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terça-feira, 30 de setembro de 2008

Observação 3:

O Choro

Dentre as formas de manifestação dos sentimentos entre os humanos, o choro é um dos elementos mais marcantes e característicos. O fato de nossos órgãos* da visão utilizarem o líquido que os lubrificam para demonstrar (extravasar) tristeza, alegria, raiva, contentamento, melancolia, medo, arrepio, gozo, entre outros, é simplesmente emocionante e único em nossa espécie.

Porém o choro pode conter seus perigos.

Quando trabalhei no setor de passaportes da Polícia Federal no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, de 1999 a 2004, um dos meus antigos e excelentes chefes me fez um ressalva intrigante:

"Cuidado com o choro das mulheres, talvez essa seja a mais eficiente arma de toda a humanidade". Esse comentário causou-me estranheza em um primeiro momento, mas logo depois sua posição foi explicitada. "Você verá a quantidade de mulheres que virão, aqui, chorando, para conseguirem seus passaportes de emergência, na hora exata do vôo (para a confecção do passaporte havia um prazo), ao contrário dos homens, que tentarão conseguir o documento pela conversa, através de argumentos".

Dito e feito.

A quantidade de mulheres que apareciam em nossa sala derramando lágrimas de desespero era absurda. E a atitude de meu chefe era deveras interessante. "Primeiro: PÁ-RA DE CHO-RAR! Parou? Agora vamos tentar resolver o seu problema...". E não é que funcionava! Elas paravam de chorar e lá íamos fazer o passaporte de emergência para elas.

Acredito que as lágrimas são uma forma efetiva e real de expressar os mais diversos sentimentos (Observação 2), mas também aprendi uma lição com esse querido ex-chefe. As lágrimas podem ser um artifício e tanto para uma das formas mais infantis e superficiais de convencimento: a indução da comoção do outro, feita de uma maneira boboca e inverídica.

Portanto... cuidado com o choro delas. Não sou um porco insensível que não se importa com os sentimentos do gênero feminino. Em escolas em que trabalhei vi muitas meninas desmaiadas e realmente passando mal, e ninguém dando a mínima. Sempre ajudei e acudi todas elas. Sempre que vejo alguém ferido ou debilitado na rua, procuro ajudar. E as pessoas que me conhecem sabem disso. Tenho inúmeros casos e exemplos pessoais que também comprovam.

Mas aquela frase de meu amigo sempre ecoa. Se é para chorar, chore de verdade, efetivamente, por não conseguir controlar seus sentimentos mais verdadeiros, bons ou maus. Mas não me use para conseguir o que quer pelo choro, pois terás como resposta:

"PÁRA DE CHORAR! AGORA VAMOS CONVERSAR E TENTAR RESOLVER SEU PROBLEMA".

*Será que pela nova regra ortográfica a palavras "órgãos" vai ter o acento? Hum... tenho minhas dúvidas. Agora vou ter que aprender português mais uma vez, saco!


Besos.

6 comentários:

Lux (Lucia Helena Ramos) disse...

- PORCO INSENSÍVEL!
[... desculpe, mas não me contive... tinha que usar a frase... rss]
Mas, me explique pq algumas pessoas [principalmente do sexo masculin] tem mania de achar que choro de mulher é chantagem emocional e porque algumas utilizam isso de forma deprimente! eu sou chorona, ms choro de verdade e nao porque quero conseguir isso ou aquilo... choro de tristeza, de emoção, de decepção, de angustia, de ternura por um ato ou pessoa, choro quando penso nas minhas possíveis ou reais perdas [prioritariamente as emocionais], e choro de raiva também, de ódio quando a burocracia me impede de fazer algo. gente, mulheres choram... nao sei se é privilegio, castigo ou vantagem... somos ciclicas, como ondas, somos mar! ;*

Anônimo disse...

Oie Professor, gostei do texto, apesar da crítica às mulheres, viu?
Olha, seu blog está 10!

Já está sabendo da Reforma Ortográfica neh? Pois é como você mesmo disse "vou ter que aprender Português de novo". Até o ano que vem essa reforma será "inaugurada".
Vi na reportagem que isso não ajudará nem prejudicará. Quem escreve mal, continuará a escrever. E quem escrever bem, o mesmo. Porém até se acostumar com as novas regras, quem escrever bem prejudicar-se-á um pouquinho.
Mas estou pronta para essas mudanças.
Espero que também esteja.

Ahh, sou sua aluna no IEBR, na Turma 3003! ^^ Beijos*

palavras sobre qualquer coisa disse...

Obrigado pelo comentário Roberta, você não tem noção da felicidade em ver por aqui no PSQC, pela primeira vez, um aluno e, principalmente, vendo-o (a) escrevendo e colocando suas idéias. Estou muito feliz mesmo.

Bom... agora irei utilizar o meu

DIREITO DE RESPOSTA À LUCINHA (ainda afetado pelo período eleitoral):

Querida Lúcia, desde o primeiro momento em que decidi expor minha opinião sobre este tema, tive a certeza da polêmica que seria criada.

Tentarei esclarecer o pensamento acima:

Acredito que o choro das mulheres (na verdade qualquer tipo de choro) tenha um poder imenso sobre os seres humanos. É o indicativo de uma "explosão" ou catarse de sentimentos. Mas o caso que citei é mais específico.

Você já viu o rosto e a reação de um homem ao ver uma mulher chorar? É algo desesperador, ficamos simplesmente atordoados em poder ampará-las, cuidá-las ou sabermos se elas precisam de qualquer coisa, sei lá... levar para o hospital, um cafezinho, um abraço, um beijo, cafuné, uma aspirina... enfim: não sabemos o que fazer!

Mas pela minha experiência de quase 5 anos no atendimento ao público e em situações de emergência (como explicado no post) percebi algumas "cositas":

Algumas mulheres realmente sabem utilizar esse "poder" e em algumas situações de emergência esse "poder" era acessado. De que forma?

As mulheres, e homens também, chegavam sem nenhum argumento ou desculpa razoável para o esquecimento do vencimento de seu documento de viagem (o passaporte) e enquanto conversávamos em nossa sala sobre os procedimentos para a obtenção do novo documento, algumas mulheres começavam a "chorar" copiosamente, enquanto o homens ainda tentavam argumentar sobre o esquecimento.

Sociólogo que sou (ainda em formação na época) pude observar esse comportamento muitas vezes. E percebi que o choro delas era um artifício final para uma possível comoção de nós responsáveis pelo setor.

Não duvido que aquele choro era o resultado de um stress ou de um nervosismo pela falta do documento na hora do embarque, mas percebi que esse "choro" pode ser instrumentalizado, como quase tudo que é relacionado aos humanos e aos sentimentos,e nesse caso os psicólogos tem até mais autoridade nesse assunto do que eu.

De qualquer forma ainda não acredito ser um PORCO INSENSÍVEL (talvez em micro-momentos de minha vida). Mas pude verificar a capacidade humana de instrumentalizar sentimentos para conseguir o que se quer. E nós fazemos isso a todo momento, inclusive eu.

Usei aquele exemplo para demonstrar empiricamente algo que percebi na minha prática profissional (e ainda naquela época não-sociológica). E no final das contas ainda vou afirmar:

Acredito no choro das mulheres, em seus sentimentos e comoções, mas que eu fico com a pulga atrás da orelha, ah eu fico...

Rs.

Besos.

Anônimo disse...

Querido Vini, haha! vc ficou bolado! adorei isso! homem com intelecto sempre ficam bolados qdo chamados de PORCOS INSENSIVEIS o que é quase igual a PORCOS CHAUVINISTAS [o que relembra décadas históricas de lutas feministas!] e todo homem inteligente se incomoda com isso. Que bom, que felicidade, conseguimos afinal mudar alguma coisa na História! Os homens se importam! E nisso eu já acreditava desde sempre. E nunca pensei em voce com uma alma suína [nada contra os porcos!].
Quanto ao tal artificio citado - o choro das mulheres, penso que todo ser humano usa da sua humanidade em determinados momentos e espera encontrar no outro esta mesma humanidade. Isso porque está no desespero, ou porque precisa, quer, deseja, sonha com algo... enfim...
E isso pode ser homem e mulheres, cada um com seus poderes. Vejamos o poeta o que fala:

"Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime."
[alvaro de campos, het. fernando pessoa, em tabacaria - fragmento]
para ler tudo: http://www.insite.com.br/art/pessoa/ficcoes/acampos/456.html

bem, antes de ir, uma dica simples - o que fazer quando as mulheres choram? resposta: colo. Dê colo. Isso pode ser dar o que ela quer, ou um carinho, um abraço, um presente, uma palavra, um poema, uma cumplicidade, uma atenção, um olhar de compaixão. chore junto, não com lágrimas - porque isso seria dificil - mas aproveite e exercite a sua humanidade: importe-se e faça o que for possivel e o que lhe for conveniente. Mas, importe-se. Penso que foi por isso que o criador fez as mulheres e crianças - as segundas pela sua inocência resgatar o primordial e as primeiras para nos lembrar da nossa fragilidade, nossa humanidade, nosso cuidado e nossa necessária compaixão. Por isso choramos. E choramos muito, copiosamente, como crianças, por tudo que queremos, desejamos e sonhamos! ;* beijocas femininas proce, poeta!

Anônimo disse...

desculpe os erros de concordância, não revisei, so li depois de postado..hahah mas vc entende e tá valendo... ;)

palavras sobre qualquer coisa disse...

Ufa! Faço um esforço danado para não ser esse "suíno"... Às vezes não tem jeito, a truculência masculina aciona nosso inconsciente. Mas acredito que sou um "macho" razoavelmente adaptado e favorável ao total e irrestrito poder feminino.

Como seria bom que o mundo fosse governado por vocês. Tenho certeza que muitas coisas iriam melhorar, menos no período da TPM... rs... esquece!

Besos e obrigado por me fazer, a muito tempo, um homem melhor.

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O autor

Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.

O CULPADO OCUPANDO-SE DAS PALAVRAS

Contato

O email do blog: vinicius.fsilva@gmail.com

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