Canso-me da superficialidade. Lembro de um antigo e chato colega mais velho de licenciatura. Ele dizia: “- A juventude passa e perpassa por um processo de adolescentilização”. A princípio trupiquei-me com o referido comentário, depois refleti. Era verdade. Nos ressentimos da seriedade, não da seriedade boba e burra dos velhos antigos antiquados, mas sim da seriedade da vida e das coisas. Paro e penso nos programas vespertinos da tv, nas micaretas, nos bailes funk tão freqüentados por nós jovens. Nada contra o gosto alheio, o meu também é terrível. Penso no que deixamos de ler, ver e ouvir: Pessoa. Drummond. Bandeira. Quintana. Picasso. Van Gogh. Gaudi. Mozart. Pixinguinha. Buarque.
Tantos, tantos.
Lembro então da minha infância (pós 79) e das minhas noites dormidas juntinho com a televisão. Fascinado. Lembro das musiquinhas sofríveis da década de 80 e que eu tanto adorava. E vejo que não dá mais para fugir disto, somos o misto do popular, com um quê de popularesco, e de um mínimo de erudição, erudição buscada com ardor e dificuldade, com quase sofreguidão. Vejo existências tentando lutar para concentrarem, mesmo que num mínimo, alguns conhecimentos deste longo mundo. E vejo almas vivendo somente para responder aos estímulos dessa difícil vida, matrixiando seus corpos e mentes. Como eu queria ser uma dessas almas. Porém vivo angustiosamente na minha eterna superficialidade profunda.
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