sempre quis que o tempo fosse mais curto
como um Rimbaud a produzir sua obra prima na juventude mais tenra
que a genialidade escorresse entre os poros de minha carne ainda dura
que a corrosão do conhecimento espontâneo saltasse pelos olhos espantados
sempre quis o elogio da surpresa pela inteligência tenaz
como do gozo do cientista pela complexidade simples da descoberta
que a serenidade transparecesse pelos golpes de pequenos dedos
que o charme da inocência superior inflamasse a todos e a todas
tolo
tolo
pra mim o tempo sempre durou mais
como o bolo que sola sem se perceber
como o capataz que se demora a notar que é capataz
como o escriba que faz e refaz seu ofício porque dele depende
como o escultor que martela a pedra bruta sem nunca parar de lascar
como o torrão de açúcar que como ambrosia fosse
pra nunca esquecer que de gênios Gaia se faz de poucos
e de ferreiros necessita para a eterna manutenção do devir.
sempre quis que o tempo fosse mais curto
como se para esquecessem dos poucos erros ainda acumulados
que os platônicos amores permanecessem em suas áureas eternas
que a inspiração transbordasse a todo momento que requerida
sempre quis a saliva mais ácida e o mel mais doce a estalarem no céu da boca
como do anseio de Dorian para com a beleza mais divinal
que a glória mais profana iluminasse o passar das horas
que o apupo das palmas se deflagrasse ao sibilar de palavras ao vento
tolo
tolo
pra mim o tempo sempre durou mais.
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