(in)contidos - O novo livro de Vinícius Fernandes da Silva do PSQC

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terça-feira, 15 de janeiro de 2008



"Estorvo" - Chico Buarque
Companhia Das Letras - 2006


"Estorvo" é quase um delírio. Um tempo fora, ou dentro. Não se pode ou se deve esperar um objetivo final neste romance. A narrativa e o estilo propostos pelo autor parecem convergir com a linha tênue que conduz a história para um hermetismo de tempo, um tempo próprio, um tempo turvo e que só pode ser completamente entendido na mente do personagem principal. O livro, a principio, mantém o leitor distante desta forma própria de tempo. Depois se acostuma...

Não lembro do nome do protagonista, o protagonista não possui nome, não importa de maneira alguma se ele tem um nome ou não. O que parece importar, somente, é que sua vida presente, "presente" este entendido somente como meio para se chegar a um futuro minimamente feliz, não existe, portanto, não há razão para ter metas, objetivos, desejos, vontades. Somente se sobrevive. E nesta água salobra a narrativa mistura as conjugações dos verbos entre presente, passado e futuro de presente, onde o personagem principal ante-vê os acontecimentos, como se seu delírio carregasse tons quase premonitórios de seu próprio destino. Este recurso narrativo é o mais utilizado no percorrer do livro.

Lembrem-se de que estamos falando de Chico Buarque, e em muitas partes do romance podemos perceber que os pensamentos e falas se parecem com letras de músicas de... Chico Buarque, e realmente são. Existem fragmentos soltos de algumas canções de Chico pelo texto. Também chama a atenção que os momentos de alguma felicidade do personagem estão concentrados no passado, e este vem a tona sempre a salpicar e demonstrar que o presente e o futuro são muito piores do que o passado que já foi e nunca mais será.

E isto ocorre em um Rio de Janeiro atual, contemporâneo, violento, na zona sul, na serra, em subúrbios. A embriagez de sentidos do personagem perpassa essas imagens do Rio, sem defini-las nem nomeá-las, apenas sabemos que estão lá, talvez isso seja mais simples de perceber para quem seja ou viva na cidade.

Este romance deve ser lido não com a procura de um sentido final, ou na busca de um enredo conclusivo, apesar de haver, sim, um desfecho, e que segura o leitor medianamente, para depois dar fim à confusão de lembranças. "Estorvo" deve ser entendido como uma unidade entre narrativa, forma, enredo, imagens, música, isso tudo fundido em uma proposta bem elaborada pelo autor, mas que não sabemos se necessariamente irá satisfazer os leitores. Este tempo fora do tempo pode simplesmente permanecer com o protagonista, ou mais provavelmente com o autor da obra.


Creative Commons License

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Licença Creative Commons.

5 comentários:

Ju disse...

Só vi o filme. Lembro de ter ido sozinha e de ter saído baqueada no cinema. Soco no estômago total, mal estar, angústia... ADORO, hahaha.
Já viu Amor Nos Tempos do Cólera???
Vi hj... tá valendo, acho que nem é assim um filmaaaaaaaaaço, mas pro meu momento, sei lá, fez mto sentido...
Vc sumiu do meu blog =(
O seu bomba, cheio de comentários, o meu é caído...

Ju disse...

Vini, sei que vc tem umsa DVDoteca incrivel, lala, mas vc viu "A Vida dos Outros"???
CAra, larga esse teclado e vai correndo ver, é o filme mais sensacional que vi nos ultimos tempos.

Eu cá ando cabisbaixa, muito mal mesmo... Nem tenho forças pra escrever sobre o filme que tanto amei... Só pari um poema horrivel mesmo, que exprime um pouco da minha dor.... Ai vini, só queria que isso passasse...

palavras sobre qualquer coisa disse...

Ju, sei que você não leu o livro, o "Estorvo", mas viu o filme, e eu li o livro mas não vi o filme.

Então vamos fazer o seguinte: Se o filme foi bom para você (e acho que um bom filme baseado em uma obra literária deve seguir fiel pelo menos à atmosfera proposta), gostaria saber se a minha crítica se aproxima do que foi o filme, e se ela te satisfez como expectadora e futura leitora do romance.

Já que, pelo visto, somente você leu este livro dentre os amigos visitantes do blog....

Espero ansioso suas considerações.

Besos.

Anônimo disse...

Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu

Mirela das Neves disse...

Vi que a foto publicada no post tem como data o ano de 2006, porém essa informação pode confundir, já que a 1ª reimpressão é do ano de 1991, sendo desta data o livro que possuo.
Adorei a resenha.
Parabéns!
=]

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O autor

Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.

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