sexta-feira, 31 de julho de 2015
RELIGIÃO
neurose
quinta-feira, 23 de julho de 2015
Cama vazia / Água e fogo / Território, por Helenia Martinez
Cama vazia
Se tudo passa tudo se inicia
Guerra, cama vazia
O mundo anda tão ocupado
Preocupado e cansado
Com medo do fim
Medo da estrela
Do gelo tão frio
Quando corações
Não existem mais emoções
Nem razões de sobrevivência
A futilidade está dando audiência
A musica não é mais arte
Nem mesmo sei o motivo
De tudo isso
Por qual razão chorar sem emoção
O mundo anda cada vez mais quente
E as pessoas mais frias
O mundo anda tão frio
E as pessoas mais vazias
Será que alguém tem ao menos
Uma breve explicação
O amor virou comércio
Sem garantia de duração
Codinome extração
De tudo o que temos
O que temos então?
Viva o futebol!
A morte virou apenas
Falta de sorte
Uma falta “normal”
De saúde pública?
Ou Homeopatia...
Água e fogo
Você queima
E eu afogo
Mas nós dois matamos
E morremos de amor
Cada passo descompasso
Meu coração parece
Que abrigou um tambor
Eu te afogo
Você me esquenta até me evaporar
Eu refresco e mato a cede
Você queima e incendeia
Somos opostos
Você é um elemento quente
O despertar do calor
Eu sou fresca
Nasci em uma pequena nascente
E você me evaporou
Mas eu renasci como chuva
E te apaguei
Você renasceu em um fósforo
Ciclo vicioso...
Somos amantes somos inimigos
Somos apenas diferentes elementos
Causamos diferentes brilhos
Caro fogo amigo.
Território
A inercia dessa cidade
Me enlouquece
Não sai do lugar
Esse estranho lugar
Onde nada há
Me perco pensando
Às duas
E um estranho silêncio
Cala casas e ruas
Então penso
Imagino
Como se pensado
Eu pudesse
Fazer falar o mundo
Quero fugir desse lugar
Afogado na falta de progresso
Parado, chato e velho.
Que tédio, é sempre tudo igual
E a maioria das vezes, nada legal
Nada cultural
Quando não é um marasmo sufocante
Está tocando funk.
À noite, frio
De dia, febre
Cada passo me deixa
Mais impaciente
E cada dia menos inocente
Cada dia aumenta o grau da lente
E o modelo do óculos
Fica mais caro
E o pouco que a cidade cresce
Fica tudo congestionado
Circulam carros e carros
Velhos, batidos, importados
E quebrados
O progresso real
Ficou enterrado em algum lugar
Do ingênuo passado.
Helenia Martinez é jovem, muito jovem. Moradora de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, seu sangue ferve e faz ebulição nas palavras que derrama. Sangue mestiço, forjado de hemácias italianas, brasileiras e africanas. E é do espanto da mistura, da aflição e da incompreensão deste mosaico de terra em que vivemos, que Helenia repousa sua jovem pena a rabiscar a poesia que lhe corre pelas veias e nervos. O futuro deveria estar agradecido por esta menina ser a poeta que irá ser. Evoé.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
terça-feira, 21 de julho de 2015
Oiticicando
MANEQUIM
O autor
Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.
O CULPADO OCUPANDO-SE DAS PALAVRAS
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