Dr. La Kan, de um Cantão qualquer, escopia profundamente perante o seu cachimbo peculiar. Súbito, descompassado, exclama: "Saussure n'est pas une pipe!"
Pano rápido!
Um cachimbo é um cachimbo, que é um cachimbo, que é um cachimbo. Magritte.
Ao fundo, na mesma ruína, de uma cidade esvaecida, um Políbio ou Tibúrcio contempla triunfante a paisagem desolada. Está ali há mais tempo, quiçá dos tempos da Roma Imperial, petrificado, estátua do tempo. Desdenha o pracinha e o seu emblema. Séculos os separam em razão de poucos metros.
Hoje, a estátua ainda está lá, compondo a cidade-museu. O pracinha é apenas fantasma de si mesmo.
As coisas são mesmo assim, em preto e branco. Poucos percebem nuances. Elas mostram o fim.
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Exercício proposto sobre a observação da tela de René Magritte - "Ceci n'est pas une pipe" (Isto não é um cachimbo) e da foto de Jewgeni Chaldej sobre o hasteamento da bandeira da URSS na Berlim arrasada em 2 de Maio de 1945. Trabalho realizado para a disciplina Seminário de Tese, do curso de doutoramento em Planejamento Urbano e Regional do Instituto de Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro - IPPUR/UFRJ.
Reginaldo Luiz Cardoso é psicólogo e mestre em ciência política. Também é um aluno brilhante e excelente colega de turma, recomendo sua companhia e sempre profícuo papo.
Um comentário:
Infeliz Jung ao fixar o significante ao significado - Arquétipos (Mater Prima, e.g.). Afinal de contas, um significante possui vários significados. Até que ponto Saussure e Strauss foram tão inexoráveis em suas interpretações? Um cachimbo, como implica Magritte, ou seus chapéus-cocos, caracteriza o amor surrealista aos paradoxos visuais. Que tal "A noiva despida pelos seus celibatários" com o "Peri" de Reginaldo? Uma suruba perspectivista, não?
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