(in)contidos - O novo livro de Vinícius Fernandes da Silva do PSQC

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terça-feira, 26 de agosto de 2008

PARÓDIA I (Escargot)

Um dia vi um caramujo africano cruzando minha rua.
Depois de seis horas e trinta minutos observando a travessia.
Pude confirmar.
Após esse evento.
Minha vida jamais foi a mesma!




CAIXÃO

Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim. A morte é dura.
A morte é dura.
Dura.
Dura sim.
Dura como uma pilha Duracel.



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A poça profunda

Canso-me da superficialidade. Lembro de um antigo e chato colega mais velho de licenciatura. Ele dizia: “- A juventude passa e perpassa por um processo de adolescentilização”. A princípio trupiquei-me com o referido comentário, depois refleti. Era verdade. Nos ressentimos da seriedade, não da seriedade boba e burra dos velhos antigos antiquados, mas sim da seriedade da vida e das coisas. Paro e penso nos programas vespertinos da tv, nas micaretas, nos bailes funk tão freqüentados por nós jovens. Nada contra o gosto alheio, o meu também é terrível. Penso no que deixamos de ler, ver e ouvir: Pessoa. Drummond. Bandeira. Quintana. Picasso. Van Gogh. Gaudi. Mozart. Pixinguinha. Buarque.
Tantos, tantos.
Lembro então da minha infância (pós 79) e das minhas noites dormidas juntinho com a televisão. Fascinado. Lembro das musiquinhas sofríveis da década de 80 e que eu tanto adorava. E vejo que não dá mais para fugir disto, somos o misto do popular, com um quê de popularesco, e de um mínimo de erudição, erudição buscada com ardor e dificuldade, com quase sofreguidão. Vejo existências tentando lutar para concentrarem, mesmo que num mínimo, alguns conhecimentos deste longo mundo. E vejo almas vivendo somente para responder aos estímulos dessa difícil vida, matrixiando seus corpos e mentes. Como eu queria ser uma dessas almas. Porém vivo angustiosamente na minha eterna superficialidade profunda.


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domingo, 17 de agosto de 2008

Com a cabeça fora do lugar

A prova de que o post OBSERVAÇÃO 2 é pertinente foi o resultado da ginástica brasileira nas Olimpíadas de Pequim. Não, não sou daqueles que torcem contra. Torço pelo Brasil, torço por todos os atletas brasileiros, torço pela Jade, e pelos esportes que desconheço regras e técnicas.

Mas algo ficou claríssimo nestes Jogos, pelo menos para mim: O esporte não é só preparação física! Quando nossos dirigentes e COB irão perceber que a preparação psicológica é tão ou mais importante que o próprio preparo físico e técnico.

Ou alguém acha que a Jade ou o Diego não estavam preparados nos aspectos físicos ou técnicos? Nossos atletas NÃO ESTÃO PREPARADOS PARA A PRESSÃO, PARA SEREM FAVORITOS. Observo atletas pedindo desculpas quando perdem.

Será que não há ninguém em alguma comissão técnica que possa dizer para os atletas: VOCÊS NÃO SÃO O BRASIL!!! Vocês simplesmente "representam" uma bandeira, cores. Vocês possuem torcedores e só. As vitórias são individuais e a maior prova disso é o Michael Phelps.

Ele não nadou pelos EUA, ele nadou por ele. Porque foi ele quem treinou, se esforçou e foi ELE quem assumiu a condição de favorito. Phelps tinha a absoluta certeza de que era o melhor, e foi o melhor. Também tenho a absoluta certeza que ele e o seu país possuem o orgulho mútuo de um representar o outro.

Parece que é este o "fator" que falta aos nossos atletas. Nosso país, o Brasil, não oferece condições dignas para os atletas olímpicos se desenvolverem. O César Cielo treinou sabem onde? Nos EUA! E esta "desvantagem" em relação aos outros países poderia ser utilizada a favor de nossos atletas, da seguinte maneira: "Não tenho nem 1% das condições de um Phelps ou de qualquer outro atleta de um país desenvolvido, por isso... sou muito melhor do que eles, por estar aqui, e irei ganhar essa prova". Estou falando de atletas de alto nível, como nos esportes que temos alguma tradição, como o judô, o volei, o futebol, e um pouco menos a natação e agora a ginástica.

Por incrível que pareça o único esporte que parece não sentir muito isso é a seleção de futebol. Talvez pela nossa tradição e títulos, e pela pressão permanente que nossa seleção recebe. Os jogadores parecem saber internalizar o favoritismo, mas... NUNCA GANHAMOS A MEDALHA DE OURO NO FUTEBOL!

Eu torço, juro que torço. E acho que o Brasil irá ainda avançar muito no esporte de alto rendimento, e, espero, nos esportes individuais (esses sim ganham muitas medalhas). Mas infelizmente estamos a anos-luz de ser uma potência olímpica, e nossos principais problemas começam pela "cabeça".

Temos que, ainda, perder o complexo de vira-latas, como bradou Nelson Rodrigues em um dia triste de 1950.

Sociólogos, antropólogos e, principalmente, psicólogos, uni-vos!

Besos.

NOVIDADE: Agora o PSQC tem um Podcast!

Gente, depois dos variados posts e das diferentes abordagens, o PSQC inovou e acabou de criar o seu Podcast. Acredito que a palavra escrita ganha vida e emoção em contato com a fala, com a voz. Por essa razão resolvi assumir completamente minha cara-de-pau (como todo bom professor que se preze) e gravei áudios lendo alguns de meus textos e lendo algumas palavras que me são caras.

Além da leitura desses textos também postei algumas músicas que andam (ou que sempre andaram) fazendo minha cabeça. Algumas dessas canções possuem resenhas de seus respectivos álbuns, outras jamais terão.

E para começar este Podcast fiz um programa longo, homenageei algumas pessoas queridas (muitas outras serão homenageadas) e postei 5 canções. Não irei descrever a programação para manter a surpresa. Futuramente irei disponibilizar cada nova programação pela secção "Podcast".

E antes de mais nada peço desculpas por algumas cositas: 1) A discrepância entre o volume de minha voz e o volume das faixas; 2) O som de "batida de lábios" no microfone na primeira fala (porque meus lábios batiam no microfone enquanto eu falava = inexperiência do radialista); 3) O susto que vocês certamente terão ao ouvir a última faixa do programa (o volume está muito alto!); 4) Quaisquer outras coisas que eu tenha esquecido de mencionar.

De qualquer forma os senhores travarão contato com minha linda voz rouca de locutor de FM que só tem programas às 04:30 da manhã e também ouvirão todos os erros que um pobre poeta pode cometer quando tem um brinquedinho chamado microfone à sua frente.

Espero que gostem da novidade! E podem fazer seus comentários sobre a programação do Podcast nos posts da secção criada agora, como este que vocês acabaram de ler. Além de seus olhos e corações agora também quero os seus... ouvidos.

Sejam bem vindos!

Besos.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

OBSERVAÇÃO 2:

Acredito que o choro e as lágrimas sejam o reflexo de uma emoção, boa ou ruim, incontrolável ou efetivamente profunda. Agora por favor alguém me responda: POR QUÊ A JADE BARBOSA NÃO PARA DE CHORAR?!?!?!


SE NÃO AGUENTA A PRESSÃO DE SER UMA ATLETA PROFISSIONAL ENTÃO NÃO SEJA!!!

Iniciarei uma campanha: "Alguém faça a Jade Barbosa parar de chorar, cacete!".

Pior do que perder uma medalha ou não ganhar um título é ver alguém sem nenhum preparo emocional para representar qualquer país que seja. A cara de choro dela é a coisa mais chata das Olimpíadas, ô garota chata da porra! E não me venham com o papinho "vai lá e faz melhor". Não escolhi ser ginasta nem atleta, sou professor, sociólogo e tenho um monte de problemas, pressões e alunos chatos para aturar, e não fico com cara de bunda o dia inteiro (só às vezes). A garota chorou até quando chegou em Pequim! Assim não dá.

Desabafei... tô bem agora.


Besos.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Retalhos


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Satolep Sambatown - Vitor Ramil & Marcos Suzano

Universal (2007)



Alguns sobrenomes parecem perseguir quem os carregam. Que o digam os filhos de atletas e artistas famosos. O mais interessante é que no exemplo que irei utilizar nesta resenha, não há uma associação pelo sobrenome, e sim pelo "nome". Explicarei. Vitor Ramil é irmão mais novo da dupla Kleiton & Kledir (reparem que o nome do duo é sem o sobrenome). Irmãos que fizeram sucesso integrando o grupo Almondêgas, na década de 70, e já como dupla nos anos 1980. E estamos aqui repetindo a mesma coisa, usando as mesmas referências, associando sobrenomes com arte, mas isso tem seu motivo. A família Ramil, que é de Pelotas, tem um histórico artístico interessante na produção contemporânea do Rio Grande do Sul.

Vitor sempre procurou dissociar suas percepções e influências musicais do pop feito por seus irmãos mais velhos. Muito de sua obra é pautada por uma melancolia e uma tristeza, peculiares, e com um lirismo argumentativo sobre questões da existência, do cotidiano e das relações amorosas. Percebe-se também a busca, a princípio, por uma identidade e construção de uma estética especificamente sulista, o que se configurou no livro A Estética do Frio (sim, ele tem um livro). Há o apontamento para uma produção musical característica da região, que quase sempre foi subestimada pelo
mainstream da nossa música popular, ficando restrita ao Rio Grande do Sul, com avanços até o Paraná (circunscrito à região Sul) e um pouco em São Paulo.

E as influências se fazem presentes: as milongas da fronteira entre os países portenhos (principalmente com o Uruguai), a música tradicional gaúcha e seus acordeons e estórias, a verve urbana muito característica na música feita no Rio Grande, especificamente em Porto Alegre e adjacências. Todas essas influências melódicas se coadunam com um típico cancioneiro brasileiro, com letras que o aproximam com formas de criação de outros compositores contemporâneos a ele, como Paulinho Moska e Lenine.

E é justamente na citação ao compositor carioca (Moska) que se une o outro elemento de Satolep Sambatown: Marcos Suzano. Este percussionista carioca que iniciou sua carreira tocando samba e choro com o grande instrumentista Paulo Moura, se notabilizou por seu pandeiro que mais parece uma bateria. Uniu-se a Vitor para juntar a força das canções do compositor gaúcho com os "climas" criados pelo seu set inovador e diferenciado.

Através do álbum Móbile (1999), de Moska, Suzano tenta ultrapassar o tradicional arsenal de instrumentos da percussão feita até aquele momento. Passa a gravar batidas de seu grave pandeiro, de pratos e instrumentos para produzir um aumento das batidas por minuto, realizando assim um mix entre a música tocada e o "clima" da música eletrônica. Esse experimentalismo o fez lançar o álbum Flash (2000), que é muito mais um disco de ambiência sonora do que uma proposta focada em canções instrumentais com uma linguagem iconoclasta por faixa.

Satolep Sambatown é a união dessas duas vertentes e formas de sentir e realizar a música popular. O nome Satolep (significa Pelotas ao contrário) ó nome de uma faixa do álbum A Paixão De V Segundo Ele Próprio (1984). Já Sambatown é o título do primeiro álbum solo de Marcos Suzano, lançado em (1996, se não me engano).

E apesar dessas diferenças geográficas e musicais, Satolep Sambatown consegue uma unidade interessante. A aproximação das canções de Vitor a uma leitura mais pop, iniciada em Tambong (2000), seguiu seu percusso e culminou em um excelente repertório, recheado de lindas melodias e letras encharcadas de uma poesia lírica e cínica. O som de Suzano traz um frescor e uma jovialidade que parecem não fazer muito parte dos arranjos anteriores de Vitor (com exceções obviamente), além de algo que o gaúcho não parece ter muito: ginga.

Ah... parece que houve uma certa surpresa com o prêmio de melhor cantor no Prêmio Multishow que Vitor conseguiu pelo voto popular. Um jornal carioca (não lembro qual) soltou uma notinha meio maldosa falando com certo espanto do feito, mas não há espanto, Vitor é excelente cantor. Tive o prazer de vê-lo com Suzano aqui no Rio. Junto com o Moska, é um dos melhores intérpretes dos poucos homens cantores que temos em nossa MPB. E o prêmio pelo voto popular mostra que nosso "gosto" não fica só no óbvio, tem uma tal de internet propiciando novas possibilidades, fazendo as pessoas saírem do "mais do mesmo".

Livro aberto (Vitor Ramil) abre lindamente o disco, com sua letra falando da espera aflita por alguém e com uma cuíca de Suzano que persegue os ouvidos desde o início até o final da faixa. Invento (Vitor Ramil) parece trazer aos nossos olhos as imagens de Pelotas, com suas paixões e histórias do passado. Posteriormente temos, na minha humilde opinião, a faixa mais bela do álbum: Viajei (Vitor Ramil). A melodia deliciosa com um clima esvoaçante e um assobio fabuloso faz você realmente viajar. Me fez. Depois mais uma boa faixa com Que horas não são? (Vitor Ramil), com participação da cantora carioca Kátia B, canção esta com arranjo oriental/árabe totalmente pertinente e canto otimamente casado entre Vitor e Kátia. Depois temos a animadinha O copo e a tempestade (Vitor Ramil), somente com o pandeiro de Marcos Suzano.

A zero por hora (Vitor Ramil) conta com a participação do cantor e compositor hispano-uruguaio Jorge Drexler, e indica o interesse de Vitor pelas canções latinas (ausentes durantes muito anos em nossa produção musical e que parecem estar de volta, felizmente). A história de uma apaixonite e bebedeira em plena Rua Augusta (SP) é ótima, além da referência a Roberto Carlos e de ouvir pela primeira vez Drexler cantando (tentando) em português. 12 segundos de oscuridad (Vitor Ramil/Jorge Drexler) não avança muito em relação a parcerias já feitas pelo uruguaio com outros compositores brasileiros. A ilusão da casa (Vitor Ramil) é uma regravação desnecessária de uma faixa de Tambong, mas a canção é legal. Café da manhã-D’après Prévert (Vitor Ramil) é uma daquelas em que ironia e boa pegada no refrão faz uma canção ser muito bacana. Por fim temos um poema de Emily Dickinson musicado por Ramil, The word is dead (Vitor Ramil/Emily Dickinson), rapidinha mas gostosa (hum...), e para fechar temos Astronauta lírico (Vitor Ramil) com um lirismo (proposto no título) citadino como despedida, com pensamentos no céu.

Bom, como este blog é meuzinho e entre meus pitacos musicais e artísticos, em geral, tem muito das minhas referências e preferências, decidi criar na secção Acordes a(s) melhor(es) e a(s) pior(es) faixa(s). Isso não significa que o meu gosto define se aquela canção ou arranjo são ruins ou maravilhosos, mas aponta somente as faixas que se encaixam mais aos meus parâmetros sensoriais e afetivos. Então vamos ao começo (ou ao final?).

Melhor faixa: Viajei.
Pior faixa: 12 segundos de oscuridad.


Observação: Carla, minha senhora, diz que não gosta muito de Astronauta lírico e que gosta um pouco menos de 12 de oscuridad, e que o restante do álbum é bom pacas!


Quer saber um pouco mais do Vitor Ramil? Entra no site dele. O Marcos Suzano infelizmente ainda não tem homepage.


http://www.vitorramil.com.br/


Besos.

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Obvious Lounge: Palavras, Películas e Cidades

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Agora também estamos no incrível espaço de cultura colaborativa que é a Obvious. Lá faremos nossas digressões sobre literatura, cinema e a vida nas cidades. Ficaram curiosos? É só clicar na imagem e vocês irão direto para lá!

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O autor

Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.

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O email do blog: vinicius.fsilva@gmail.com

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