Sobre enterrar avós, por Paula Rúbea
Apesar de se tratar de um momento triste e irremediável, não há como não se emocionar com a beleza e a sutileza desse texto.
Sobre enterrar avós
Fui ao enterro de três avós
Nenhuma era minha avó.
A primeira me disseram que era minha avó,
Me garantiram mesmo,
mas não era não e eu nada senti.
A segunda era minha avó,
Mas me contaram muito tarde,
E também nada senti.
A terceira disse que era minha avó
Mas supresa,
ela era minha mãe!
Como dói perder a mãe.
Cheiros claros para sua vovó.
O autor
Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.
Contato
O email do blog: vinicius.fsilva@gmail.com
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2 comentários:
Obrigada! A força dos amigos sempre nos traz esperança...
Confesso que fiquei estatizada. Confesso que senti escorrer dos meus olhos lágrimas de saudade e dor ao terminar de ler esse poema.
Não fui a muitos enterros de avós. Na verdade só me lembro de dois. Uma, é da minha segunda mãe. Ainda ecoa a desespero da minha prima/irmã gritando 'Te amo Mãe. Pode deixar que vou cuidar dos seus netinhos'.
E outro... No dia 30 de dezembro de 2009. Junto com o dia 29 os piores dias da minha vida.
Minha avó, da qual lutou pela minha vida, me defendeu de tudo e todos, até mesmo de mim.
Perder minha avó foi perder meu chão. Ainda dói chegar em casa e não vê-la, não ovir seu chinelo arrastando sobre a casa.
Imagino o tamanho de sua dor, Paula, só peço a Deus que lhe ilumine e tenha muita força, coisa que não consegui ter até hoje.
Beijos
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