(in)contidos - O novo livro de Vinícius Fernandes da Silva do PSQC

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quarta-feira, 15 de abril de 2009

Pandemonium / Efêmero



Pandemonium


PorraPorradaPandeiroPutaPeitinho
PegueiPoucoPazParaPoderPoder
PoxaPorPancadaPerfeita
ParaPM!
PutapePariu.




Efêmero: Olhar a Lagoa.
Ficar entre amigos.
Comer kibe cru.
Ficar com frio.
Cantar meninas.
Não. Acho que não...sim?
É. É felicidade.



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terça-feira, 14 de abril de 2009

Ceci n' est pas une pipe - Um exercício, por Reginaldo Luiz Cardoso



I





"Ceci n' est pas une pipe". Uma tela da tela da tela. Representação da palavra ou representação da coisa? Mas e a palavra na coisa? Um cachimbo marrom em um fundo marrom. Um cachimbo azul em um fundo azul. Um cachimbo amarelo em uma moldura amarela de fundo negro. Justaposições, simulacros. Metáforas desconectadas bailam acima das nossas imaginações. O que é significante ou significado?
Ceci e Peri? Peri afirmando a verdade de Ceci?
Dr. La Kan, de um Cantão qualquer, escopia profundamente perante o seu cachimbo peculiar. Súbito, descompassado, exclama: "Saussure n'est pas une pipe!"
Pano rápido!
Um cachimbo é um cachimbo, que é um cachimbo, que é um cachimbo. Magritte.



II




A foto nos diz muito sobre o que a história tem de ruínas. Ou de como podemos nos apoiar no triunfo sobre as ruínas. Um pracinha, equilibrando-se no alto de uma ruína lança dados sobre o futuro. "Aqui está o devir!".
Ao fundo, na mesma ruína, de uma cidade esvaecida, um Políbio ou Tibúrcio contempla triunfante a paisagem desolada. Está ali há mais tempo, quiçá dos tempos da Roma Imperial, petrificado, estátua do tempo. Desdenha o pracinha e o seu emblema. Séculos os separam em razão de poucos metros.
Hoje, a estátua ainda está lá, compondo a cidade-museu. O pracinha é apenas fantasma de si mesmo.
As coisas são mesmo assim, em preto e branco. Poucos percebem nuances. Elas mostram o fim.


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Exercício proposto sobre a observação da tela de René Magritte - "Ceci n'est pas une pipe" (Isto não é um cachimbo) e da foto de
Jewgeni Chaldej sobre o hasteamento da bandeira da URSS na Berlim arrasada em 2 de Maio de 1945. Trabalho realizado para a disciplina Seminário de Tese, do curso de doutoramento em Planejamento Urbano e Regional do Instituto de Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro - IPPUR/UFRJ.

Reginaldo Luiz Cardoso é psicólogo e mestre em ciência política. Também é um aluno brilhante e excelente colega de turma, recomendo sua companhia e sempre profícuo papo.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Music Sessions 1 - O novo podcast do PSQC!



Se você está de bobeira em frente ao seu cp, fazendo aquele trabalho chato e cansado de escutar as mesmas playlists de sempre, prestem atenção nesta oportunidade. Por quê não ouvir poesia e música conjugados em um só programa.

Então seus problemas se-acabaram-se!!! O PSQC, seu blog de poesia, notícias e bobagens acaba de lançar seu terceiro e inovador programa de rádio. O inenarrável: "Music Sessions 1". Depois de ouví-lo sua vida nunca mais será a mesma. Ressaltando que não cobrimos despesas médicas.


Não percam nossa nova programação em áudio e não esqueçam de deixar seus comentários. Para ouvir o Music Sessions 1 é só clicar no radinho azul que fica lá pertinho do cabeçalho do blog. Tem um triângulo azul-marinho também conhecido como play. Tenho certeza que suas vidas jamais serão as mesmas depois de ouvirem a linda voz rouca deste poeta que vos escreve.

E como o Palavras Sobre Qualquer Coisa já recebeu vários comentários elogiosos e também destrutivos de diversas personalidades e variados famosos, abrimos espaço para as pessoas do povo poderem se manifestar. Leremos, então, os comentários de alguns populares (que quiseram permanecer anônimos) sobre nosso incrível blog poético. Vamos a eles:


Mulher que apanhou do marido: "Meu marido chegou em casa e me pegou ouvindo esse tal de Palavras Sobre Qualquer Coisa. Tomei uma surra! Nunca mais vou escutar essas porcarias da internet".

Homem que bateu na esposa: "Chego em casa cansado, depois de um dia inteiro de trabalho cheio de exaustividade e vejo minha mulé ouvindo obscenidades pelo cumputador. Num me aguentei e porrei ela".

Delegada que prendeu o marido que bateu na esposa: "Este indivíduo-meliante foi preso em flagrante de acordo com a Lei Maria da Penha por agressão contra sua companheira e com um agravante: impediu sua referida senhora de ler e ouvir o maravilhoso blog de poemas lindíssimos, o Palavras Sobre Qualquer Coisa. O caso indica que é coisa de 20 anos ou mais de retenção. E tenho dito".


Besos.

terça-feira, 7 de abril de 2009

E A NECESSIDADE BÁSICA DA SOLIDÃO



A solidão tem seu fundamento básico, hoje foi possível verificar essa proeza. É quando você fica preso a um sofá ouvindo horas de soul music, e se pega a refletir sua vida nesses escassos minutos. A solidão é necessária. Não pelo seu melancolismo depressivo, mas pela vontade de ter o que não temos, e ser o que não somos.

Então toda a minha busca pela companhia pode ter sido em vão. Quem quer uma companheira perfeita se pode imaginar um perfeito passeio pela Lagoa, ouvindo Jobim cantando "Lígia". Quem precisa de uma amada se você pode tê-la coladinho, ao seu lado todo o tempo, ou amando-a em uma praia perfeita na Ilha Grande... apenas sonhos infantis.

A solidão é perfeita, perfeita não, é uma geradora de sonhos possíveis, alcançáveis pelos dedos, uma pseudo-realidade da beleza, onde os “-is” já têm seus pingos, e todos os amores são louras e lindas, morenas e inteligentes, negras e interessantes.

Então para que a busca? A busca é só um chamariz de vida, para quem não se preocupa em ficar rico (como eu), e ter uma vida a dois, linda, com seus filhos pródigos. É o produto melhor que a solidão pode nos dar. Por isso existem tantos “sós”.

Eu sou só pela conjectura, talvez nunca seja um “junto” mesmo.

A solidão é charmosa, sempre combustível para reflexões, belos textos, poemas de dor e amor, e então para quê dividir essas idéias fantásticas com alguém? Para quê dividir sua alegria e sua tristeza? Compartilhar é coisa dos fracos.

O mundo perfeito com flores dentro do gramado verde existe! O quê uma sessão de música não faz? É só entrar pela porta da frente e sonhar.

Agora a pergunta é: "Como será o outro lado?" É como a esquerda e a direita, ou como o Velho e Getúlio? Você nuca quer entrar no outro lado, sempre com seus radicalismos verdadeiros e cheios de verdade, redundância necessária.

E aí observa-se que na história sempre alguém se troca, compartilha no amor ou na guerra, verdadeiramente ou por necessidade. Entre os dois (ou muitos) lados tornam-se importantes as descobertas de amor imperfeito e promiscuo. A empáfia do totalitarismo é reprovada empiricamente. Todos os autoritários têm na solidão seus destinos. Então descobrimos a outra função da solidão:

Casa para os iniciantes, prisão para os derrotados.

Desbravar é a palavra chave, o medo é o freio da alma, mas é mais freio das ações. A solidão é necessária, o indivíduo precisa dela para se ver como pensante e vivente. Que as solidões se juntem para uma reflexão coletiva e desbravadora. Mas que não se sintam obrigados a ceder suas convicções, sejam elas pessoais, políticas ou religiosas. Liberem o orgulho em troca de poder ouvir, tranqüilamente, Marvin Gaye no sofá. E, tomara, que possam um dia fazer isso sem ter que tropeçar em alguém faminto na calçada ao abrirem a porta de casa no dia seguinte.

Sejam sós, mas também sejam “nós”.

Mas afinal de contas, acho que estou precisando de uma namorada.


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sexta-feira, 3 de abril de 2009

Ministra inaugura programa para reeducar agressores em Nova Iguaçu


Ministra inaugura programa
para reeducar agressores em Nova Iguaçu


Diego Valdevino
diegovaldevino@jornalhoje.inf.br
Fotos: Glória Nunes

A ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), esteve ontem pela manhã em Nova Iguaçu, no auditório do Ministério Público da cidade para o lançamento oficial de um programa pioneiro: o Serviço de Educação e Responsabilização para Homens Autores de Violência Doméstica Contra a Mulher (SerH). Criado pela Prefeitura de Nova Iguaçu, o Serh é uma proposta de reeducar homens condenados pela Justiça por agressão à mulher, como exige a Lei Maria da Penha.

Segundo essa lei, além de aplicar a pena ao agressor, o juiz deve encaminhá-lo para esse tipo de atendimento, que visa a mudar seu comportamento. Por isso, todos os municípios deverão implantar programa semelhante. Criado pela equipe do secretário municipal Luiz Eduardo Soares, o SerH iniciou o serviço de reeducação em caráter experimental no fim do ano passado, possibilitando os ajustes finais na metodologia.

“Em 2004, o Lindberg traçou metas para o município e a questão da violência contra a mulher o preocupou. O atendimento aos homens agressores deve existir para que eles possam se reabilitar. Essa lei Maria da Penha foi criada por nós mulheres e a reeducação dos homens é muito importante. Em Nova Iguaçu foram encaminhados 150 homens para o SerH. Os homens e as mulheres devem ter seus direitos iguais. Infelizmente muitas mulheres ainda acham que o poder público não deve se ocupar ao cuidar dos homens agressores. Temos que conscientizar esses homens que a violência contra a mulher é um crime”, disse a ministra Nilcéia Freire.

O projeto está sendo aplicado através de parcerias com o Juizado Especial da Violência Doméstica Contra a Mulher e a Central de Penas e Medidas Alternativas (CPMA) da cidade, além do Instituto de Estudos da Religião (Iser), que gerencia as verbas.

Durante o evento estiveram presentes diversas autoridades, entre eles, do juiz titular do Juizado Especial de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Nova Iguaçu, Octavio Chagas, da vice-prefeita de Nova Iguaçu, Sheila Gama, do subsecretário geral da ONU e diretor executivo do Programa da UNI/AIDS, Michel Sidibé, da secretária geral auxiliar da ONU, Purnima Mane, do presidente da OAB de Nova Iguaçu, Jurandir Ceulin, da vereadora Vilma Aguazul, do secretário de Ação Social e Prevenção da Violência, Luiz Eduardo Soares, entre outros.

O Projeto SerH recebe homens encaminhados pelas Varas de Violência Doméstica e Familiar, Varas da Infância e Juventude, pelos centros de atendimento às vítimas, pelas delegacias especializadas de Atendimento à Mulher (Deam), Centro Integrado de Atendimento à Mulher (CIAM), organizações não-governamentais, serviços de saúde e também a todos os homens que procuram voluntariamente o serviço.

Atualmente existem 3.500 homens respondendo a processos por agressões em Nova Iguaçu. O SerH foi inaugurado na Avenida Nilo Peçanha, 480, sala 104, Nova Iguaçu. O telefone é 2667-1969 e 2667-5795.


* Matéria publicada no Jornal de Hoje edição do dia 31 de Março de 2009.


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quarta-feira, 1 de abril de 2009

Morte de Marvin Gaye completa 25 anos*






Não poderia deixar passar em
branco
a notícia sobre esse grande artista negro:



"A morte do cantor Marvin Gaye completa 25 anos nesta quarta-feira. No dia 1º de abril de 1984, o astro, referência da música soul, foi assassinado com um tiro pelo próprio pai, Marvin Gay, que era reverendo de uma igreja conservadora dos Estados Unidos. Se estivesse vivo, Gaye faria 70 anos nessa quinta-feira.

Marvin Gaye nasceu em Washington, nos Estados Unidos, no dia 2 de abril de 1939. O cantor tinha duas irmãs e um irmão mais novo. O pai era ministro de uma igreja chamada House of God (que significa Casa de Deus, em tradução livre).

A carreira musical de Gaye começou aos três anos na própria igreja - trajetória semelh
ante ao início da vida artística de outros músicos negros. Lá ele teve aulas de piano e bateria. Fundamental para a evolução da música soul, o cantor enveredou para temas inusitados para a música daquele período, sobretudo contestando questões políticas.

Quando concluiu o ensino médio, Gaye se alistou nas Forças Armadas dos Estados Unidos, mas logo foi dispensado e voltou para sua cidade natal. Em Washington, integrou por acaso a banda The Rainbows, onde teve como parceiro o guitarrista Bo Diddley.

Em 1958, Gaye se torna integrante da banda The Moonglows e, em uma apresentação em Detroit, desperta o interesse de Berry Gordy Jr., fundador da gravadora Motown. Em 1961, o empresário o contrata e a partir desse ponto a carreira de Gaye efetivamente decola.

O músico se torna baterista de estúdio na gravadora e toca com grupos como The Miracles, The Contours, Martha and The Vandellas e Stevie Wonder. O primeiro disco solo de Gaye foi Soulful Moods, gravado em 1961.

Como artista solo, se destacou com os hits Ain't That Peculiar, I'll Be Doggone e How Sweet It Is (To Be Loved by You) em 1965.

Dois anos depois, outro álbum de sucesso. United, gravado ao lado Tammi Terrell, caiu no gosto do povo americano e resultou em um sucesso repentino. Mas em 1970, um tumor no cérebro de Terrell colocaria um ponto final na parceria de sucesso e levaria Gaye a uma intensa depressão.

Inconsolado, Gaye se motivou com as discussões políticas que envolviam os Estados Unidos e mergulhou no novo projeto que seria lançado em 1971: What's Going On, álbum de maior relevância na carreira do cantor. O disco foi um divisor de águas na Black Music.

Outros dois discos ainda seriam lançados por Gaye - Let's Get It On, em 1973, e Midnight Love, em 1982. Ambos tiveram sucesso, e o último ainda rendeu dois prêmios Grammy ao cantor".

*Do Redação Terra

http://musica.terra.com.br/interna/0,,OI3675291-EI1267,00-Morte+de+Marvin+Gaye+completa+anos.html

Por favor, qual vai ser o primeiro estúdio hollywoodiano que vai ter a ótima idéia de produzir um roteiro e um grande filme sobre a vida e a obra de Marvin Gaye? Tomara que alguém tenha essa brilhante "idéia" logo logo.

Besos.

Descartiando






Penso, logo desisto.
Penso, logo assisto.
Penso, logo insisto.

Penso logo.

Penso
Até
Logos.





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sexta-feira, 27 de março de 2009

O carnaval, eu e a identidade nacional 2



Mesmo após a passagem do carnaval e o efetivo começar de ano em nosso calorento país, escrevo o que considero a continuação de um texto postado ano passado, quando expus minha relação com o, talvez, evento festivo mais significativo de nossa cultura nacional: o carnaval.

No começo do ano passado, após descansar o período do carnaval em Petrópolis, na linda casa de minha querida amiga Lucinha, eu e minha amiga/companheira/amante/namorada Carla Lemos decidimos que em 2009 iríamos curtir o carnaval na Sapucaí. E como promessa é dívida, lá fomos nós para a Marquês de Sapucaí neste último Fevereiro.

Promessa é dívida, e como é dívida. Decidimos que queríamos ficar em um bom lugar na passarela do samba. Mas não tínhamos grana para comprar os ingressos mais caros. Partimos para comprar os mais baratos entre os mais caros. Setor 4. Preço da bagatela para dois ingressos: R$ 220, 00 reais. Bom, ingressos comprados e lugares escolhidos: quase em frente ao recuo da bateria, ao final do desfile.

Escolhemos ir no domingo de carnaval, pois a Carla é Beija-Flor doente e eu também tenho um carinho pela escola de Nilópolis, lembrando que somos nascidos e criados na Baixada Fluminense.

Fomos ao Centro de trem. Pegamos uma composição cheia de pessoas fantasiadas e alegres, até um gorila tomando um Ice passava impune em meio às pessoas. Um negro alto e forte usava confortavelmente uma mini-saia branca e uma baby look rosa, uma graça. Duvidam? Terminem de ler esse texto...

A viagem foi tranquila, mas um pouco demorada. Sabíamos que não iríamos ver o desfile da Império Serrano, tudo bem. Queríamos mesmo a Beija-Flor. Andamos pacas! A entrada do Setor 4 era bem longe da Central do Brasil. A Presidente Vargas estava lotada, mas em festa. Depois de muito andar chegamos e entramos tranquilamente no setor informado por nossos ingressos.

Foi quando tomamos um susto.

A arquibancada da passarela do samba parece uma arquibancada de um estádio de futebol, e é. Mas possui uma diferença gritante em relação aos lugares exclusivos para as torcidas de futebol... as pessoas que frequentam os estádios de futebol são infinitamente mais educadas do que qualquer ser que esteja dentro da Sapucaí. Surpresos? Nós também ficamos. O local estava lotado, não havia lugares vazios para se sentar e ver o desfile, as pessoas sentadas estavam com as pernas abertas como se aquele espaço fosse um pequeno feudo, um reino só delas. Quando a escola passava pelo setor todos se levantavam e assistiam de pé. Até aí tudo bem. Estou acostumado com isso no Maracanã, no Engenhão.

Mas ficamos realmente assustados com a falta de educação de todos os presentes naquele lugar. "Esse lugar é meu", "Estou aqui desde as 15h e vocês não podem ficar aqui!, "Vaza!". Até vaias tomamos. Em um momento de desespero comecei a mostrar a porra do crachá que carregava ao peito, dizendo que também tinha pago por aquele lugar (que naquele momento não existia). Pedi ajuda a um segurança, e neste momento a revolta tomou contornos mais graves. Ele pegou no meu braço disse que não podia fazer nada e que não podíamos sentar no isolamento das cordas (local onde as pessoas saíam para os banheiros e única possibilidade de sentar e ver os desfiles naquele momento), foi quando virei para o tal segurança e falei :"SOL-TA O MEU BRA-ÇO!", e a resposta foi: "VAI À MERDA!".

Nossa entrada na Sapucaí foi muito traumática, e temi que tivéssemos entrado em um belo programa de índio. Subimos as escadas da arquibancada e sentamos no tal lugar "proibido", fora do isolamento das cordas (nesse momento era impossível qualquer segurança controlar quem sentava ali). Fizemos aquela amizade instantânea (já conhecida por mim nos estádios de futebol) com um par de pessoas, filho e mãe, que estavam pela primeira vez na passarela do samba, assim como nós. Ele vindo do Ceará e ela moradora do Rio de Janeiro fazia anos. Ficamos ali papeando, mas ainda putos. A Grande Rio desfilava mas não estávamos no clima de acompanhar. Vimos a Susana Vieira tirando um cachorro que também desfilava alegre pela avenida.

Aos poucos fomos relaxando e o encantamento pela dimensão e brilho do espetáculo foi nos contagiando. A palavra exata para o que os desfiles nos causaram é: grandeza. Sim, é um teatro, em uma escala sem igual, e uma perfeição escultural que deixa qualquer um atordoado. Vimos posteriormente a escola que consideramos a mais bonita, a Vila Isabel. Luxo, criatividade, enredo. Tudo belo. Mocidade, Beija-Flor e Unidos da Tijuca completariam o mesancene. Dizem que o carnaval do Rio de Janeiro é maior espetáculo da terra. Não sei dizer se é verdade, mas a grandiosidade e a beleza são realmente impressionantes. Outra maravilha são as baterias. Ficamos em frente ao local onde elas repousam durante quase todo o desfile, o conhecido "recuo da bateria" . E neste quesito a bateria da Mocidade foi imbatível, um show.

O público de nosso setor era bem divido. Metade brasileiros de vários estados, metade de gringos. Muitos gays e travestis. É isso. É um espetáculo para gringo ver, e não vejo nada de mal nisso. É show, é dinheiro, turismo, mercado, money, tutu, din din. Não tem espaço para romantismo, para "o carnaval da minha época". É um grande teatro luxuoso, e como encenação que é, também pode receber críticas, como irei fazer agora.

O acesso à passarela do samba e aos setores são fáceis. Muito bem sinalizados. Tudo muito bem policiado, e de certa forma, controlado. Um grande problema que percebi é com relação ao "som" que chega à arquibancada. Existem potentes caixas apontadas para os setores, porém o som não chegou perto da minha expectativa. Se você por acaso não conhecer as letras dos sambas-enredos, esqueça! Não será na Sapucaí que você irá compreendê-las. O som é pouco nítido. Nossa sorte é que ficamos perto do recuo da bateria, então sentimos um pouco mais o rufar dos tambores. Se por caso você não estiver muito interessado no desfile de uma tal escola, fique tranquilo, poderá trocar um bom papo com quem lhe acompanhar.

De qualquer modo o desfile, o clima, a quantidade de pessoas (sim a Marquês fica completamente lotada) nos deixaram boquiabertos e acredito que iluminaram os olhos da multidão que ali estava. A visão é o sentido mais agraciado ao presenciarmos, ao vivo, os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro.

Sim, é um espetáculo que não deve ser ignorado. Acredito que quem puder pagar o preço salgado dos ingressos não deve perder a oportunidade de assistir os desfiles. Sim, é muito diferente assistir em frente à televisão ouvindo a transmissão da Rede Globo e estar lá, vivenciando aquele momento único. Porém estar na passarela do samba também nos faz viver e presenciar o carnaval em uma posição de passividade, simplesmente assistindo a uma encenação grandiosa e que provavelmente não deve nada às encenações que a história da humanidade já nos forneceu em tempos mais remotos. Mas se você quer curtir, pular, gritar, beijar, suar, cantar, fantasiar o carnaval, então provavelmente seu caminho deverá ser o dos blocos de rua, ainda mais nesse momento tão favorável a eles aqui no Rio de Janeiro.

Cumprimos a promessa do ano passado, e para o próximo ano... para o próximo ano prefiro não fazer promessas. Mas quem sabe não voltamos para a Sapucaí? Porém dessa vez será do lado de dentro da Sapucaí, em plena pista, de preferência com um belo penacho na cabeça.

E para quem quiser relembrar o primeiro "O carnaval, eu e a identidade nacional" é só clicar aqui no texto e relê-lo.


























Besos e bons carnavais.


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Domingo de Carnaval (22/02/2009)



















































































































































As escolas de samba assistidas no domingo de carnaval foram: Grande Rio, Vila Isabel, Mocidade, Beija-Flor e Unidos da Tijuca. As imagens não seguem necessariamente a ordem de entrada das agremiações. A sequência das imagens se deu de maneira aleatória.

photos by Carla Lemos e Vinícius Silva

*Este post está perfeitamente configurado e melhor visualizado no navegador Mozilla Firefox. Já no Internet Explorer as fotos estão desconfiguradas e os espaços em branco um tanto quanto fartos e enlouquecidos. Fazer o quê? Coisas de internê!
Besos.


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segunda-feira, 16 de março de 2009

Sombridade






Que os becos escuros da vida sejam, mesmo que brevemente,
iluminados pelas lanternas de nossas almas.
Pois hoje, somente hoje, a dor faz parte do meu esquecimento.





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Liberdade

Hoje eu decidi ser livre.
Porém tenho que me planejar.

Tenho que fazer a lista de coisas para poder fugir.
Tenho que levar a roupa para lavar.
Tenho que pegar uns sonhos para poder dormir.
Tenho que sair de casa sem pestanejar.
Tenho que reunir todas as tarefas que um dia disse fazer.
Tenho que jogar pela janela o que prometi nunca mais usar.

Tenho que levar um amor.
Não! Tenho que ir só.
Não posso levar dor.
Mas sem dor, só sou pó.

Tenho que esquecer minhas lembranças.
Tenho que lembrar o que não podia esquecer.
Tenho que não mais fazer lambança.
Tenho que cortar o pano que irei tecer.

Tenho que traçar o plano.
Tenho que riscar o mapa.
Não tenho nem mais um ano.
Tenho só o agora e este não me basta!
Tenho que pegar no sono.
Não ter mais que acordar.

Mas afinal... não sei mais recordar
o que tinha que fazer, quando este grafite no papel
começou a rabiscar.
Sair dessa prisão
eu
preciso
saber.


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quarta-feira, 11 de março de 2009

GRAÇAS

Nada é de graça, nem as coisas ruins
As coisas de graça, nem é nada ruins
Nada ruins é, nem as coisas de graça
Nem de graça nada é, as coisas ruins
Graças
Ruins
É
As
Coisas
De graça
Na verdade nem é nada!
Somente desgraça.



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segunda-feira, 9 de março de 2009



PÉROLA NEGRA (Luis Melodia)


Tente passar pelo que estou passando
Tente apagar este teu novo engano
Tente me amar pois estou te amando

Baby, te amo, bem sei que te amo

Tente usar a roupa que eu estou usando
Tente esquecer em que ano estamos
Arranje algum sangue, escreva num pano
Pérola Negra, te amo, te amo

Rasgue a camisa, enxugue meu pranto
Como prova de amor mostre teu novo canto
Escreva num quadro em palavras gigantes
Pérola Negra, te amo, te amo

Tente entender tudo mais sobre o sexo
Peça meu livro querendo eu te empresto
Se inteire da coisa sem haver engano

Pérola Negra, te amo, te amo!


Um carinho de Vinícius e Carla para nosso amigo que partiu hoje.
Saudades, Douglas "Chocolate".
Até logo e um beijo.

Obvious Lounge: Palavras, Películas e Cidades

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Agora também estamos no incrível espaço de cultura colaborativa que é a Obvious. Lá faremos nossas digressões sobre literatura, cinema e a vida nas cidades. Ficaram curiosos? É só clicar na imagem e vocês irão direto para lá!

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Palavras Sobre Qualquer Coisa - O livro!

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Para efetuar a compra do livro no site da Multifoco, é só clicar na imagem! Ou para comprar comigo, com uma linda dedicatória, é só me escrever um email, que está aqui no blog. Besos.

O autor

Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.

O CULPADO OCUPANDO-SE DAS PALAVRAS

Contato

O email do blog: vinicius.fsilva@gmail.com

O PASSADO TAMBÉM MERECE SER (RE)LIDO

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