(in)contidos - O novo livro de Vinícius Fernandes da Silva do PSQC

(in)contidos - O novo livro de Vinícius Fernandes da Silva do PSQC
(in)contidos - O novo livro de Vinícius Fernandes da Silva do PSQC. Saiba como adquirir o mais novo livro de Vinícius Silva clicando nesta imagem

sábado, 8 de dezembro de 2007

Gerações

Canso-me de ouvir os estilhaços das velhas palavras de ordem aos novos jovens, os jovens que escrevem nestes papéis virtuais em cristais de vidro. Tudo para nós, jovens, é sujo, transloucado, destruído, superado, estilhaçado....
Como se o tempo tivesse, nos seus anos longos anos de vida, que tencionar-se em uma longa curva para baixo, para o chão, para superar o chão e chegar, portanto, aos infernos dantescos.
Sempre somos os acusados de romper com a velha ordem, como se a velha ordem fosse a ordem certa, mas que ordem? Se a ordem em que vivemos agora é a desordem ordenada, realizada, deixada e cuspida por quem mais amamos, nossos pais, nossos avós, nossos...
Então escutamos calados, às vezes não, o que somos, vagabundos, sem bandeiras, sem ideologias, globalizados, alienados, baderneiros, consumistas, idiotizados. Me pergunto? Qual geração não foi isso tudo e também não foi vanguardista, inovadora, transgressora, descobridora e celestial.

Parece ser esquecido que dentro da linha do tempo quem dá o primeiro suspiro de vida será tão contemporâneo ao ser que der o último afagar antes da morte. Dentro dos limites da existência as gerações se misturam e dialogam, com suas fraquezas e virtudes, com suas afinidades e oposições. E quando acabo de falar disso, sem saber porquê, lembro do meu avô, morto, e penso que fui contemporâneo a ele, penso na falta que, hoje, ele e sua história me faz.

Não desistamos da nossa linha do tempo.



Creative Commons License


Esta obra está licenciada sob uma
Licença Creative Commons.

5 comentários:

Lux (Lucia Helena Ramos) disse...

me veio pq li hoje e estou com essas coisas na cabeça: Allen Ginsberg, poeta beat [tem outro que mandei pelo email do conto a conto]
um pedacinho do poema: UIVO
"Eu vi os expoentes de minha geração destruídos pela
loucura, morrendo de fome, histéricos, nus,
arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa,
"hipsters" com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato celestial com o dínamo estrelado da maquinaria da noite,
que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos das cidades contemplando jazz,
que desnudaram seus cérebros ao céu sob o Elevado e viram anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados das casas de cômodos,
que passaram por universidades com os olhos frios e
radiantes alucinando Arkansas e tragédias à luz de William Blake entre os estudiosos da guerra, que foram expulsos das universidades por serem loucos e publicarem odes obscenas nas janelas do crânio,
que se refugiaram em quartos de paredes de pintura descascada em roupa de baixo queimando seu dinheiro em cestas de papel, escutando o Terror através da parede,
que foram detidos em suas barbas públicas voltando por Laredo com um cinturão de marijuana para Nova York,
que comeram fogo em hotéis mal-pintados ou beberam terebentina em Paradise Alley, morreram ou flagelaram
seus torsos noite após noite,"
(...)

Beijo, poeta! sempre em boa companhia! ;)

palavras sobre qualquer coisa disse...

Linda lembrança. Descrição muito mais competente do que o meu leve e rápido protesto poético.

Lucinha sempre com as referências certas nos momentos certos.

Lux (Lucia Helena Ramos) disse...

citei ele porque, alem de ser otimo - fez parceria com bob dylan e tudo mais- nao há essa de geraçao certa...ele viveu os anos 60, fez parte do movimento beat e o que seria o movimento hippie dos anos 70! e no entanto escreve no seu mais famoso poema isso que está ai: "Eu vi os expoentes de minha geração destruídos pela
loucura, morrendo de fome, histéricos, nus..." sempre uma coisa atras da outra, sempre o tempo, tempo, tempo...
;)

Tatá disse...

�, Vin�cius... na verdade, "ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais..." N�o tinha parado pr� pensar sobre a minha contemporaneidade com o meu av� que tb se foi. Adorei o texto, vc escreve em algum outro lugar? Ah, acho que adorei mais ainda o "Peda�o vermelho". Vida longa � sua musa, que possamos ver sempre essas coisas lindas por aqui!Obrigada pelo coment�rio, agora sou legalizada no blog, hehehe! Abra�os!!!

palavras sobre qualquer coisa disse...

Legal vc ter gostado dos textos Táta. Não, só escrevo aqui mesmo, e tenho os meus arquivos. Mas não tem essa de estar "legalizada" não. Todos são super bem vindos no blog, inclusive para me esculhambar.

Voltarei no seu blog e lerei seus textos tb. Até.

Obvious Lounge: Palavras, Películas e Cidades

Obvious Lounge: Palavras, Películas e Cidades
Agora também estamos no incrível espaço de cultura colaborativa que é a Obvious. Lá faremos nossas digressões sobre literatura, cinema e a vida nas cidades. Ficaram curiosos? É só clicar na imagem e vocês irão direto para lá!

(in)contidos - O novo livro de Vinícius Fernandes da Silva do PSQC

(in)contidos - O novo livro de Vinícius Fernandes da Silva do PSQC
Saiba como adquirir o mais novo livro de Vinícius Silva clicando nesta imagem

Palavras Sobre Qualquer Coisa - O livro!

Palavras Sobre Qualquer Coisa - O livro!
Para efetuar a compra do livro no site da Multifoco, é só clicar na imagem! Ou para comprar comigo, com uma linda dedicatória, é só me escrever um email, que está aqui no blog. Besos.

O autor

Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.

O CULPADO OCUPANDO-SE DAS PALAVRAS

Contato

O email do blog: vinicius.fsilva@gmail.com

O PASSADO TAMBÉM MERECE SER (RE)LIDO

AMIGOS DO PSQC

As mais lidas!