Fiquei para trás, junto com os outros quatro "líderes". Engraçado! Os jovens tomaram a dianteira. Estaria eu, com dezenove anos, cansado? Sim, e muito. Pernas arqueadas, mãos trêmulas, vontade de ir ao banheiro, o suor, frio, calor, céu, chão... estava delirando. O último sentimento que pude lembrar foi o medo de não chegar à Pedra, e então o grande momento...
"Chegamos!". E por um segundo, ou melhor, um dez, minha respiração parou. Ficamos nós observando o que para mim era a visão de Deus sobre a Terra. O Rio de Janeiro, a Baía de Guanabara, toda aquela paisagem vista do alto do marco que sinalizava a altura da montanha. Dois mil e seiscentos metros.
Gritávamos, uivávamos, em alguns as lágrimas queriam descer, e só não rolaram pelo medo de se congelarem. Éramos semideuses. Eu era um semideus. Chegamos ao absurdo de ouvir um avião e olharmos para baixo. Rimos. Éramos semideuses. Então olhei para os outros quatro e, por um segundo, ou melhor, uns dez, pensamos a mesma idéia, sorrimos e sem falar uma palavra, sorrimos de novo. Sabíamos que nossa amizade e nossas vidas nunca mais seriam as mesmas.
Éramos semideuses.
(para todos os meus amados amigos)
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Um comentário:
Obrigado por tudo Carla.
Amo muito você.
Besos.
Postar um comentário