(in)contidos - O novo livro de Vinícius Fernandes da Silva do PSQC

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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

sonhando e acordado

A madrugada é meu playgroud de sonhos acordados e películas perfeitas.
É o jardim onde semeio minhas palavras.
Enquanto uns dormem eu assumo o controle de minhas letras e rimas.
Boa noite, pois agora irei viver em minha cidade solitária e feliz.
Bom sono, enquanto labuto no esmeril de prosas desconexas.
E ao acordar me verei sempre ao sol da realidade que não quero mais.
Durmo o dia para viver a noite.
Durmo e agora...

-Acorda! Ou você vai perder a hora do trabalho...


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terça-feira, 25 de novembro de 2008

O país da truculência

Hoje à tarde fui com minha namorada ao Banco Itaú de Mesquita/RJ, pagar o IPVA atrasado do carro que compramos. Banco cheio, como de costume, entramos na fila para pagamento na boca do caixa. Por incrível que pareça todos os "caixas" estavam funcionando, fato raro em nossos milionários bancos nacionais. A fila caminhava com uma relativa velocidade quando vimos e ouvimos um senhor na fila destinada para pessoas idosas bradar que não agüentava mais voltar ao banco e que queria que a atendente resolvesse algum provável problema com seu cartão.

O senhor estava visivelmente transtornado, gritava, falava que não iria esperar mais nada e que o problema teria que ser resolvido naquele exato momento. Sabemos quanto um banco pode tirar uma pessoa do sério, e ele realmente estava muito nervoso. Batia com as mão no vidro da atendente. Mas era um senhor. Um idoso.

Foi quando o segurança, de uma empresa terceirizada contratada pelo banco, foi intervir com o tal senhor dizendo que ele poderia até gritar, mas não poderia bater com as mãos no vidro. Até aí tudo bem. O senhor, então, ficou mais nervoso. Foi quando todos da fila, eu e minha namorada também, observamos que logo após à interpelação inicial, o segurança (?) meteu a mão no coldre de seu revólver e o retirou. Ele só não sacou efetivamente a arma e apontou para aquele senhor porque todos da fila gritaram e interviram contra seu ato, inclusive eu.

Pois bem... essa pessoa tem como registro e nome de profissão o termo "segurança". O que faz uma pessoa que tem posse de arma de fogo (quase) sacar sua arma para tentar acalmar um senhor nervoso, um idoso? Isso quer dizer que qualquer pessoa que fique nervosa ou que tente bater no vidro de um banco poderá ter uma arma apontada para sua cabeça? Não importando idade ou sexo? Esse tipo de profissional é chamado de "segurança". Porém ele não assegura a vida de ninguém dentro deste estabelecimento. Ele na verdade assegura a "vida" do dinheiro e do patrimônio do banco, ou de qualquer outra empresa que o contrate. Vidas? Pessoas? Existem muitas no mundo! Uma a mais, uma a menos... Isso não dá muito lucro, ainda mais a vida de um idoso, logo logo ele não mais poderá ser correntista do Banco Itaú, ou do Bradesco, do Real, do Banco do Brasil...

Enfim, o tal "segurança" foi afastado do epicentro e o assunto correu pela fila, que ainda permanecia para ser atendida. Foi quando um outro senhor que estava na fila, se proclamando policial (?), disse que o segurança estava certo, que ele estava protegendo sua... arma ?!?!?! Ora... um policial estava dentro do banco, na fila, e acha normal que em uma discussão banal de um senhor dentro de uma agência bancária uma arma seja sacada por um segurança? Sim, no Brasil sim. Provavelmente o homem da fila é um... policial militar. Ele portava uma pochete (argh) preta em seu colo. Vocês querem adivinhar o que tinha dentro deste lindo acessório? E com a mesma truculência com que o tal segurança quase "resolveu" a situação o tal policial também terminou a discussão com as pessoas na fila:

- É melhor parar o papo por aqui mesmo! Vai ser bom pra todo mundo!

Quando eu respondi:

- Sim, senhor policial, eu sou apenas um professor e não posso discutir com uma autoridade...


O acontecimento narrado acima ocorreu por volta de 16h do dia 25/11/2008, no

Banco Itaú -
Agência 6849 - Rua Emílio Guadagny, 1830 LJ.
Centro - 26553-161.
Mesquita-RJ.
Telefone: (21)3763-7480.
Fax: (21)3763-7484.

PEDIDO: Por favor, se estiverem nervosos ou com contas atrasadas, não freqüentem o Banco Itaú de Mesquita. Vocês podem ter uma arma apontada para suas cabeças.

Observação: Às vezes tenho muita vergonha de ser brasileiro.


Banco Itaú - Feito Para Você

morrer


sábado, 22 de novembro de 2008

Photográphicas - Factory Girl

Photográphicas é o convencimento de que imagens e fotografias, por muitas vezes, bastam em si. A força que algumas dessas imagens revelam acabam por comunicar todo o seu significado, sem necessitar intermediários, sem explicações. Obviamente que o PSQC tem um protagonista, é a Palavra. Para ser mais exato... são as Palavras os personagens principais deste blog. Então photográphicas é uma tentativa rasteira de dialogar palavra e imagem.

A arte da fotografia e o treinamento do olhar (técnica) causam uma paixão em quase todas as pessoas. Eu também sou um apaixonado por fotos. Só não sei tirá-las e não gosto de sair nas mesmas, mas gosto de seus enquadramentos, suas luzes e espontaneidades. Sorriso forçado não é comigo. Prefiro uma sisudez verdadeira. Portanto o PSQC se utilizará também de
sta arte, e por isso que crio esta secção e este post.

Mas informo que a maioria das fotos aqui utilizadas serão as fotos comuns, ordinárias, encontradas em qualquer pesquisa rápida no google, ou em alguma rara foto que posso ter tirado e que tenha uma beleza única. As fotos dos amigos e próximos também entram neste universo de apropriação por este que vos escreve. Porém não me interessa o ineditismo da imagem. Não sou jornalista. Não sou fotógrafo. Me interessa a força, a beleza e o que aquela imagem, aquele rosto ou forma informam para quem olha, a emoção que eles me causam. Essas fotografias se transformam aqui no PSQC em photográphicas!



Andy Warhol and Edie Sedgwick

Glamour?

She is died.
She was 28 years old when died
.
She was a beautiful woman.
He is died, too.
He was a big artist.
No, for me it's life simply.



Movie: Factory Girl
2006



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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

amendoins oleosos

Minha intelectualidade e alegria estão circunscritos
aos amendoins oleosos que descansam em pequenos
pedaços de papel para manusear em mesas quase sempre
sujas de comida escorrida de pratos quase sempre felizes e
olhos etílicos perdidos nas noites quentes dos bares de esquinas
de uma Lapa que parece persistir em cada canto de nosso abafado
jongueiro e sambístico território brasileiro.

(para Lucinha)


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terça-feira, 18 de novembro de 2008

CONVIDADOS

Este post é para abrir as portas do PSQC e incitá-los a participarem deste espaço virtual do qual tenho tanta paixão e orgulho. A idéia do convite e abertura aos convidados surgiu com a gravação de nosso programa de rádio. E de fato já contamos com algumas participações mais do que especiais no Palavras Sobre Qualquer Coisa: Humberto Assumpção, Álvaro Macedo Fernandes Silva, Carla Juliane Oliveira... E queremos muito mais!

Portanto este post é, para mais um vez convocá-los, a participarem deste humilde espaço internético. Mas de que forma? Enviem arquivos de áudio (formato mp3) com a leitura de textos do PSQC que mais gostem ou que odeiem (e que queiram deixar um pouco melhor), de textos de autores consagrados e que vocês amem, ou simplesmente os SEUS próprios textos e poemas que estão esquecidos na gaveta empoeirada da escrivaninha. O PSQC quer revelar esses "esquecidos". Além de não estarmos restritos às gravações em áudio (que podem ser feitos pelos microfones dos computadores dos senhores).

Podem também enviar textos, poemas, artigos e qualquer outra forma de manifestação artística, jornalística ou acadêmica. Obviamente que o material passará pelo meu crivo, mas exceptuando-se as baixarias e o mal gosto, tudo mais estará liberado neste espaço. Sou um crítico incrivelmente benevolente (uma puta velha), inclusive comigo mesmo, senão o próprio PSQC não existiria (risos contidos).

Então está combinado! Espero que após a postagem desta convocatória minha caixa de email esteja lotada dos mais diversos textos e arquivos. Mas calma, muita calma, não precisa enviar agora, pode escolher com calma... e dito tudo isto despeço-me carinhosamente de todos os amigos, leitores, conhecidos, desconhecidos e blogueiros em geral.

Lembrando-os mais uma vez que o email do blog é:



espirito_dacoisa@hotmail.com



Besos a todos.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

E a primavera chega!

E como prometido iremos detalhar nossos 2 programas de rádio já produzidos, o podcast do PSQC. E o título desta segunda aventura radiofônica se chama justamente "E a primavera chega!". Uma homenagem ao início desta época tão querida e aguardada de nosso clima tropical.

O programa de estréia de nosso podcast foi o "Abertura (Ago/08)".

E não se esqueçam, para ouvir as palavras sonoras do PSQC é só clicar o play do radinho azul logo abaixo do cabeçalho do blog. E para escolher o programa é só passar o mouse e clicar em "posts" do mesmo radinho.


Programação de "E A PRIMAVERA CHEGA!" (Outubro de 2008):

  • Canção de abertura "A história de Lily Braun" de Chico Buarque e Edu Lobo, interpretada por Gal Costa;
  • Abertura com o poema "Sereia", de Vinícius Silva e lido por Vinícius Silva;
  • Canção "Jeito de corpo" de Caetano Veloso e interpretada pelo próprio;
  • Abrindo a secção CONVIDADOS temos a leitura do poema "Apto" de Vinícius Silva, lindamente interpretado por Humberto Assumpção;
  • Canção "Get Together" (Madonna, Stuart Price, Anders Bagge e Peer Astrom), cantada por Madonna no álbum "Confessions on a Dance Floor" (2005);
  • A incrível participação de Álvaro Macedo Fernandes Silva (meu sobrinho-anjo) cantando comigo a canção "Se você jurar" (Nilton Bastos, Ismael Silva e Francisco Alves);
  • A mesma canção, "Se você jurar", na linda interpretação de João Bosco;
  • A convidada Carla Juliane de Lemos Oliveira lendo valsadamente o poema "A Valsa", de Casimiro de Abreu;
  • A canção "Rock With You" (Rod Temperton) magicamente interpretada por Michael Jackson;
  • Palavras de encerramento;
  • Canção "I've got you under my skin" (Cole Porter), magistralmente cantada pelo "blue eyes man" Frank Sinatra.


Programação de "ABERTURA (AGO/08)" (Agosto de 2008):

  • A leitura do poema "Apto" de Vinícius Silva por Vinícius Silva;
  • A canção "Mulher sem razão" (Cazuza, Dé e Bebel Gilberto) interpretada por Adriana Calcanhotto;
  • Leitura de "A guarda do anjo" de Vinícius Silva por Vinícius Silva;
  • Canção "Viajei" de Vitor Ramil, interpretada pelo mesmo e Marcos Suzano;
  • Leitura do texto "merda!" de Lúcia Helena Ramos, por Vinícius Silva;
  • Canção em homenagem a Lucinha, "Hollywood" (Enriquez, Bardotti e Chico Buarque) alegremente interpretada pelo Los Hermanos;
  • Leitura do poema " Japonerías De Estío" de Vicente Huidobro, por Vinícius Silva;
  • Canção "Piel Canela" (Bobby Capó), clássico do cancioneiro cubano, modernamente interpretada por Natalia (Lafourcade) y La Forquetina;
  • Encerramento;
  • Canção "Obsessão" (Milton de Oliveira e Mirabeau/irmãos Vitale), obsessivamente interpretada pela Orquestra Imperial.

Besos.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Sou (Nós) - Marcelo Camelo

Zé Pereira (2008)

Distribuição: Sony&BMG


É difícil analisar uma obra encerrada em si mesma, assim como um sepulcro encalacrado. E digo isso porque o álbum que iremos resenhar neste momento é de um artista que tem como uma de suas características principais um hermetismo poético e, porque não dizer, psicológico. Fechadura esta que pode se apresentar conscientemente ou não, mas que não importa para quem quer simplesmente sentir, e não ficar analisando as coisas por simplesmente... analisar.

Para quem conhece as canções compostas por Marcelo Camelo pelo Los Hermanos poderá identificar elementos e tendências que se unem em um processo musical que se inicia com o primeiro cd do grupo, Los Hermanos, de 1999. Não irei aqui retratar e esmiuçar toda a obra dos hermanitos, mas as referências encontradas nas poesias e melodias de Camelo aparecem e ressaltam aos ouvidos dos apreciadores deste cantor/compositor, agora em carreira solo, desde seu primeiro trabalho com a referida banda.

E esses elementos parecem ter se amalgamado e tido seu auge e magnitude justamente no último álbum da banda carioca. "4" (último cd lançado pelo Los Hermanos) revela um distanciamento cada vez maior das canções escritas por Camelo em relação a seu parceiro de banda (e não de composições) Rodrigo Amarante. Acredito que uma das novidades mais bacanas trazida pelo Los Hermanos era justamente o contraponto musical de poder ouvir, com qualidade, estilos e formas de ver o mundo, e cantá-lo, com estéticas tão diferentes e distintas. Sempre (?) achei que houvesse uma complementaridade entre o jeito gutural, sarcástico, irônico, divertido e triste de Amarante e a melancolia, os sussurros, a timidez, a solidão, os coros e o, também, lado triste de Camelo.

Só que em "4" esta distância se faz maior e mais presente, e talvez por esse motivo os fãs da banda tenham estranhado tanto o ca
minho estético pela qual o conjunto se apresentava naquele momento. Hoje, ouvindo Sou, podemos perceber que aquele estranhamento também era vivido e explicitado pelos integrantes da banda, e principalmente por Marcelo Camelo. A necessidade de se colocar como um compositor que não fosse obrigado a se adequar à complementaridade esperada pela trajetória e pela expectativas de seu público, já bastante específico e quase fanático, gerou uma ruptura de fato, alegada pelo cansaço mas também demonstrada como uma libertação artística. Só que nenhuma libertação é total. Camelo sabe disso e tenta dar um passo adiante, sem esquecer de olhar para trás.
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Em Sou podemos identificar os temas recorrentes nas canções do cantor/compositor. A solidão, percebida como o estar só no meio da multidão e como esta presença em si pode ser combustível para a reflexão de como tentar se adequar da melhor forma possível ao "nós", torna-se a grande figura poética do álbum. Outros elementos conhecidos estão lá: os sussurros, os silêncios, pausas, coros, sambas, letras mais simbólicas (iniciadas em "4" ), Deus, tristeza, solidão, solidão, solidão e alguma alegria.

O álbum tem como banda base o grupo paulistano Hurtmold, mais conhecido pelo público "cool" de Sampa, e reconhecido em sua tentativa na busca de uma nuance diversificada na música instrumental, pelos climas e interessantes texturas criadas por seus integrantes. Sou* abre com Téo e a Gaivota dizendo ao que o álbum veio. Melodia com clima de mar, guitarra com timbre havaiano, pausas e ondas permeando, mistura de canção instrumental com letra curtinha, lírica e sussurrada com a voz pequena de Camelo. Pausa. Falso fim. Recomeço. E fim. É o compositor mostrando o que vem de diferente. Os longos arranjos instrumentais são fundamentais no "novo" Camelo. Tudo Passa começa com um baixo nervoso hurtmoldiano, tem percussão, e vai até sua metade falando de relações, ódio e amor e depois... vira uma semi-marcha com a letra dizendo "tudo passaaaaaa", com a voz reverberada, vibrafone e belo solo de flughorn. Passeando t
em um lirismo e um fatalismo que podem ser comparados com O pouco que sobrou (Ventura), voz e violão, este muito bem interpretado por Camelo, letra miúda que atesta "E lá vai Deus sem... sequer saber de nós. Saibamos pois, estamos sós".

Doce Solidão talvez seja a mais radiofônica do álbum, e é. Já que está como música de trabalho nas rádios FM de MPB, que são poucas. Assobio, melodia gostosa, levada bossa com uma percussão de jangadas ao mar, do jeito Caymmi que Marcelo gosta, é o mar de novo em uma roupagem pop e um pouco mais suingada. Uma delícia de se ouvir. Já ao seu final temos um belo piano pra fechar a bela canção. Janta é a parceria com Mallu Magalhães.

[Janela reflexiva sobre Mallu Magalhães - Muito se fala dessa menina, fenômeno musical percebido e catapultado pela internet, talvez o grande fenêmeno brasileiro lançado por este "novo" meio. Muito se falou sobre ela, eu falarei um pouco menos. O que percebo: ela é uma menina de 16 anos (começou com 15); inteligente; rica (sim, ela é rica, e... foda-se isso); sabe usar a
mídia; escutou coisas legais; soube reunir as influências e criou algo inusitado. Melodias simples, harmonias interessantes, canta desafinada mas encaixa bem a voz em suas composições, letras espertas e em inglês. Demonstra suas influências claramente, que são: Bob Dylan, o cancioneiro americano baseado no folk-rock-pop e músicas contemporâneas que bebem também das influências citadas logo atrás. Não conseguiu me emocionar. Talvez seja minha implicância com os artistas brasileiros que compõem em inglês. Espero coisas boas dela em um futuro próximo, mas hoje, ainda não consegui curtir, assim como não curto CSS e outras cositas más, paciência...].

Voltando... Janta é a parceria com Mallu Magalhães. Dois violões, um de aço, tocado por Mallu, e um de nylon, tocado por Camelo. Marcelo canta em português. Magalhães canta em inglês. Eles invertem os versos e cantam juntos no final. E só. Acredito que chegamos agora ao ponto alto do álbum, Mais Tarde é deliciosa melodia com introdução com rifs de guitarra e teclados, com começo da letra mais lento e bum... vai crescendo, crescendo. A bateria com uma levada de apelo pegajoso e a letra mais do que deliciosa. Lembra os bons tempos de Hermanos. A união melodia e arranjo é soberba, ótima. A libertação do compositor vai se mostrando com o afoxé Menina Bordada, com bom refrão e os inseparavéis coros que Camelo tanto gosta. Percussão e cozinha bem azeitadas, teclados fazendo um acompanhamento leve
e bonito. Liberdade vem em parceria com Dominguinhos, violão e sanfona, lindo o casado arranjo entre os instrumentos, letra sonhodora, só, com uma fé e melancolia que buscam e tentam a liberdade. Essa canção fez parte da trilha sonora do bom filme brasileiro O Passageiro - Segredos de Adulto, visto por bem poucos, eu vi, e gostei.


Saudade carrega mais uma vez o violão solo e bem tocado de Marcelo. Triste. Sussurrada. Quase inaudível. Introdução longa, letra que retrata a já tão comentada solidão. E esta é trazida e traduzida talvez pela mais bela e exclusiva palavra de nossa língua: saudade. Santa Chuva talvez seja a canção mais conhecida do novo álbum, pois já foi muito cantada e tocada na voz de Maria Rita. Camelo canta em um tom mais baixo que a cantora paulista, e isso é quase que óbvio, mas proporciona um lindo arranjo de cordas que passeia por quase toda a canção e dialoga com seu violão. Particularmente acredito que a versão da paulistana ainda é superior, questão de gosto. Copacabana é uma marchinha sensacional que pode até nos remeter à fusão rock-marchinhas do primeiro disco, mas essa é marchinha mesmo, na melhor acepção do termo e de seu diminutivo. Ganharia fácil o concurso de marchinhas da Fundição Progresso. Letra que fala do famoso bairro carioca. O coro está aqui de novo, arranjo de metais que só aparecem com força e altura nesta faixa. Dizem que Camelo se parece com Chico, o Buarque. Não acho. Mas se essa comparação tem procedência talvez possa se dar nesta faixa. Então... ponto para Camelo. Esta canção é o segundo grande momento do álbum. Temos agora a latina Vida Doce, cantada quase em falsete, levada caribenha com quebra na parte final da música, gostosa e piano a la João Donato, guitarra com o mesmo timbre de mar, com levadas apimentadas, teclados e percussão bem marcados em uma salsa com a negritude brasileira.

Por fim temos encerrando Sou as canções Saudade e Passeando, nas versões instrumentais ao piano de Clara Sverner, influência declarada por Camelo. A obra de Chiquinha Gonzaga e Guiomar Novais esteve muito presente nos ouvidos do compositor pelos dedos da já citada pianista.

Marcelo Camelo estréia bem em seu primeiro álbum solo. Li que o álbum foi gravado faixa a faixa, com os instrumentos tocados ao mesmo tempo e em takes únicos. Às vezes é difícil ouvir a voz de Marcelo. Isso pode se dar por várias razões, algumas delas: a voz de Camelo é muito pequena e imagino como ele irá fazer com sua extensão em shows ao vivo (isso já era um problema com o Los Hermanos), algumas faixas parecem estar mal mixadas, em Janta a voz de Marcelo e Mallu parecem estar "estouradas", perdemos o entendimento de algumas palavras. Os sussurros de Marcelo também nos impedem de compreender algumas letras. Talvez isso esteja na proposta dele, mas também pode afastar muitos dos novos ouvintes.

Sou muito provavelmente agradará os fãs da antiga (?) banda de Camelo. Mas quem gostava da versão mais rock dos Hermanos talvez não se aproxime muito deste trabalho solo, assim como aconteceu com o álbum mais criticado da banda após sua consolidação no cenário musical nacional, o "4". Talvez estejam esperando o Little Joy, do Amarante. Sou aproxima Camelo da MPB (termo esse que entendemos como um estilo musical, e não mais como música-popular-brasileira) e não há mal nenhum nisso. Provavelmente trará novos ouvintes para o cantor/compositor. O que é muito bem vindo.

Melhor faixa: Mais Tarde.
Pior faixa: Janta.

* Não tive acesso à ficha técnica do álbum. Por isso não escrevi a autoria ao lado dos títulos das faixas como de costume. Acredito que todas as composições sejam de Marcelo Camelo, com poucas parcerias, como por exemplo em Janta. Quando tiver certeza dessas composições, modifico o post.

Observação: Esta resenha é dedicada a Felipe Provençano.

http://www.myspace.com/marcelocamelo


http://www.hurtmold.com/

"Mais Tarde" - Marcelo Camelo, Marina da Glória/TIM Festival, 25.OUT/ YOUTUBE

Besos.

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terça-feira, 11 de novembro de 2008

Quixotando

Porra! A gente sempre pensa fazer o melhor. O melhor poema, o melhor texto, a melhor frase, a melhor piada, a melhor trepada, o melhor blog...

É, mas às vezes não tem jeito, temos que nos render. Juro que de vez em quando tento escrever sobre música, cinema, livros e outras cositas más, porém o PSQC é um blog que existe para poesia e pela literatura. E por essas andanças internéticas encontrei um blog sensacional sobre cinema, muito, mas muito bacana mesmo. Juro que morri de inveja e que irei tentar fazer do PSQC um blog cada vez mais legal. Este incrível blog sobre cinema se chama:

QUIXOTANDO

E seu link já está disponível aqui no PSQC. É só clicar em QUIXOTANDO logo acima ou lá na secção "Não saio de casa sem fuxicar em...".

Não percam!

Besos.

Obvious Lounge: Palavras, Películas e Cidades

Obvious Lounge: Palavras, Películas e Cidades
Agora também estamos no incrível espaço de cultura colaborativa que é a Obvious. Lá faremos nossas digressões sobre literatura, cinema e a vida nas cidades. Ficaram curiosos? É só clicar na imagem e vocês irão direto para lá!

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Palavras Sobre Qualquer Coisa - O livro!

Palavras Sobre Qualquer Coisa - O livro!
Para efetuar a compra do livro no site da Multifoco, é só clicar na imagem! Ou para comprar comigo, com uma linda dedicatória, é só me escrever um email, que está aqui no blog. Besos.

O autor

Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.

O CULPADO OCUPANDO-SE DAS PALAVRAS

Contato

O email do blog: vinicius.fsilva@gmail.com

O PASSADO TAMBÉM MERECE SER (RE)LIDO

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