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domingo, 15 de maio de 2016

O meu lugar, por Leandro Clímaco


Ao longo da infância e adolescência nossa compreensão da realidade é profundamente marcada pelo lugar onde vivemos e damos nossos primeiros passos. A cidade é, antes de tudo, nossa casa num determinado bairro e suas ruas. Logo, minha história de vida no Rio de Janeiro é uma história vivida no subúrbio. Isso diz muito sobre quem sou hoje. 

Olaria, Campo Grande e Santa Cruz foram alguns dos bairros periféricos por onde passei parte da minha infância. Mas aos 7 anos fui morar naquele que seria o bairro onde passaria a maior parte da minha vida: Madureira. Começava ali uma relação de mais de vinte anos. Da infância à fase adulta, passando pela adolescência, minhas travessias na metrópole - e não foram poucas - tinha como ponto de partida e chegada este que pode ser considerado o verdadeiro centro da cidade. Repare no mapa: Madureira está exatamente no centro geográfico do município, ponto privilegiado para quem busca se deslocar tanto para a Baixada e Jacarepaguá, como para a zona da Leopoldina e Oeste. Mas antes de olhar para o resto do Rio, quero explorar com vocês o meu lugar nessa cidade: Madureira.

O prédio onde morei, e onde até hoje vivem minha mãe e avó, ficou pronto na década de 1970. Ele tem um formato bem diferente. Ao contrário dos espigões que vieram a prevalecer, ele é horizontal. Cada um dos três andares possui inacreditáveis 30 apartamentos. A cobertura possui dois, além de abrigar um salão de festas. Há também uma garagem. Os corredores do prédio formam um verdadeiro labirinto, levando à loucura aqueles que o exploram pela primeira vez. Até placas foram colocadas nos seus corredores como forma de amenizar o sofrimento dos novatos. É difícil explicar seu formato, mas seria algo como um H com mais uma perna, formando três extensos corredores paralelos, interligados por um corredor menor que também tem apartamentos. O térreo, por sua vez, abriga uma galeria comercial, essa sim em forma de H. 

O “Cidade de Madureira”, nome oficial do condomínio, não tem play. Isso significa que lá pelos anos 80, quando a taxa de natalidade do país era bem mais elevada, havia muitas famílias com mais de um filho, despejados aos montes nos corredores do prédio. Sem um espaço delimitado para brincar acabamos por tornar todos os espaços do prédio como play. Significa dizer que o hall dos três elevadores era, para nós, espaço para se fazer quase tudo: campo de futebol, mesa para jogos de tabuleiro, espaço onde nos reuníamos para o jogo da verdade ou simplesmente ponto de encontro para se jogar conversa fora. As escadas, sinuosas, eram perfeitas para os primeiros beijos e “amassos”, onde, solidários, ficávamos vigiando para avisar quando algum adulto aparecesse.

Mais novos, as escadas eram também utilizadas para apostas de corrida. Quem chegasse primeiro no térreo era o grande vencedor. Então, lá íamos nós correndo desde a cobertura até o térreo que nem loucos, fazendo questão de fazer bastante barulho em cada andar que descíamos. Não tenho dúvida: éramos perigosos terroristas para a grande maioria dos moradores, muitos bem idosos. Afora as luminárias quebradas por causa do futebol, também sofríamos com a ação de alguns moradores mais impacientes. Não esqueço especialmente de uma do saudoso Ulysses (era a cara do Ulysses Guimarães), do 2º andar. Enquanto jogávamos Jogo da Vida ou War no hall dos elevadores, ele, sorrateiramente, veio com um balde d’água fria e nos jogou. Seu Ulysses sofreu muita com a gente. Merecemos.

Além da galeria, o térreo também era composto por uma área vazia de onde se saia para a rua Dona Clara. Esqueci de dizer, o prédio é de esquina, um lado virado para a Domingos Lopes e outro para a Dona Clara. Nos finais de semana, com o acesso para as galerias fechados, a entrada se dá por esta última. Nesse espaço também jogávamos bola, vôlei, andávamos de skate, bicicleta, além de toda sorte de pike isso e aquilo.

Na infância também havia um terreno baldio bem em frente ao prédio que estava em litígio. Antes que qualquer obra fosse realizada no local, era ali onde mais colocávamos a imaginação em ação. Não esqueço do dia em que eu, Glauco, Alexandre, Naila, Daniel, minha irmã Raquel, o Leo, e talvez outros que não me lembro agora, decidimos construir uma nave que nos levasse pro espaço. Influenciados por um filme da época (a década de 80 foi a década das aventuras juvenis no cinema e Os Goonies não me deixa mentir), dividimos as tarefas e passamos a procurar todo tipo de material que nos permitisse montar nossa nave. Conseguimos. E residia aí o maior barato de tudo isso: construir. Tamanha ousadia me remete a influência de outro ícone pop da época em nossas vidas: o filme Os Caça Fantasmas.

Num dado momento, o Alexandre, que era o mais criativo de todos nós, decidiu construir uma arma para caçar fantasmas na....garagem! Sim, acho que no fundo todos nós acreditávamos que a sombria garagem do prédio era mal assombrada. Armados, lá íamos, intrépidos, correr atrás das almas escondidas nas paredes cavernosas do estacionamento. Invariavelmente saíamos de lá correndo. Sempre tinha alguém que dizia ter visto alguma coisa.

Moleques, uma das nossas maiores ousadias era a travessia da rua principal do bairro: a Domingos Lopes. Fazíamos isso às escondidas, sem nossos pais saberem. Aquele que não atravessasse era zoado sem perdão (como isso parece bobo hoje em dia). Até música debochada ganhava. Chegar ao outro lado tinha um motivo: estar com a galera do prédio em frente. Nossa sociabilidade começava, lá pelos 10/11 anos a se expandir para fora das galerias do nosso prédio, conhecido no bairro como “Nova York”. Reza a lenda que o apelido surgiu por causa da construtora do prédio, chamada “New York”. Na medida em que crescíamos, começávamos a explorar outros pedaços da cidade. Lembro que raramente íamos para a Zona Sul. Nossa praia era a Barra. Pegávamos o antigo 701, que ligava Madureira ao terminal Alvorada, nos tempos pré BRT. Era uma verdadeira aventura, lá pelos 13/14 anos irmos à praia sozinhos, sem os pais. Éramos o exemplo mais acabado do farofeiro. Levávamos de um tudo, de bebidas à biscoitos e sandwiches. Se na infância íamos à praia de carro - era comum que a ida da família de um resultasse no convite para mais um ou dois do grupo - na adolescência, já metidos a espertos, nos aventurávamos nos ônibus lotados. O início dessa travessia para outros cantos do Rio começava a ensinar sobre as diferenças. Era evidente que a Barra tinha prédios que demonstravam a existência de pessoas com mais dinheiro. Bem diferente dos espaços da cidade por onde transitávamos. Até então, eu e minha família, por exemplo, íamos muito para a Penha, onde meu avô materno morou por um tempo, e depois para Nova Iguaçu, onde ele viveu até morrer. Por causa do meu pai, eu e meus irmãos íamos muito para Santa Cruz, onde ele vive até hoje. Sem carro, íamos de ônibus e trem. Esse era o nosso universo.

Atravessando os espaços periféricos da urbe carioca, não lembro de nenhum evento ou fala que me ensinasse sobre a lógica que até hoje insiste em retirar dos habitantes desses pedaços da cidade o direito à história e à memória e, claro, a uma vida mais digna. Madureira era o meu centro. Na minha cabeça de criança e de adolescente aquele estilo de vida era o da maioria, ainda que a noção de desigualdade me fosse ensinada pelas diferenças existentes no próprio prédio. Eu estudava em escola pública, enquanto outros amigos em escola particular. As comparações existiam, e muitas vezes tinham como critérios os móveis, emprego dos pais, tamanho da televisão, marca do videogame, e uma infinidade de outras coisas. Mas no principal estávamos irmanados. Vivíamos juntos, brincávamos juntos, começamos a namorar juntos. Havia uma relação tão intensa entre nós que essas diferenças eram sublimadas ou acertadamente não tinham peso.

Foi apenas através da mídia que comecei a entender algumas coisas. A principal, que eu era suburbano e que isso me marcava de várias maneiras. Todas negativamente. Foi através das matérias exibidas na TV e publicadas nos jornais que me foi apresentado o discurso preconceituoso que historicamente vem carimbando em nós, moradores dos subúrbios, favelas e periferias em geral, uma série de adjetivos: farofeiros, mal educados, pobres, desqualificados, limitados intelectualmente, só pra citar alguns. Até o dicionário Aurélio em uma de suas definições sobre a palavra subúrbio, afirma: 3. Bras. Que revela mau gosto. Em 1997, reportagens de O Globo e do JB traziam estampadas nas suas páginas revelações sobre os temores expressados pelos moradores da Barra com a abertura da Linha Amarela. Aqueles relatos me incomodavam. Não me reconhecia naqueles perfis. 

À essa altura, o reconhecimento de que era de uma família pobre era óbvio. O problema era o significado da pobreza pra aquela gente. Para aqueles que eram entrevistados e tinham voz na mídia. Isso me incomodava. Os ícones do bairro, costumeiramente apresentados como seus símbolos máximos, as escolas de samba Portela e Império Serrano, não faziam parte do meu cotidiano. Minha mãe não é uma pessoa musical. A música entrava em nossa casa mais por intermédio da televisão. Ao entrarmos na adolescência, eu e minha irmã passamos a consumir música, mas sem influências diretas. Dependíamos do que nos era apresentado pelos programas de auditório, nas rádios ou por aquilo que os amigos mais próximos ouviam. Na adolescência, mais pela farra, íamos às festas promovidas principalmente pela Tradição em sua quadra, no Campinho. 

Se por um lado não transitei pelas quadras das escolas de samba ou nos bailes de charme organizados sob o viaduto Negrão de Lima, outro “point” característico que reunia a juventude pobre e negra do bairro, por outro minha vivência no prédio onde cresci me ensinou a ser alguém que valoriza a relação com o outro. Esse sentido comunitário, gregário, estruturado por afetos, foi o que mais selou minha forma de compreender a vida nos subúrbios, ainda que morador de um condomínio. Sim, muitos deixavam as portas abertas, transitavam entre os apartamentos. Dependendo do sucesso televiso da época, combinávamos de assistir uma série ou filme na casa de um de nós; fazíamos festas americanas na cobertura; compartilhávamos jogos e realizávamos campeonatos de todos os tipos. Éramos, em suma, uma molecada unida que passou a explorar o prédio, o bairro e a cidade juntos. Pelo menos até certa época da juventude. Todos estudaram, se formaram e podem ser considerados bem sucedidos para os padrões atuais. Todos exercem suas funções com dignidade. Sem dúvida todos ascenderam socialmente, se comparados com a situação dos pais, e isso é revelador do processo histórico pelo qual vem passando o país, ainda que este 2015 nos deixe atemorizados.

Felizmente, a própria noção de subúrbio e suburbano vem sendo disputada. Talvez como reflexo dos novos tempos, marcado pela presença cada vez maior de alunos oriundos de famílias pobres, negros ou brancos, suburbanos ou favelados, aos bancos das universidades públicas. Novos temas, novas perguntas, novos objetos surgem desse caldeirão de mudanças. 

Em minha pesquisa com periódicos suburbanos, o que mais tem me chamado a atenção é o sentido de pertencimento que aqueles jornalistas tinham com aquele pedaço da cidade. Ainda que já no início do século XX ganhasse força na cidade imagens públicas de um subúrbio onde nada acontecia, espaço da carência e dos dignos de pena, o “refúgio dos infelizes” preconizado por Lima Barreto em Clara dos Anjos, a prática jornalística que aos poucos foi instituída nas diversas zonas suburbanas do então Distrito Federal era alicerçada por um orgulho militante que buscava dotar aqueles espaços da urbe dos mesmos benefícios concedidos ao centro e bairros chics do eixo Sul. Esses jornalistas buscavam, através da palavra impressa, promover a igualdade. Esse era o sentido máximo atribuído ao jornalismo. Todos se reconheciam como suburbanos, jornalistas suburbanos.

A partir dessa prática, ainda que pontuada por diferenças significativas, buscou-se pressionar os poderes públicos e empresas privadas para a realização dos então chamados “melhoramentos suburbanos”. Muito do que foi feito nas décadas de 10, 20 e 30 no campo das reformas urbanas no Rio que margeava as linhas férreas pode ser debitado na conta dessa militância. Claro que nessa história não faltam tensões e disputas por causa de enfrentamentos políticos e diferentes projetos de sociedade, no entanto, é forçoso reconhecer: os subúrbios e os suburbanos têm história e essa história precisa ser contada. A reprodução cega e preconceituosa de avaliações hegemônicas sobre a vida de um enorme contingente populacional na antiga periferia da cidade do Rio de Janeiro acabou por silenciar estas histórias de luta pelo direito à cidade. A imprensa auto intitulada suburbana é um poderoso meio de pesquisa que nos permite recontar parcialmente essas histórias. 

Tamanha militância, talvez a maioria não saiba, resultou na realização de um Congresso Suburbano, nos idos de 1911. Utilizando a seção suburbana do jornal diário A Tribuna, o jornalista Pinto Machado lançou uma campanha voltada a preencher as vagas de um congresso formado apenas por habitantes dos subúrbios. Os leitores se transformaram em eleitores por alguns meses e isso acabou por gerar uma associação que se pretendia permanente para discutir os reais problemas que afligiam aquela população. Todas as localidades suburbanas tinham um representante no congresso. Os últimos meses de 1911 foram marcados por um debate que resultou na elaboração de uma série de ofícios enviados às diversas autoridades da República, dos mais diferentes poderes. 

Não tenho dúvida de que se essa e outras experiências vividas nos subúrbios do Rio tivessem tido o direito a um espaço na História, muito provavelmente as avaliações pejorativas que atravessaram o século XX, força viva a alimentar a memória coletiva que molda o tecido social carioca, teriam ao menos sido disputadas. Sei que isso vem ocorrendo, e minha tarefa é produzir um conhecimento que, longe de idealismos, contribua no sentido de apresentar elementos que venham ajudar no processo de questionamento dessa memória hegemônica que tantos silêncios produziu ao longo do tempo. Pois, ainda que viventes em áreas pobres, destituídas de equipamentos públicos de qualidade, distantes dos espaços transformados em ícones da dita “cidade maravilhosa”, há vida nas periferias, e o que é mais brutal na lógica de reprodução de nossas relações sociais é o silenciamento criminoso que se pratica ao se retirar o direito dessas comunidades de se expressarem. Se não bastasse as agruras de se viver na cidade ilegal, ainda se tem que lutar contra os preconceitos que os viventes da cidade legal produzem e reproduzem através dos meios de informação que controlam ou influenciam. No passado, os suburbanos perceberam isso e decidiram que era estratégico para a luta política deter o controle dos meios de produção responsáveis pela produção da notícia.

As carências materiais e a pobreza que assolam os espaços periféricos jamais deveriam servir para a desqualificação da população que ali vive. Fizeram isso na virada para o século XX e continuam fazendo o mesmo ainda hoje. Ainda que ex morador de Madureira, espaço popular por excelência da cidade, objeto dos preconceitos daqueles que muitas vezes jamais colocaram os pés nas suas ruas, ou que os colocam para curtir o exótico, tenho uma lembrança maravilhosa dos tempos em que vivi ali. 

Minhas memórias podem não ter peso nenhum pra muita gente, assim como as histórias de militância dos jornalistas suburbanos pouco interessaram os pesquisadores ao longo do tempo. Mas são elas que podem ajudar a subverter a lógica que engendra ações e práticas que historicamente retiram de nós, habitantes das periferias, o direito à vida, à cidade e à livre expressão.





Leandro Climaco é Professor de História do Colégio Pedro II e doutorando em História pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal Fluminense (UFF) com o projeto "Histórias e memórias invisíveis: experiências de suburbanos com periodismo no Rio de Janeiro, 1880-1940". Na mesma universidade concluiu o Mestrado em 2011 com o trabalho "Nas margens: experiências de suburbanos com periodismo no Rio de Janeiro - 1880-1920"; e a graduação em 2007 apresentando monografia sobre a constituição histórica do bairro de Madureira intitulada "Memória e vida cotidiana em Madureira, um bairro da cidade do Rio de Janeiro".







Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

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O autor

Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.

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