(in)contidos - O novo livro de Vinícius Fernandes da Silva do PSQC

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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Pra você, por Rodrigo Viegas


Recebi alguns dias atrás o email de um amigo que já contribuiu com um belo texto aqui no PSQC, o "O próprio opróbio", na secção CONVIDADOS. E não é que para minha surpresa essa mensagem veio com dois textos dedicados a mim. Não preciso nem dizer o quanto fiquei emocionado com a lembrança e pelo carinho desse amigo.


Acredito que não há melhor maneira ou forma de retribuir suas palavras do que publicizar toda a sua competência intelectual e sensibilidade, que podem ser observadas nos dois textos abaixo. O nome desse amigo?

Rodrigo Viegas

Vamos às suas palavras:


"Vinícius, Cada vez gosto mais do seu blog. As palavras têm o poder de me levar até você. Não sou de internet, de blog, twitter, orkut. Tudo o que escrevo escrevo no lápis e guardo. Mas lendo e escutando seu blog, escrevi duas poesias pra você. A primeira vai para o grande crítico desse mundo que nos cerca e do qual somos parte. Um mundo que por vezes nos sentimos encaixados e por outras nos sentimos alienígenas. Rs.



Mundo a-crítico
(título dado por Vinícius Silva)

Revolvendo a merda fóssil,
Perscrutando dias escuros.
Talvez perguntareis por mim.

Filho do anunciado fim da história, das ideologias, das classes, da modernidade.

Vivendo a sociedade do espetáculo, o sinoptismo, o desencaixe espaço-temporal, a Ágora desvitalizada pelo público colonizado pelo privado.

O que outrora era pesado, fixo, tornou-se fluido, volátil.
O corpo, de rijo, saudável, virou flexível, estético.
A mente, de comparativa tornou-se relativista.
A doxa funcional e estrutural deu vez ao sistema, a rede, ao inter-relacional.
O justo deu lugar ao eficaz.

Nesse pouco admirável mundo novo, os inseguros, instalados comodamente na apatia e no hedonismo, têm apenas a atitude de atuar contra seus melhores juízos.

Débeis de vontade e desesperados ante a debilidade de seus referentes morais, enfrentam-se consigo mesmos: não são indivíduos unos, senão múltiplos e, por essa razão, seus próprios inimigos.

Teleologicamente cabe a cada indivíduo fazer constantes opções no árduo dever de criar sua auto-biografia.
Os fins já não justificam os meios. Num mundo desencantado, o vazio e a dor da desfiliação faz crescer a farmaco-danação.

Se encontrares a merda fresca,
E prescrutares dias incertos.
Pergunte por mim!
Pergunte pelo eunuco em plena apologia da ereção.


A segunda vai para o cara sensível, carinhoso, honesto e sincero. Por você ser assim, acredito que entenderá a grande dificuldade de um toque verdadeiramente sincero, de um abraço sincero.


O toque do abraço

Não me toque!
Não me abraces!
Se for só por fazer
Se for só demonstrar
Que aquilo que se dá, se recebe; aquilo que se recebe, se dá.

Não me toque!
Não me abraces!
Se não houver carinho
Se não for verdadeiro
Se não for pra me sentir
Se não for pelo prazer
Que aquilo que se dá, se recebe; aquilo que se recebe, se dá.

Não me toque!
Não me abraces!
Quando um aceno for o suficiente
Quando um aperto de mão já baste
Quando é só preciso constar
Que aquilo que se dá, se recebe; aquilo que se recebe, se dá.

Não me toque!
Não me abraces!
Se não for por mostrar que não dá pra traduzir no olhar
Se não for por mostrar que não dá pra traduzir em palavras
Se não for por mostrar que a distância
Entre aquilo que se dá e se recebe
Não mais existe
Perdeu-se na troca
Perdeu-se no toque
De um abraço
puro,
sincero,
pleno.


Um abraço puro, sincero, pleno de quem está sempre te acompanhando nas palavras


Rodrigo".


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Rodrigo, muito, muito obrigado.
Besos.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

pedra bruta


Meu corpo é pedra bruta.
Na verdade bruto eu sou.
Pedra é minha teimosia.
Não quebra.
Fica bruta.
Puta.

As ideias brutas vêm, surgem,
Nascem como pedras,
Virgens,
Minerais,
Misturadas à terra.

Bruta é a vontade de lançar as palavras.
Jogá-las para fora como as pedras que
Chicoteiam a superficie das águas,
Na profundidade do mundo,
No girar infindo.

Esmerilho meus sais sólidos,
Os corto,
Polindo suas arestas,
Dando contornos mais concisos,
À ideia que se presta.

Mas nem todas tornam-se preciosas.
Não é preciso.
Porque precisão não faz parte da vida de quem lhes dá forma.
Precisão só é busca.
A visão do que é lido depende da intersecção do que olha e do que é visto.

O brilho das pedras depende dos olhos que também cintilam.
A função primordial do artista é carregá-las aos bolsos,
Aos montes.
Tê-las em mãos.
Guardá-las por perto.

Porém jogo minhas pedras ao chão,
Ao mar,
E ao ar,
Para que o vento das rimas e prosas as carreguem.
Para quem delas precisar.

Meu coração é pedra bruta,
E é o que somente de mim,
Neste universo infinito,
Provavelmente
Restará.

Pedra
Bruta
Pedra
E
Luta.


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domingo, 18 de outubro de 2009

2 ANOS DO "PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA" ! O NOSSO PSQC !



Completamos hoje nosso segundo aniversário. Obrigado aos amigos e leitores! Que ano que vem, nesta mesma data, eu esteja aqui para comemorar com vocês. Obrigado mais uma vez.

E na história percorrida nesses 2 anos, tivemos comentários e observações de pessoas importantes e famosas no cenário nacional, internacional, interplanetário e espiritual.

Duvidam?

Vamos à prova:


A mãe do autor do blog: "Ah, o blog é tão fofo, não entendo tudo o que meu fil... ops... o autor escreve, mas sei que ele é muito lindo, inteligente, charmoso e ainda parece com a mãe".

O pai do autor do blog: "Você tem como ganhar algum dinheiro com esse tal de blog?"

A namorada do autor do blog: "O blog é ótimo, e o autor superinteligente, e eu adoro a barriguinha sexy dele".

O gerente do banco do autor do blog: "Olha! Aquele cheque voltou, passe aqui na agência urgente... por sinal... seu blog é bem legal!".

Dercy Gonçalvez: "Puta que par... filh... da put... morri caralh... quê... eu não leio porra de blog nenhum..."

Arnaldo Jabor: "O autor desse blog PSQC não passa de um pseudo-intelectual-de-esquerda e que possui uma pretensa vontade de transformar a realidade desse tradicional e monstruoso complexo de inferiodade da cultura brasileira, além disso... (cortado por excesso de caracteres)".

Olavo de Carvalho: "Esse rapaz e esse blog são subversivos, tenho provas concretas de ligações entre seu autor e criador com as FARC".

Paulo Francis: "Sei que o escritor desse sítio nasceu em Mesquita... Pelo menos não foi no Piauí".

Regina Duarte: "Eu tenho medo! Não é minha gente..."

Stephen Hawking:" ..................................................".

George W. Bush: "Posso dizer que esse blog é uma forte indicação da presença de armas de destruição em massa no Brasil".

Martin Luther King: "Eu tenho o sonho de que todas as pessoas possam ter internet gratuita e ler o Palavras Sobre Qualquer Coisa".

Lula: "Ninguém segura esse país, ainda mais com essa produção intelectual tão avassaladora, o Palavras Sobre Qualquer Coisa está aí para comprovar isso, companheiros".

Ronaldo, o Fenômeno: "Depois de sair com travecos a minha segunda maior diversão é ler o blog Palavras Sobre Qualquer Coisa".

Pelé: "Olha gente, o Edson Arantes do Nascimento adora esse blog, depois de ler testes de DNA para comprovação de paternidade, é a segunda coisa que ele mais lê. Se é que vocês me entendem...".

Salvatore Cacciola: "Em minhas férias em Mônaco eu vivia lendo o PSQC. Será que na prisão aqui do Brasil tem banda larga? Se não tiver vou mandar instalar uma".

Daniel Dantas: "Eu e meu amigo Gilmar (Mendes) vivíamos comentando sobre os textos incríveis do PSQC. Estávamos até pensando em contratar este fenomenal escritor para nos... ops... minhas empresas".

Gilmar Dantas: "As decisões do STF são absolutas, e eu adoro o PSQC. Nada mais a declarar".

Rei Juan Carlos de Espanha: "!Por que no te callas... y escucha el Podcast del "Palavras Sobre Qualquer Coisa!""

Vicent van Gogh: "O Podcast do PSQC é de arrancar as orelhas!"

Beethoven: "Heim?"

Michael Jackson: "Eu fico branco de espanto quando leio os textos incríveis do PSQC. As muitas crianças lá de casa A-DO-RAM!".

William Shakespeare: "Ler ou não ler. O Palavras Sobre Qualquer Coisa é a solução".

José Saramago: "A vida é ruim. As pessoas são ruins. Tudo é ruim. E o PSQC é pior ainda".

Mulher que apanhou do marido: "Meu marido chegou em casa e me pegou ouvindo esse tal de Palavras Sobre Qualquer Coisa. Tomei uma surra! Nunca mais vou escutar essas porcarias da internet".

Homem que bateu na esposa: "Chego em casa cansado, depois de um dia inteiro de trabalho cheio de exaustividade e vejo minha mulé ouvindo obscenidades pelo cumputador. Num me aguentei e porrei ela".

Delegada que prendeu o marido que bateu na esposa: "Este indivíduo-meliante foi preso em flagrante de acordo com a Lei Maria da Penha por agressão contra sua companheira e com um agravante: impediu sua referida senhora de ler e ouvir o maravilhoso blog de poemas lindíssimos, o Palavras Sobre Qualquer Coisa. O caso indica que é coisa de 20 anos ou mais de retenção. E tenho dito".

Kim Jong-il (ditador norte-coreano): "Eu vou explodir tudo, porra! Eu vou explodir tudo, porra! Chamem o autor do PSQC, eu só negocio com ele".

Papai Papudo (querido personagem secundário do lendário programa infantil "Bozo"): "Qual é a melhor hora para ler o Palavras Sobre Qualquer Coisa???? Cinco e sessenta! (5:60)".

Roberto Justus: "Quem criou esse tal de PSQC é um incompetente, um falastrão, uma vergonha para qualquer jovem-universitário-no-mundo-dos-blogs-literários. Já se passaram quase 2 anos da criação desse tal blog e quanto ele faturou com isso? Quanto dinheiro ele ganhou com esses poeminhas? Não tem espírito empreendedor. Por isso digo, com muito pesar no coração, que o senhor idealizador deste tal de PSQC, está... DEMITIDO!".

Felipe Massa: "Eu fico zonzo quando leio o Palavras Sobre Qualquer Coisa".

José Sarney: "Venho informar que eu não tenho ab-so-lu-ta-men-te nada com a indicação do senhor escritor, por sinal muito talentoso, do blog Palavras Sobre Qualquer Coisa para ser o resenhista oficioso dos atos ultra-mega-secretos do Senado".

Joe Jackson: "Venho informar que meu filho Michael morreu (pausa emocionada de 2 segundos). Também venho informar que estou criando uma nova gravadora para o lançamento de incríveis novos talentos e que sou fã de um blog brasileiro de poesias, o Palavras Sobre Qualquer Coisa. É lá que eu busco inspiração e procuro todos os sentimentos que me fazem ser um homem bom. Tá na cara, né? Venho informar também que já estão sendo vendidos os ingressos para a comemoração de 1 ano da morte do meu filho".

Barack Obama: "Olimpíadas 2016?!?! Eu num queria mesmo, eu num queria... Michelle, não estou para ninguém, irei ler o PSQC".

Osama Bin Laden: "Gostaria de dizer que depois do 11 de Setembro, mantenho uma célula terrorista em pleno território brasileiro. A senha para toda a destruição da América do Norte é... PSQ...".


Viram? Se toda essa gente já leu, comentou e deu uma espiadinha... por que você não iria também dar (plágio de Pedro Bial).


Em breve teremos novidades. Visuais e textuais. Aguardem e continuem nos acompanhando.


Besos.


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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Azul Metálico


AZUL METÁLICO

Estréia no dia 8 de outubro, no Espaço Sesc – Mezanino, a peça “Azul Metálico”, com dramaturgia inédita inspirada na obra e no pensamento de Andrei Tarkovski, um dos mais inovadores e importantes cineastas soviéticos do século XX.

Do mesmo diretor e grupo que encenou “Elogio da Loucura” e “Entropia”, este último indicado pela crítica de O Globo como um dos 10 melhores espetáculos de 2008, “Azul Metálico” é inspirado na obra “Stalker”, de Tarkovski.

A ação de “Stalker” se passa num período de pós-guerra, sob o fantasma do fim das esperanças. Os personagens fazem um perigoso percurso por um estranho território chamado “a zona”. A zona é um local de acesso proibido ao qual só se chega de forma clandestina conduzido por um guia. O destino desse percurso é uma sala na qual, segundo dizem, o desejo mais íntimo de qualquer pessoa será realizado.

Em “Azul Metálico”, a zona será representada por um parque de diversão desativado, local que antes se prestava a distrações, sensações intensas e efêmeras, e que agora está impregnado por fantasmagorias. Ali surge a lenda de um brinquedo realizador do desejo mais sincero e sofrido: esse brinquedo é procurado talvez para se encontrar o desconhecido, para que seus visitantes ainda fiquem surpresos e atônitos diante dele.

ANDREI TARKOVSKI

Os filmes de Tarkovski foram realizados considerando que as pessoas não estão sozinhas e abandonadas num universo vazio, mas ligadas por laços incontestáveis ao passado e ao futuro. A esperança de que cada existência individual e cada ação humana tenha um significado intrínseco torna a responsabilidade do indivíduo em relação ao curso geral da vida incalculavelmente maior. Num mundo em que os males sociais existem em uma escala assustadora, é preciso rever o modo como as pessoas se encontram umas com as outras. O parque de diversões de AZUL METÁLICO é o território do reencontro, tanto consigo mesmo quanto com o outro. Estando desativado, o parque representa um local onde podemos revisitar nossos fantasmas e nossas memórias coletivas; é também uma lembrança do primeiro caminho, uma necessidade de lidar com o mais íntimo e profundo querer, com suas efervescências múltiplas, tudo o que expressa a vitalidade crescente neste princípio de milênio. A vida, que acreditávamos extenuada, pode retomar força e vigor.

INFORMAÇÕES

Dramaturgia coletiva, inspirada na obra e no pensamento do cineasta Andrei Tarkovski. Direção de Marcelo Mello. Com Alexandre Braga, José de Brito, Liliane Rovaris, Luisa Friese, Marcos Nauer e Regina Melo. Sinopse: Um parque de diversões desativado é visitado por pessoas que buscam encontrar seus sonhos. O local que antes se prestava a distrações, sensações intensas e efêmeras, agora está impregnado por fantasmagorias. Ali surge a lenda de um brinquedo realizador do desejo mais sincero.
Local: Espaço Sesc – Mezanino (100 lugares). Rua Domingos Ferreira 160, Copacabana (2547-0156). Ingressos: R$16 (inteira), R$8 (estudantes e acima de 60) e R$4 (comerciário). Temporada: Quinta e Domingo às 20h. Sexta e Sábado às 21:30.
Duração: 100 minutos. Classificação: 16 anos
Temporada de 08 de outubro até 25 de outubro de 2009.

SOBRE O GRUPO

Em 2003, após a encenação de ELOGIO DA LOUCURA de Erasmo de Rotterdam, sob direção de Marcelo Mello, no CCBB do RJ, formou-se um grupo de pesquisa. A partir do estudo dos grandes encenadores e pensadores de teatro, partiu-se para estudos mais amplos, na área de filosofia, artes plásticas, cinema, literatura e ciências sociais. Essa pesquisa resultou no espetáculo ENTROPIA (indicado pelo jornal O Globo um dos 10 melhores espetáculos do ano), que estreou em janeiro de 2008, mais uma vez no CCBB, obtendo grande receptividade da platéia, tanto dos espectadores familiarizados com o estudo da filosofia quanto daqueles que experimentavam seu primeiro contato com este universo. Discutia-se nessa peça a construção da cidade ideal, as diversas utopias já realizadas – e o perigo de sua concretização no mundo de hoje.

http://azulmetalico.com.br/

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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Infamous


"Infamous" (2006)

Direção:
Doug McGrath e Dogulas McGrath.

Com:
Toby Jones (Truman Capote) , Sandra Bullock (Harper Lee) e Daniel Craig (Perry Smith).



"Infamous" é um caso raro dentro da filmografia mundial, acredito. No espaço de 1 ano foi lançado um filme que reconta a mesma história já brilhantemente contada em outro, neste caso o "outro" é o filme ganhador do Oscar de melhor ator, com Philip Seymour Hoffman em "Capote" (2005). "Infamous" foi lançado em 2006.

Parece estranho dois filmes que contam a mesma história serem produzidos e lançados praticamente ao mesmo tempo. Talvez tenha ocorrido a observação de que as histórias de Truman Capote e do assassinato da família Clutter fossem ótimas para a tela grande, ou talvez os produtores dos dois filmes tenham lido a biografia de Geralfd Clarke e outras fontes ao mesmo tempo. Talvez o primeiro tenha influenciado a produção do segundo. Não dá pra saber. Porém o importante é que são dois belos filmes. Especialmente no que se diferem.

Observar a caracterização do ator inglês Toby Jones talvez seja mergulhar no que seja de mais próximo de alguém que tenha convivido e conhecido Truman Capote. A afirmação anterior só pode ser encarada como uma hipótese, já que nunca estive ao lado do escritor americano ou de alguém que o tenha conhecido pessoalmente. A interpretação de Jones é soberba, até porque diferentemente de Hoffman, Jones é fisicamente muito parecido com Capote, o que não nega a excelência da interpretação do primeiro.

O filme começa em dois planos distintos. O primeiro é como se ocorresse um talk-show, onde personagens importantes que conviveram com Capote dão depoimentos emocionados sobre ele, como Harper Lee, Gore Vidal (um grande rival), Jack Dunphy, entre outros. O outro plano é justamente o desenvolvimento da história de Truman e dos assassinos dos Clutter. Esses planos não se segmentam no filme. Se sobrepõem em diferentes momentos da película.

"Infamous" é diferente de "Capote" em vários aspectos. O filme é luminoso, as cores e a fotografia refletem bem a efervescência dos anos 1950 e 1960, principalmente em Nova York, habitat do escritor. O filme relata as amizades de Truman com a alta sociedade da grande maçã. High socity tão importante para ele. Seu contato com personalidades, empresários e dondocas de Manhattan é explorado neste filme, e demonstra que ter acesso à elite norte-amerciana era de suma importância para o escritor, para seu ego tão inflado quanto carente.

O Truman de Jones tem uma alegria melancólica, ácida, mas foge um pouco da depressão demonstrada por Philip e as cores acinzentadas e frias de "Capote". A trilha sonora também é mais animada, apresentando os standards do cancioneiro americano com a exemplificação de uma apresentação característica da época, com a participação especial de Gwyneth Paltrow.

Jones apresenta o escritor como alguém sensível, cheio de manias e afetações. Ser gay e efeminado para Capote não era uma alegoria, fazia parte de sua personalidade, de quem ele era, além do uso que o próprio fazia de sua condição
sui generis para chamar a atenção e ser notado. O que não era muito difícil... A atuação de Sandra Bullock como Harper Lee é mais interessante e viva do que a de Catherine Keener em "Capote". Porém não gosto do Perry Smith interpretado por Daniel Craig. O ator irlandês parece estar sempre encarnando James Bond e apesar de Smith ter sido um cara realmente perigoso, a atuação de Clifton Collins Jr aparenta trazer uma sensibilidade que Truman demonstra no seu "A sangue frio" e que Clark apresenta na biografia de Capote. Além disso Craig é muito diferente fisicamente de Perry, o que é também muito importante, pois e apesar de Perry Smith ser muito mais forte do que Truman Capote, os dois tinham praticamente a mesma altura. Em "Infamous" essa discrepância me incomodou bastante.

Outro fato interessante é a explicitação do envolvimento sexual entre Truman e Perry, que em nenhum momento é descrito em sua biografia. Já as fontes dos roteiristas de "Infamous" são baseadas em um livro de fofocas e relatos de pessoas que conheceram Capote, talvez dessa fonte tenha nascido a ideia e o uso de um "talk-show" imaginário com os "amigos" de Capote. Este livro-fonte foi escrito por George Plimpton
.

Acredito que como arte final, na somatória de todos os fatores cinematográficos e da genial atuação de Toby Jones , "Infamous" é superior a "Capote". Mas como tinha dito na resenha do filme de 2005, o ineditismo e a também brilhante, porém diferente interpretação de Hoffman, faz com que minhas emoções se apeguem mais à primeira película. Outro dado importante é que "Capote" assisti na tela grande e "Infamous" degustei em casa, no meu computador. A forma como os filmes são vistos e absorvidos é de fundamental importância na maneira como você os sente posteriormente, e neste caso, a tela grande ganha de goleada de qualquer filme visto em casa.

Cenas antológicas de "Infamous": A abertura da caixa de Perry por Capote na cena final. Quando Capote ganha e perde de propósito na queda de braços. A cena em que Truman relata os dramas de sua infância para Perry dentro da cela.






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sexta-feira, 2 de outubro de 2009



Bom, acabou de ser anunciada a cidade sede para as Olimpíadas de 2016, e a cidade do Rio de Janeiro foi a escolhida. Não sou daqueles que torce para que tudo dê errado para que minha tese dê certo, ou seja confirmada.


Acredito que essas Olimpíadas sejam a chance mais importante da história da cidade do Rio, e espero que os jogos tragam benefícios para a população, para TODA a população. Que além dos jogos vejamos em nossa cidade e estado uma transformação de como se fazer política e de como se pensar o urbano.

Que 2016 seja um marco para todos nós!


Parabéns Rio de Janeiro!


Obvious Lounge: Palavras, Películas e Cidades

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Agora também estamos no incrível espaço de cultura colaborativa que é a Obvious. Lá faremos nossas digressões sobre literatura, cinema e a vida nas cidades. Ficaram curiosos? É só clicar na imagem e vocês irão direto para lá!

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O autor

Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.

O CULPADO OCUPANDO-SE DAS PALAVRAS

Contato

O email do blog: vinicius.fsilva@gmail.com

O PASSADO TAMBÉM MERECE SER (RE)LIDO

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