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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Volta pra C... hina!



Quando representantes da direita ou da extrema direita querem "xingar" movimentos que defendem mais democracia ou mais direitos, ou simplesmente pessoas, grupos ou partidos de esquerda, costumam gritar a frase "Volta pra Cuba!". Antes mesmo de ser uma frase/pensamento totalmente ilógicos e desconectados com qualquer razoabilidade histórica ou política, este "xingamento" é cafona e velho. Já pouco antes ao Golpe de 1964 víamos em cartazes da tradicional família cristã brasileira a mesma frase. Cinquenta anos depois, sendo vinte e um vivendo em um regime de exceção, o Brasil não se transformou em Cuba, muito pelo contrário.

O Brasil se aproxima muito mais de nossos irmãos norte-americanos, não ainda no tamanho de sua economia, mas em sua estrutura democratico-parlamentar representativa, onde o Congresso está dominado pelos interesses financeiros internacionais, pelas corporações multinacionais e seus representantes não passam, em sua maioria, de lobistas a defender estes interesses, tendo de vez em quando que dar pequenas respostas à população. O Excecutivo não é muito diferente, pois também sobrevive e se elege pelos mesmos "investimentos" corporativos e convive na balança entre a manutenção dos ganhos do capital e o medo da dissolução do estado liberal democrático de direito pelas justas revoltas populares. O Brasil sempre sonhou ser os EUA, vide nosso primeiro nome após o golpe militar republicano de 1889, quando fomos nomeados de República Federativa dos Estados Unidos do Brasil. Nunca estivemos tão próximos de realmente sermos os EUA da América do Sul. Na verdade já o somos atualmente. Hoje vivemos uma grande miséria em nossa democracia representativa, assim como eles.  

Porém voltando à Cuba... Não, a ilhota situada na América Central não é nem de longe o exemplo de socialismo humanista imaginado por Marx ou por outros grandes pensadores críticos do capitalismo. Assim como a União Soviética não foi, nem o Vietnã, nem a China é, e muito menos a Coreia do Norte. Mas lembremos que a miséria produtiva de Cuba é muito mais reflexo do embargo econômico de mais de cinquenta anos dos EUA do que efetivamente sua incapacidade de produzir riqueza. É de admirar então que uma ilhota miserável da América Central tenha a melhor saúde e educação públicas de toda a América Latina, isso reconhecido pelo Banco Mundial, grande instituição da ordem capitalista do planeta. 

Já que a questão do imperativo "Volta pra Cuba!" é de natureza ideológica, porque não ouvimos então o... "Volta pra China!"? Porque a China é tão diferente de Cuba? Os dois não são países comunistas/socialistas? Porque é muito mais fácil "mandar" pessoas à Cuba do que à China? Neste caso a própria natureza dos defensores ardorosos das economias de mercado e dos fluxos financeirizados ao redor do mundo sabem: hoje a maior economia do planeta pertence a um país comunista. Atualmente a China é a mola econômica do mundo. Se quebrar, leva o restante de praticamente todo o planeta. Seus fluxos de importação e exportação fazem o movimento pendular e produtivo que o atual sistema capitalista necessita. Papeis moeda e de dívidas públicas norte-americanas estão mais nas mãos de chineses do que dos próprios americanos, e não se pode mandar o FED ficar imprimindo dinheiro com o risco de desvalorização do dólar. A vida dos grandes capitalistas mundiais está nas mãos... do Partido Comunista Chinês! 

Pena que a China não realiza efetivamente um socialismo humanista e libertário, pois seu sistema político e econômico está concentrado no velho padrão de hierarquia e estratificação social, neste caso baseado no pertencimento às diferentes instâncias de poder dentro do Partido Comunista. Seu modelo de produção industrial é totalmente desconectado com a preocupação da sustentabilidade ambiental, destruindo seus recursos naturais e sendo o maior poluidor do planeta. Seus trabalhadores recebem salários miseráveis e com pouquíssima legislação de proteção, podendo ser comparados (dependendo das leis de determinados países) a escravos pós-modernos, resultado de seu capitalismo de Estado. A China, portanto, parece, em certos aspectos, ter-se transformado em sonho de todo... capitalista.

Então fica mais claro e compreensível a escolha burocrática racional para onde se mandar os indesejáveis. Dentro da lógica das vantagens do capital, a China é o grande paraíso, dane-se se é comunista. Na verdade a ideologia é o que menos importa, o que importa mesmo é o capital. E se tratando de capital... fácil mesmo é gritar ou berrar:

"Volta pra Cuba!"    


Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.


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O autor

Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.

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