terça-feira, 20 de janeiro de 2009
TIROS POÉTICOS
A procurar um alvo desvão.
Elas podem atingir sua mente e nocauteá-la.
Podem perfurar seu cérebro e fazer jorrar um rio vermelho
de letras e sons.
Podem invadir seu coração, pará-lo ou dispará-lo, de vez.
Podem atingir seus nervos, todos eles.
E fazer-te paralisar.
Ao contrário das balas (não confundir com as balas
de mastigar doce), as palavras não matam. Não enrijecem os corpos.
Ao contrário.
As palavras perdidas provocam um frenesi nas almas.
Levando-as às mil loucuras, a sem-número desesperos, infindas melancolias,
desgostos, choros, medos, angústias... amores e afins.
Mas nunca matam, nunca matam ou destroem.
Podem simplesmente passar por um corpo sem deixar marcas,
como uma bala de festim. Ocas e opacas.
Mas isso é caso raro.
Normalmente elas, as palavras, constroem, criam, modificam,
transformam, aventuram, etc.
Que a velocidade das palavras nunca se acabe.
E que os tiros sejam, para sempre, poéticos.
E tomara que, para sempre, as balas (só as de fogo!) se calem.
Restando somente o zunir veloz das palavras perdidas.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
O autor
Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.
O CULPADO OCUPANDO-SE DAS PALAVRAS
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5 comentários:
Visitando, lendo e gostando...
Sucesso!!!
Beijao
Além de poeta e escritor, és um grande pensador.Isso faz a diferença, tuas palavras não são vazias. Um grande abraço!
Querido, se todos os tiros fossem os seus (ou os nossos), veríamos pela cidade e pelo mundo, pessoas mais felizes e menos, muito menos amedrontadas. Deveríamos transformar os "tiros poéticos" em leis, onde cada arma seria substituída por bloquinho e caneta ou simplesmente um blog. E todos seriam obrigados a se expressar - poetica e criticamente. Imagine as guerras... Não seriam elas muito mais produtivas? Mísseis poéticos, tanques de poesia... Sonhos, nossos inseparáveis companheiros...
Beijos grandes e saudosos!
Oi Vinicius, eu gostei bastente desse texto e resolvi gravá-lo em voz. Agora estou andando com ele em meu Mp3 e vez ou outra o escuto. Beijos, Léo.
Léo, me envia esse arquivo por email, como mp3 mesmo, que irei utilizá-lo em meu próximo programa no podcast do blog, ok?
Valeu pela audiência. Agora o PSQC também está frequentando as ondas das caixinhas de mp3. Que chiquê!
Besos.
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