segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Sereia
Carne trêmula de movimento.
Não tens pele, tens escama!
Não és negra, nem alva, tens
Cor de terra.
Negros são teus pelos e poros,
Negras são tuas ancas e pernas.
Mas tu não tens pernas.
Tinham razão, elas existem!
Peixe e mulher, conjulgados
Em um só ser.
E seu canto grita, alto e bravo.
Não se enganem!
Não hão de escapalhar-lhe.
Nenhum homem sobreviveu
E até mulher, pelo que se sabe,
Quase se perdeu.
E eu vou adentrando ao mar,
Cada vez mais, sabendo que irei
Me afogar, nos braços de Dona
Janaína, no colo de Yemanjá.
De braços dados com minha sereia.
Meu monstro do mar.
E assim, afogado com ela, feliz eu vou estar.
Esta obra está licenciada sob uma
Licença Creative Commons.
O autor
Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.
O CULPADO OCUPANDO-SE DAS PALAVRAS
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Um comentário:
Já estava com saudade de ler esse poema.
O primeiro feitinho pra mim!
Amei!!
Mais vaidosa impossível...
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