andar que descíamos. Não tenho dúvida: éramos perigosos terroristas para a grande maioria dos moradores, muitos bem idosos. Afora as luminárias quebradas por causa do futebol, também sofríamos com a ação de alguns moradores mais impacientes. Não esqueço especialmente de uma do saudoso Ulysses (era a cara do Ulysses Guimarães), do 2º andar. Enquanto jogávamos Jogo da Vida ou War no hall dos elevadores, ele, sorrateiramente, veio com um balde d’água fria e nos jogou. Seu Ulysses sofreu muita com a gente. Merecemos.

Além da galeria, o térreo também era composto por uma área vazia de onde se saia para a rua Dona Clara. Esqueci de dizer, o prédio é de esquina, um lado virado para a Domingos Lopes e outro para a Dona Clara. Nos finais de semana, com o acesso para as galerias fechados, a entrada se dá por esta última. Nesse espaço também jogávamos bola, vôlei, andávamos de skate, bicicleta, além de toda sorte de pike isso e aquilo.

Na infância também havia um terreno baldio bem em frente ao prédio que estava em litígio. Antes que qualquer obra fosse realizada no local, era ali onde mais colocávamos a imaginação em ação. Não esqueço do dia em que eu, Glauco, Alexandre, Naila, Daniel, minha irmã Raquel, o Leo, e talvez outros que não me lembro agora, decidimos construir uma nave que nos levasse pro espaço. Influenciados por um filme da época (a década de 80 foi a década das aventuras juvenis no cinema e Os Goonies não me deixa mentir), dividimos as tarefas e passamos a procurar todo tipo de material que nos permitisse montar nossa nave. Conseguimos. E residia aí o maior barato de tudo isso: construir. Tamanha ousadia me remete a influência de outro ícone pop da época em nossas vidas: o filme Os Caça Fantasmas.

Num dado momento, o Alexandre, que era o mais criativo de todos nós, decidiu construir uma arma para caçar fantasmas na....garagem! Sim, acho que no fundo todos nós acreditávamos que a sombria garagem do prédio era mal assombrada. Armados, lá íamos, intrépidos, correr atrás das almas escondidas nas paredes cavernosas do estacionamento. Invariavelmente saíamos de lá correndo. Sempre tinha alguém que dizia ter visto alguma coisa.

Moleques, uma das nossas maiores ousadias era a travessia da rua principal do bairro: a Domingos Lopes. Fazíamos isso às escondidas, sem nossos pais saberem. Aquele que não atravessasse era zoado sem perdão (como isso parece bobo hoje em dia). Até música debochada ganhava. Chegar ao outro lado tinha um motivo: estar com a galera do prédio em frente. Nossa sociabilidade começava, lá pelos 10/11 anos a se expandir para fora das galerias do nosso prédio, conhecido no bairro como “Nova York”. Reza a lenda que o apelido surgiu por causa da construtora do prédio, chamada “New York”. Na medida em que crescíamos, começávamos a explorar outros pedaços da cidade. Lembro que raramente íamos para a Zona Sul. Nossa praia era a Barra. Pegávamos o antigo 701, que ligava Madureira ao terminal Alvorada, nos tempos pré BRT. Era uma verdadeira aventura, lá pelos 13/14 anos irmos à praia sozinhos, sem os pais. Éramos o exemplo mais acabado do farofeiro. Levávamos de um tudo, de bebidas à biscoitos e sandwiches. Se na infância íamos à praia de carro - era comum que a ida da família de um resultasse no convite para mais um ou dois do grupo - na adolescência, já metidos a espertos, nos aventurávamos nos ônibus lotados. O início dessa travessia para outros cantos do Rio começava a ensinar sobre as diferenças. Era evidente que a Barra tinha prédios que demonstravam a existência de pessoas com mais dinheiro. Bem diferente dos espaços da cidade por onde transitávamos. Até então, eu e minha família, por exemplo, íamos muito para a Penha, onde meu avô materno morou por um tempo, e depois para Nova Iguaçu, onde ele viveu até morrer. Por causa do meu pai, eu e meus irmãos íamos muito para Santa Cruz, onde ele vive até hoje. Sem carro, íamos de ônibus e trem. Esse era o nosso universo.

Atravessando os espaços periféricos da urbe carioca, não lembro de nenhum evento ou fala que me ensinasse sobre a lógica que até hoje insiste em retirar dos habitantes desses pedaços da cidade o direito à história e à memória e, claro, a uma vida mais digna. Madureira era o meu centro. Na minha cabeça de criança e de adolescente aquele estilo de vida era o da maioria, ainda que a noção de desigualdade me fosse ensinada pelas diferenças existentes no próprio prédio. Eu estudava em escola pública, enquanto outros amigos em escola particular. As comparações existiam, e muitas vezes tinham como critérios os móveis, emprego dos pais, tamanho da televisão, marca do videogame, e uma infinidade de outras coisas. Mas no principal estávamos irmanados. Vivíamos juntos, brincávamos juntos, começamos a namorar juntos. Havia uma relação tão intensa entre nós que essas diferenças eram sublimadas ou acertadamente não tinham peso.

Foi apenas através da mídia que comecei a entender algumas coisas. A principal, que eu era suburbano e que isso me marcava de várias maneiras. Todas negativamente. Foi através das matérias exibidas na TV e publicadas nos jornais que me foi apresentado o discurso preconceituoso que historicamente vem carimbando em nós, moradores dos subúrbios, favelas e periferias em geral, uma série de adjetivos: farofeiros, mal educados, pobres, desqualificados, limitados intelectualmente, só pra citar alguns. Até o dicionário Aurélio em uma de suas definições sobre a palavra subúrbio, afirma: 3. Bras. Que revela mau gosto. Em 1997, reportagens de O Globo e do JB traziam estampadas nas suas páginas revelações sobre os temores expressados pelos moradores da Barra com a abertura da Linha Amarela. Aqueles relatos me incomodavam. Não me reconhecia naqueles perfis. 

À essa altura, o reconhecimento de que era de uma família pobre era óbvio. O problema era o significado da pobreza pra aquela gente. Para aqueles que eram entrevistados e tinham voz na mídia. Isso me incomodava. Os ícones do bairro, costumeiramente apresentados como seus símbolos máximos, as escolas de samba Portela e Império Serrano, não faziam parte do meu cotidiano. Minha mãe não é uma pessoa musical. A música entrava em nossa casa mais por intermédio da televisão. Ao entrarmos na adolescência, eu e minha irmã passamos a consumir música, mas sem influências diretas. Dependíamos do que nos era apresentado pelos programas de auditório, nas rádios ou por aquilo que os amigos mais próximos ouviam. Na adolescência, mais pela farra, íamos às festas promovidas principalmente pela Tradição em sua quadra, no Campinho. 

Se por um lado não transitei pelas quadras das escolas de samba ou nos bailes de charme organizados sob o viaduto Negrão de Lima, outro “point” característico que reunia a juventude pobre e negra do bairro, por outro minha vivência no prédio onde cresci me ensinou a ser alguém que valoriza a relação com o outro. Esse sentido comunitário, gregário, estruturado por afetos, foi o que mais selou minha forma de compreender a vida nos subúrbios, ainda que morador de um condomínio. Sim, muitos deixavam as portas abertas, transitavam entre os apartamentos. Dependendo do sucesso televiso da época, combinávamos de assistir uma série ou filme na casa de um de nós; fazíamos festas americanas na cobertura; compartilhávamos jogos e realizávamos campeonatos de todos os tipos. Éramos, em suma, uma molecada unida que passou a explorar o prédio, o bairro e a cidade juntos. Pelo menos até certa época da juventude. Todos estudaram, se formaram e podem ser considerados bem sucedidos para os padrões atuais. Todos exercem suas funções com dignidade. Sem dúvida todos ascenderam socialmente, se comparados com a situação dos pais, e isso é revelador do processo histórico pelo qual vem passando o país, ainda que este 2015 nos deixe atemorizados.

Felizmente, a própria noção de subúrbio e suburbano vem sendo disputada. Talvez como reflexo dos novos tempos, marcado pela presença cada vez maior de alunos oriundos de famílias pobres, negros ou brancos, suburbanos ou favelados, aos bancos das universidades públicas. Novos temas, novas perguntas, novos objetos surgem desse caldeirão de mudanças. 

Em minha pesquisa com periódicos suburbanos, o que mais tem me chamado a atenção é o sentido de pertencimento que aqueles jornalistas tinham com aquele pedaço da cidade. Ainda que já no início do século XX ganhasse força na cidade imagens públicas de um subúrbio onde nada acontecia, espaço da carência e dos dignos de pena, o “refúgio dos infelizes” preconizado por Lima Barreto em Clara dos Anjos, a prática jornalística que aos poucos foi instituída nas diversas zonas suburbanas do então Distrito Federal era alicerçada por um orgulho militante que buscava dotar aqueles espaços da urbe dos mesmos benefícios concedidos ao centro e bairros chics do eixo Sul. Esses jornalistas buscavam, através da palavra impressa, promover a igualdade. Esse era o sentido máximo atribuído ao jornalismo. Todos se reconheciam como suburbanos, jornalistas suburbanos.

A partir dessa prática, ainda que pontuada por diferenças significativas, buscou-se pressionar os poderes públicos e empresas privadas para a realização dos então chamados “melhoramentos suburbanos”. Muito do que foi feito nas décadas de 10, 20 e 30 no campo das reformas urbanas no Rio que margeava as linhas férreas pode ser debitado na conta dessa militância. Claro que nessa história não faltam tensões e disputas por causa de enfrentamentos políticos e diferentes projetos de sociedade, no entanto, é forçoso reconhecer: os subúrbios e os suburbanos têm história e essa história precisa ser contada. A reprodução cega e preconceituosa de avaliações hegemônicas sobre a vida de um enorme contingente populacional na antiga periferia da cidade do Rio de Janeiro acabou por silenciar estas histórias de luta pelo direito à cidade. A imprensa auto intitulada suburbana é um poderoso meio de pesquisa que nos permite recontar parcialmente essas histórias. 

Tamanha militância, talvez a maioria não saiba, resultou na realização de um Congresso Suburbano, nos idos de 1911. Utilizando a seção suburbana do jornal diário A Tribuna, o jornalista Pinto Machado lançou uma campanha voltada a preencher as vagas de um congresso formado apenas por habitantes dos subúrbios. Os leitores se transformaram em eleitores por alguns meses e isso acabou por gerar uma associação que se pretendia permanente para discutir os reais problemas que afligiam aquela população. Todas as localidades suburbanas tinham um representante no congresso. Os últimos meses de 1911 foram marcados por um debate que resultou na elaboração de uma série de ofícios enviados às diversas autoridades da República, dos mais diferentes poderes. 

Não tenho dúvida de que se essa e outras experiências vividas nos subúrbios do Rio tivessem tido o direito a um espaço na História, muito provavelmente as avaliações pejorativas que atravessaram o século XX, força viva a alimentar a memória coletiva que molda o tecido social carioca, teriam ao menos sido disputadas. Sei que isso vem ocorrendo, e minha tarefa é produzir um conhecimento que, longe de idealismos, contribua no sentido de apresentar elementos que venham ajudar no processo de questionamento dessa memória hegemônica que tantos silêncios produziu ao longo do tempo. Pois, ainda que viventes em áreas pobres, destituídas de equipamentos públicos de qualidade, distantes dos espaços transformados em ícones da dita “cidade maravilhosa”, há vida nas periferias, e o que é mais brutal na lógica de reprodução de nossas relações sociais é o silenciamento criminoso que se pratica ao se retirar o direito dessas comunidades de se expressarem. Se não bastasse as agruras de se viver na cidade ilegal, ainda se tem que lutar contra os preconceitos que os viventes da cidade legal produzem e reproduzem através dos meios de informação que controlam ou influenciam. No passado, os suburbanos perceberam isso e decidiram que era estratégico para a luta política deter o controle dos meios de produção responsáveis pela produção da notícia.

As carências materiais e a pobreza que assolam os espaços periféricos jamais deveriam servir para a desqualificação da população que ali vive. Fizeram isso na virada para o século XX e continuam fazendo o mesmo ainda hoje. Ainda que ex morador de Madureira, espaço popular por excelência da cidade, objeto dos preconceitos daqueles que muitas vezes jamais colocaram os pés nas suas ruas, ou que os colocam para curtir o exótico, tenho uma lembrança maravilhosa dos tempos em que vivi ali. 

Minhas memórias podem não ter peso nenhum pra muita gente, assim como as histórias de militância dos jornalistas suburbanos pouco interessaram os pesquisadores ao longo do tempo. Mas são elas que podem ajudar a subverter a lógica que engendra ações e práticas que historicamente retiram de nós, habitantes das periferias, o direito à vida, à cidade e à livre expressão.





Leandro Climaco é Professor de História do Colégio Pedro II e doutorando em História pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal Fluminense (UFF) com o projeto "Histórias e memórias invisíveis: experiências de suburbanos com periodismo no Rio de Janeiro, 1880-1940". Na mesma universidade concluiu o Mestrado em 2011 com o trabalho "Nas margens: experiências de suburbanos com periodismo no Rio de Janeiro - 1880-1920"; e a graduação em 2007 apresentando monografia sobre a constituição histórica do bairro de Madureira intitulada "Memória e vida cotidiana em Madureira, um bairro da cidade do Rio de Janeiro".







Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

O dia em que a farsa do voto finalmente chega ao fim




No país do Grupo Globo, da Folha de S. Paulo, do Estadão, das outras tevês abertas e corporativas, do Grupo Abril e sua revista Veja, do mercado financeiro, da FIESP, FIRJAN, Sistema S, de grande parte da classe média, da Polícia Federal, do Ministério Público, do STF e Judiciário em geral, neste país em que estes atores políticos vivem, só havia uma possibilidade de vencedor nas eleições para a presidência da república de 2014. O único candidato, projeto e partido que poderia ter saído vencedor daquele pleito era... Aécio Neves (45) do PSDB. Mesmo que a candidata vencedora tenha aplicado o remédio e plano de governo do derrotado, deixando clara sua mentira eleitoral, para os donos do Brasil só poderia haver um vencedor daquele pleito, e o nome dele é Aécio. 

A democracia não é somente um termo, ela é uma categoria viva, em disputa permanente. É óbvio que a democracia como valor foi absorvida pelos discursos ideológicos e semióticos das práticas hegemônicas da geopolítica global, e os EUA são o maior exemplo disso, com sua "democracy made in USA" exportada com muita violência, destruição de soberanias, guerras e mortes.

O Brasil, de fato, nunca teve muito apreço pela tal da democracia. Desde a chegada dos portugueses e o surgimento desta nação, nominada com base em uma árvore (que bela alegoria desperdiçada), o autoritarismo, em todas as suas formas, nuances e contundências, sempre foi o mote principal que regeu esta nova nação. O Brasil proporcionou mais de quatrocentos anos de escravidão, mesmo quando independente de Portugal, tornando-se um dos últimos países do mundo a aboli-la.

Desde o Império a ideia do voto e da representação foram os meios encontrados para termos a sensação de um mínimo de legitimidade e legalidade em algumas escolhas políticas. Porém o voto, neste caso, restringia-se a menos de um por cento da população à época, o que era de fato uma maquiagem legitimadora para as escolhas políticas já decididas a priori. Não podemos nos esquecer também das eleições fraudadas e viciadas do período. Com o golpe militar da república, em 1889, as coisas não melhoraram muito. A população bestializada* ** assistia ao teatro violento da expulsão da família real e a ascensão do republicanismo militar e da posterior política do café-com-leite, com suas práticas também marcadas pelo fetiche desavergonhado do voto, de cabresto e fraudulento.

No Brasil moderno os processos democráticos se mantiveram retrógrados. À baila do golpe de 1930, comumente chamado de revolução, vimos a industrialização e uma modernização conservadora realizada a forcéps. A primeira legislação em que efetivamente há um patamar mínimo de representatividade em processos eleitorais vai se realizar somente em 1932. A entrada ao jogo do capitalismo mundial exigia isso. Depois o que vimos foram grandes períodos ditatoriais (1937 - 1945) (1964 - 1985) com nesgas de democracia, em que presidentes eleitos não conseguiram concluir seus mandatos, seja por pressões ou à força, vide os casos de Jânio Quadros, João Goulart e do próprio Getúlio Vargas.
         
O que está mais do que evidente é que os pequenos grupos que historicamente detiveram o controle e o poder político e econômico do Brasil sempre tiveram ojeriza a qualquer experiência mínima e próxima da democracia. Sempre tiveram horror a qualquer possibilidade de falta de controle extremo a este território e aos benefícios e privilégios que obtiveram continuamente e violentamente. Não sejamos ingênuos em pensar que há efetivamente democracia na lógica do capitalismo liberal ou neoliberal. O que sobra à grande massa da classe trabalhadora são as migalhas e a sensação artificial de algum poder decisório nos rumos políticos do país. Até esta mínima sensação acaba de ser destruída.

A Constituição de 1988 trouxe a ilusão para o início de uma nova era, de um novo rumo, em que um mínimo dos preceitos liberais de liberdades individuais e direitos sociais fossem institucionalmente respeitados. Ledo engano. Como uma Carta, oriunda de um processo conciliatório entre todas as forças fascistas da ditadura que durou 21 anos e que ainda permanecem (e tomam neste momento) o poder, poderia gerar uma práxis minimamente democrática? Ilusão.  

O dia 12 de Maio de 2016 torna-se uma nova data de infâmia na história de infâmias do país chamado Brasil, mais uma. O filósofo Vladimir Safatle disse em entrevista recente que "esgarçou-se qualquer noção de que um dia tivesse havido, de fato, um país". Não, nunca houve. Aqui co-habitam dois países inconciliáveis, duas classes que vivem e enxergam o mundo de formas antagônicas, e que só puderam conviver devido a muita violência material, institucional e simbólica, à base da segregação econômica e territorial. Estes países agora estão separados e não podem e não devem mais se reconciliar. O filósofo chama a atenção para algo que às vezes nos passa despercebido, de que a democracia não se resume ao voto e à representação, que ela é um devir cotidiano e que pode ser exercida diretamente. As já históricas ocupações escolares realizadas, neste momento, por estudantes secundaristas de São Paulo e do Rio de Janeiro são a prova mais contundente desta afirmação. As lutas históricas dos movimentos sociais (feminista, negro, LGBT, sem terra, sem teto, etc.) e invisibilizadas pela mídia corporativa brasileira, mas aqui reconhecidas, são também outros exemplos efetivos da democracia per si.

Não devemos sequer entrar no mérito se é golpe ou não é golpe. É até ridículo, dentro do mínimo conhecimento histórico e sociológico, colocar este fato em dúvida. O, a partir de agora, governo indiretamente alçado ao poder de Michel Temer (PMDB), não é governo, porque é ilegítimo desde seu nascituro, nasce natimorto. Nasce infame como todo governo advindo de um golpe. E esta afirmação não é salvo-conduto para o governo anterior, não, muito pelo contrário, o governo que cai o faz também por sua falência moral e ética, apesar de inexistir acusação individualizada à presidenta temporariamente (e permanentemente, sabemos) deposta.

Portanto, neste fatídico dia, a farsa do voto chega ao fim. Mesmo que parcamente, 54 milhões de brasileiros tinham e tiveram a superficial sensação de que em quatro e quatro anos poderiam minimamente decidir os rumos do país. Sabemos da fragilidade deste poder, mas ainda assim era uma sensação de deter algum poder. Esta possibilidade foi usurpada, rasgada, demolida, violentada, destruída e não, não há mais saída na representação. Isto não significa que os cidadãos não continuarão votando, irão. Eu continuarei votando (mesmo que desde agora anule todos os votos), sou obrigado. Mas aquela pequena sensação de que o voto no sistema liberal realmente pode mudar alguma coisa... não existe mais, não mais. Que também chegue o dia em que toda a população perceba isto.

O governo Michel Temer é um desgoverno, porque não é legítimo, não é reconhecido por quem teve seu voto rasgado. E nossa única forma de termos uma vida e uma luta democrática é derrubá-lo e não reconhecê-lo. Resistir às suas determinações e ações. A desobediência civil é a forma legítima de tentarmos realmente refundarmos este país em um novo modelo democrático, em que de fato toda a população possa participar das decisões e rumos que ela própria queira tomar. Não é somente o desgoverno de Temer que é ilegítimo, este sistema político-eleitoral também o é.

Não ao golpe!
Todo o poder emana do povo e a ele retorna!

"Só a luta muda a vida".  

*CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo, Companhia das Letras, 1987.

** José Murilo de Carvalho teve uma posição dúbia quanto ao processo golpista/impeachment de 2015/16.






Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Atualmente é um dos coordenadores do Núcleo de Ativismo Baixada Fluminense da Anistia Internacional. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias:(in)contidos. Curador do Clube do Livro Saraiva Nova Iguaçu. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.




Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

O dia da infâmia


Eduardo Cunha e João Roberto Marinho


Nasci em 1979, em plena ditadura civil-militar e na última fase dos governos fascistas, liderado naquele momento pelo ditador João Figueiredo, ex-chefe do SNI (Serviço Nacional de Informação), e portanto diretamente responsável por perseguições, torturas, assassinatos e desaparecimentos. Os resultados deste último período da ditadura foram uma anistia que só fez livrar assassinos e torturadores de futuros encarceramentos e o adiantamento do processo de "redemocratização", culminando na Constituição de 1988.

Minha primeira infância e posterior adolescência foram vivenciadas na tentativa do país em efetivar uma agenda democrática e de garantia de direitos. Nossa carta fundamental foi extremamente avançada em seus desígnios e dispositivos jurídicos, porém as práticas políticas fortemente enraizadas pela ditadura se tornaram o principal obstáculo à implementação de uma real democracia. No Brasil a Política institucional e estatal é inimiga da Constituição.   

Já na primeira eleição direta para presidente da República, em 1989, vimos que esta política pautada pelos interesses empresariais e do grande capital não rogou em construir, eleger e destituir um personagem-presidente, e a eleição e impeachment de Fernando Collor pela Rede Globo é a mais cabal prova de que não seria nada fácil tentar formar um novo país, mais justo e igualitário.

E a História seguiu, vimos e vivemos enormes crises econômicas, algumas graves crises políticas, um governo de centro-direita, um governo de centro-esquerda e a guinada deste último também para a direita, principalmente em relação à economia do país. Porém algo que podemos verificar, hoje, é que o avanço da democracia pelos chamados meios institucionais-legais precisa ser amplamente questionado.

Os processos conciliatórios que nossas esferas de poder, através das elites partidárias e sindicais, sempre buscaram, acabaram por encobrir algo que sempre tivemos medo de revelar e assumir: a ditadura e seus arautos autoritários estiveram, desde sempre, nos habitando e efetivamente nunca os enfrentamos. Todos os produtores, defensores, propagadores, difusores, mantenedores do Estado torturador e assassino foram amplamente mantidos e reproduzidos em nossa vida política, social e cultural. Não foram expurgados pelos julgamentos jurídicos e morais que deveríamos ter feito, como a sociedade que gostaríamos avançada a um estado civilizatório verdadeiramente superior.    

Fracassamos! Fracassamos ao permitirmos que nossos jovens e adultos fossem "educados" pela indústria cultural e midiática que cotidianamente apoia e estimula a destruição da democracia para continuarem em sua plutocracia formada pelos "homens de bem(ns)". Fracassamos ao negligenciarmos a construção da indústria cultural e material do extermínio dos "telespectadores", da patuleia, da massa pobre e negra que só serve para reproduzir força de trabalho, e enquanto for "servil", pode e deve continuar a viver na miséria, pois só a miséria pode mantê-la sob controle. Esta indústria cultural e midiática efetivamente não necessita desses telespectadores, o Estado está aí para sustentá-la. Ambos se servem muito bem, até porque uma grande parte dos agentes do Estado também são seus donos.  

Fracassamos ao não levarmos para a educação publica e privada a garantia dos direitos humanos como conteúdo principal, e não somente tratá-la como tema transversal! Ao não destruirmos de maneira contundente a ideia difundida pela indústria midiática de que a ditadura foi uma "dita-branda" e que "vários aspectos positivos foram proporcionados ao povo". Farsa! Ao não elencarmos como tema fundamental as garantias das minorias, e que já eram pautas importantíssimas na década de 1980, no seio do avanço dos movimentos feministas, GLS, com o advento do HIV, etc.

Fracassamos ao termos permitido que os jovens nascidos nas décadas de 1990 e 2000 ainda reproduzam os discursos homofóbicos, misóginos, racistas e de ódio, ainda pautados na desinformação, na ignorância, na incivilidade que permeia nossa triste história de sociedade escravagista, patriarcal e violenta.

O dia em que um novo golpe de Estado foi perpetrado na História do Brasil, em Abril de 2016, não é um dia novo, não é um novo dia. É um fenômeno que talvez a física quântica possa, no futuro, nos explicar. É uma dobra no espaço-tempo em que o Universo se repete, e repete os mesmos atores, as mesmas falas, os mesmos discursos, as mesmas ações e misérias. Vejam! Não há nada de novo! São exatamente os mesmos atores, as mesmas falas, os mesmos discursos, as mesmas ações e misérias. Vejam! São os mesmos... Que destruíram nossa já opaca democracia em 1964 e que a violentaram novamente em 2016. 

Ao vermos os discursos e rostos da esmagadora maioria do Congresso Nacional, neste Abril de 2016, que votaram pelo golpe de Estado (367 votos), podemos realmente compreender nossos fracassos e misérias citados acima. A sociedade brasileira não é efetivamente representada por estes 513 deputados. A anomalia gerada pelo financiamento privado de campanhas pode explicar boa parte desta degeneração. Porém sim, somos também representados e elegemos conscientemente este corpo político. E digo isto para poder afirmar: Uma sociedade que aplaude e permite que um deputado defenda a ditadura e homenageie um notório assassino e torturador, merece, sim, ter como presidente da República Michel Temer e vice-presidente Eduardo Cunha, ou seria o contrário, ou... tanto faz?

E apesar dos fracassos apontados, o mais importante notar é que nos filmes de ficção científica o continuum espaço-tempo sempre pode ser alterado por um fio, por alguma pequena mudança ou esperança que rompa com a repetição e altere o tecido da História.

E mesmo que este 2016 seja uma réplica quase que (im)perfeita de 1964, há a possibilidade de uma mudança significativa: a resistência!

Se em 1964 os golpistas passearam em carro aberto pelas ruas do país, talvez em 2016 esta aventura não seja tão fácil assim. O golpe foi dado, está sendo dado e será dado. Então... Qual a grande diferença?

Sim, parece que dessa vez, vai ter luta!
Sim, vai ter luta!
Luta!
Luta?

Este texto também está publicado em nosso outro espaço virtual o "Palavras, Películas e Cidades", na Plataforma Obvious.


Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias:(in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.


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quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

gozo





insônia
insônia
insônia

acho que tenho
que tocar
punheta mais 
cedo







Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.


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Grupo Baixada Fluminense da Anistia Internacional no Sarau Cultura de Paz do Coletivo Fulanas de Tal (04/12/15)










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Grupo Baixada Fluminense da Anistia Internacional e Rede de Pensamento sobre Transporte, Mobilidade e Cidadania, ambos no 6 Fórum Rio da Casa Fluminense











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Lançamento do (in)contidos no Colégio Pedro II Tijuca (01/12/15)
















































































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Obvious Lounge: Palavras, Películas e Cidades

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Agora também estamos no incrível espaço de cultura colaborativa que é a Obvious. Lá faremos nossas digressões sobre literatura, cinema e a vida nas cidades. Ficaram curiosos? É só clicar na imagem e vocês irão direto para lá!

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O autor

Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.

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