(in)contidos - O novo livro de Vinícius Fernandes da Silva do PSQC

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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Argumento para um dia escrever

Eram meados de 1960 e Walter, já com dezesseis anos, saia para sua primeira viagem do subúrbio profundo que era Mesquita, ao centro do que seria a antiga capital do país, o Rio de Janeiro. Era seu primeiro dia de trabalho. A viagem seria feita através dos trilhos que o levariam até a gare Central do Brasil, onde os passageiros eram conduzidos pelos trens urbanos da também antiga Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU.

Sua mãe já o havia alertado sobre os perigos de andar de trem, pois os jovens tinham a mania, à época, de viajar dependurados nas velhas portas das composições, portas muito diferentes das máquinas automáticas de tempos mais contemporâneos – “Walterrrrrrr, não quero você na porta, tá me ouvindo?”, “Sim senhora, pode ficar tranqüila mãe”. Walter então embarcou, naquela manhã, para a última viagem de sua vida. A tarde passou, a noite chegou, o dia raiou, e Walter não voltava. O desespero tomava conta de todos: a mãe aflita, o pai silencioso, as irmãs mais jovens chorosas. Seu Joaquim, pai de Walter decide no dia seguinte percorrer diferentes locais em busca do filho que saíra para trabalhar, em seu primeiro dia, e não retornara.

Seu Joaquim era um português legítimo que chegou ao Brasil em 1908, no ventre de sua mãe. Diz-se que sua mãe, grávida, estava prestes a dar à luz em pleno navio que atravessava o Atlântico, e que o comandante da embarcação torcia para que o bebê nascesse em alto-mar. Não aconteceu. Assim que desembarcaram no porto de Magé, a criança nasceu. Logo depois foram fazer a vida em Mesquita, pequena localidade situada na Baixada Fluminense, periferia distante do centro do Rio de Janeiro.

Joaquim era herdeiro e dono de uma chácara e acabou se apaixonando por Neusa, ainda menina e filha de lavradores que cortavam cana-de-açúcar em sua propriedade. Neusa era morena e analfabeta, e obviamente isso criou problemas para que se amor se consumasse, mas essa é outra parte da história.

“E aí, e aí, Joaquim, Joaquim, encontrou nosso menino, encontrou?” – e com o olhar que nunca gostaria de ter dado e com as palavras que nunca gostaria de ter dito, Joaquim respondeu: “Sim, encontrei nosso filho, encontrei o corpo dele no Instituto Médico Legal no Rio”. Após dois dias de procura, Joaquim encontrara seu único filho no necrotério da capital. Seu corpo estava praticamente intacto, a não ser por um grande corte lateral que se iniciava por sua testa e transpassava sua têmpora. E naquele momento, Neusa morreu, e sua morte física só seria efetivada alguns muitos anos depois. Aquela família viveu com a morte de um filho e irmão, e de uma esposa e mãe durante os anos seguintes.

Início da década de noventa: “quarenta graus” marcado por quase todos os pontos do estado, dou um beijo em minha mãe depois do almoço e digo “Tchau mãe, mais tarde estou de volta”, ando alguns metros até chegar à Estação de Juscelino, o trem chega, lotado, e com uma dezena de jovens encima dele, os “surfistas de trem”. Passo o dia inteiro na escola, chego tarde em casa, janto e vou me deitar. Em momento de insônia vejo uma caixa velha que está prestes a ser jogada fora por minha mãe. Fico curioso e passo a remexer alguns papeis e velharias. Em um dado momento acho uma foto bem antiga, em preto e branco, de um rapaz jovem e com um primeiro bigode não raspado, na parte de trás da foto está escrito “Com amor para mamãe Neusa, 1959”. Neusa era o nome de minha vó. Depois daquele dia, nunca mais minha vida seria a mesma.



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domingo, 26 de agosto de 2012

O "Palavras Sobre Qualquer Coisa" ganha Menção Honrosa do Prêmio Baixada 2012



É com enorme alegria que informo que recebi Menção Honrosa no Prêmio Baixada 2012 por contribuição cultural/literária para a região da Baixada Fluminense, em referência a meu primeiro livro, o Palavras Sobre Qualquer Coisa. 

Gostaria de agradecer as todos os amigos e leitores que torcem por mim! Obrigado e besos. 
A estrada continua...





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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Livro "Palavras Sobre Qualquer Coisa" é finalista do Prêmio Baixada 2012


É com muita alegria que informo a vocês que o Palavras Sobre Qualquer Coisa, o livro, é um dos finalistas do Prêmio Baixada 2012.

A entrega do prêmio, ou da menção honrosa, será realizada no dia 23 de Agosto no município de Guapimirim.

Gostaria de dividir com todos os leitores e amigos essa grande notícia.

Obrigado.
Besos.





Relação dos Finalistas e indicados ao Prêmio Baixada 2012 
ou Menção Honrosa
CATEGORIA
NOME
MUNICÍPIO
Artesanato
Stela Marcia Lopes
Guapimirim
Artes Cênicas / Dança
Iran do Nascimento Ribeiro
Nova Iguaçu
Artes Cênicas / Teatro
Grupo Cultural Cochicho na Coxia
Mesquita
Artes Cênicas / Teatro
Cenáculo Cia. Teatral
São João de Meriti
Artes Plásticas
Deneir de Souza Martins
Magé
Artes Plásticas / Escultura
José  Hermínio  da  Silva  Pereira
Guapimirim
Artes Plásticas
Amaury Santana
Duque  de Caxias
Artes Populares
Írio Ferreira Lima Jr.
Guapimirim
Cidadania
Associação Cultural Nascente Pequena
Guapimirim
Ciência
Otair Fernandes de Oliveira
Nova Iguaçu
Comunicação / Falada
Mary Monteiro
Mesquita
Comunicação / Televisada
Reinaldo Luis de Almeida Ozzolins
Guapimirim
Comunicação / Escrita
GEMTE - Grupo de Estudos em Marketing, Tecnologia e Ecologia
Nova Iguaçu
Educação
Marize Conceição de Jesus
Nova Iguaçu
Educação
Escola  Kreutz Ferreira
Nova Iguaçu
História
Divino de Oliveira
Duque de Caxias
Imagem / Fotografia
Paulo Roberto dos Santos
Nova Iguaçu
Imagem / Cinema
José Ricardo dos Santos Rodrigues
São João de Meriti
Literatura
Francisco Evandro de Oliveira (Farick)
Belford Roxo
Literatura
Fernanda Fernandes de Meireles
Nova Iguaçu
Literatura
Vinícius Fernandes da Silva
Mesquita
Meio Ambiente
APA Guapimirim
Gapimirim
Música
AMC - Associação do Movimento dos Compositores da Baixada Fluminense
São João de Meriti
Música
Bruna dos Santos Souto
Guapimirim
Música
Orquestra Som da Serra
Guapimirim
Produção Cultural
Projeto F.A.M.A.
Nova Iguaçu
Produção Cultural
Núcleo C3 - Cristãos Católicos em Comunicação
Duque de Caxias








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segunda-feira, 11 de junho de 2012

sexta-feira, 25 de maio de 2012

EUSOTÉRICO

Quero ascender.
Acender a lanterna.
A luz interna.
Sair do poço.
Tentar permanecer moço.

Quero fugir da mesmice.
Das amarras.
Encontrar o divino.
Superar o destino.
Desviar do impasse.

Quero vencer o sono.
Matar o sono.
Dormir o preciso.
Sair da insônia.
Embebedar a noite.

Quero brindar o Sol.
Ser apresentado a ele.
Comê-lo.
Acordar o dia.
Lamber a tarde.

Quero as letras.
As palavras.
As idéias.
As películas.
As viagens.

Quero lembrar a Lua.
Não esquecer da escuridão.
Agradecer seus ensinamentos.
Vistá-la de vez em quando.
Saber que dores e amores vivem juntos.

Quero rememorar meus mortos.
Retornar a eles.
Conversar com eles.
Pedir seus conselhos.
E não esquecer de enterrá-los novamente.

Quero germinar a vida.
Soltar meus grãos.
Fazer crescer os galhos.
Gerar os frutos.
Cuidar para que sejam felizes e saudáveis.

Quero inventar o futuro.
Destruir o mundo.
Reinventar o mundo.
Fazer mudar tudo.
Revigorar o justo.

Quero.

Viver.
Viver.
Viver.
Morrer.
E descansar.



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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Lá!

Estarei lá quando os últimos raios de Sol se forem.
Estarei lá quando a escuridão da noite se fizer presente.
Estarei lá quando as películas mais desconhecidas, ou as mais populares, fizerem projetar.
Estarei lá quando os Besouros cantarem "Hello Goodbye".
Estarei lá quando a insônia te chamar, e não conseguir na hora acordar.
Sim, estarei lá.
Não estarei lá quando o galo cantar.
Não, não estarei.
Estarei lá quando a saudade apertar e aquele riso de canto de boca, tímido, quiser dar.
Estarei lá se precisar de um abraço amigo, verdadeiro e fraterno.
Estarei lá quando minha mãe chamar, e meu pai, e meu irmão e meu sobrinho.
Estarei lá quando a criança chorar.
Quando meu amor quiser dançar.
Estarei lá, sim.
E quando não mais estiver, bastará uma lembrança para que eu volte, sempre e sempre, e te
Possa sussurrar: -Estarei aí... contigo!


(Para Michael)



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quarta-feira, 28 de março de 2012

A caminhada


O passo era firme, frequente. A caminhada diária recomeçava mais uma vez. Mais um dia. Um novo dia. Mas aqueles passos eram especiais, eram os últimos. Mesmo sem saber, caminhava os passos firmes da convicção serena de ter feito as boas escolhas, de ter sido bom pai, boa pessoa.

Os pensamentos vinham como a poeira carregada pelo vento. A cada esquina dobrada, pensava: 

"Acho que fiz tudo certo, meus filhos casados, criados, bem formados! Meus netos lindos e felizes. Uma esposa que me ama, apesar dos meus erros e defeitos...".

A caminhada continuava, pé-pós-pé, calcanhares velozes, transpiração pulsando. E assim como as pernas, os flashes velozes diziam "é... foi um trabalho bem feito!".  

E de repente. Susto. Susto. O coração para. O coração parou e a escuridão se fez... O tempo passou, a poeira voou, outras pernas dobraram as esquinas e seus olhos enxergaram outra vez. Valeu a pena, sim, e como valeu, e se pudesse caminhar, novamente, andaria os mesmos caminhos. Mas hoje não caminha mais, porque voa, voa e viaja aos mesmos passos firmes e vicejantes, assim como antes, a nos visitar de vez em quando e a dizer: 

"Vamos caminhar gente! Vamos todos, pois agora é com vocês. Vamos!".
  


                                                                                                                    Para meu Tio Mazinho.


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quinta-feira, 8 de março de 2012

Pequeno pai


Hoje meu padrinho foi sepultado. Sua morte ocorreu ontem, devido a um coração frágil que o perseguia faz alguns anos. Isso seria uma notícia comum, comum no dia-a-dia da corrida cidade, onde pessoas morrem todos os dias, sem sabermos os nomes, as idades, as doenças, as histórias. Pais, irmãos, filhos, mães, avós… padrinhos.

E o que o fazia tão especial, além do fato dele ser o MEU padrinho? Esta pessoa não era da minha família, não tinha laços consangüíneos comigo ou com meus pais. Foi “escolhido” para ser meu “pequeno pai” (padre + inho) pelos laços de amizade construídos com meu velho quando os dois iam trabalhar juntos, tomando o trem dos sucateados trilhos da Central. Não à toa. Os trens possuem um grande significado em minha história, mas isso é papo para um outro texto.

O que o fez e o faz especial foi o amor intenso e sincero que ele me deu desde minha tenra idade. Nunca me senti um afilhado para meu padrinho, sempre me senti um “pequeno filho”. Sei do amor irrestrito de meus pais por mim e meu irmão, mas amor de pai e mãe é sempre marcado pela obrigação da educação, das regras e de uma certa rigidez. Não. Ele não precisava ser assim comigo, e não foi.

Meu pequeno pai sempre me disse as coisas mais belas que já pude ouvir na vida. Coisas que nunca escutei de ninguém, e que ele sussurrava em meu ouvido quando me abraçava, depois de tascado um beijo em minha bochecha. Meu padrinho era um homem pequeno, de baixa estatura, era mais baixo do que eu, o que é realmente uma grande proeza. Mas como era gostoso de abraçar, de beijar, além de ser cheiroso. Acho que foi com meu padrinho que aprendi a abraçar, cheio, com vontade, sem vergonha se estava abraçando um homem ou não. Ele sempre me abraçou sem pudores, me tascava um beijo no rosto e eu adorava. Sua pequenez era só em sua altura, ou falta dela. É um grande homem, grande. Não sei que tempo verbal mais usar.

E quais palavras ele falava para mim? Não posso reproduzir todas, não teríamos espaço nem tempo, eram muitas! Mas posso descrever algumas dessas palavras que ecoam neste momento em meus ouvidos e em minha memória ferida. “Bendito o dia que teu pai me deu a honra de ser seu padrinho”, “Meu filho, você é uma benção em minha vida”, “Eu sou mais feliz por saber que eu tenho um afilhado como você”.

O que mais me dói não é achar se ele sofreu muito ou pouco. Sei efetivamente que ele estava cansado, seu corpo estava cansado, sei disso, sentia isso em sua voz nos últimos dias. Ele queria vida, queria a vida, mas nem sempre nossa máquina humana responde à altura nossos desejos.

Minha verdadeira dor, agora, neste exato momento, é saber que não terei mais aquele abraço, aquele beijo na bochecha, aquelas palavras. Pelo menos não agora. Não hoje. Não mais. E com toda a minha mesquinhez e arrogância, o que eu queria era o poder divinal para abraçá-lo mais uma vez, pela última vez, dá-lhe um beijo e dizer: “Eu te amo!”. Mas não posso, não mais.

E o que realmente desejo registrar e que talvez nunca tenha dito como deveria ter feito um dia, é:

“Meu padrinho, meu amigo, é com muito orgulho e amor que te afirmo que você é uma benção na minha vida e que te agradeço pelo homem que você é, e que me ajudou a ser na minha luta cotidiana para ser uma pessoa melhor, uma pessoa…. como você! Obrigado meu padrinho, meu amigo! Obrigado por ter estado em minha vida por todos esses anos com seu amor e seu carinho”.

E o nome desse príncipe, desse gentil pequeno homem só poderia ser um. O nome que traz a sensação da grandeza, que nele simplesmente soava como educação e gentileza, externado no homem amoroso e sensível que ele sempre foi e é, para sempre.

Cesar, seu nome é Cesar.

Obrigado e saudades, seu afilhado, seu pequeno filho.






Vinícius Fernandes da Silva.

07/03/2012.





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Obvious Lounge: Palavras, Películas e Cidades

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Agora também estamos no incrível espaço de cultura colaborativa que é a Obvious. Lá faremos nossas digressões sobre literatura, cinema e a vida nas cidades. Ficaram curiosos? É só clicar na imagem e vocês irão direto para lá!

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O autor

Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.

O CULPADO OCUPANDO-SE DAS PALAVRAS

Contato

O email do blog: vinicius.fsilva@gmail.com

O PASSADO TAMBÉM MERECE SER (RE)LIDO

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