quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
O Palavras Sobre Qualquer Coisa e Vinícius Silva no Jornal Educar da APPAI e o Especial Bienal do Livro 2013
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Pequena história de mim mesmo
Realizar a jornada urbana de Mesquita a São Cristóvão apresentou-me definitivamente à vida. Mostrou-me quem eu era. Viajar nos trens da Central do Brasil, pelo ramal de Japeri, mostrou a realidade de meus iguais, das pessoas que vivem na Baixada e que precisam se deslocar cotidianamente para ganhar a vida no Rio de Janeiro. Os trens da Central fizeram-me experimentar toda a penúria, o desrespeito, a ineficiência, o esquecimento do poder público em relação à forma pela qual os serviços públicos são oferecidos aos mais pobres. Ao mesmo tempo pude vivenciar que, apesar de tudo, ainda havia uma dignidade presente a quem só quer viver em paz, com os rostos cansados que batem com as cabeças nas janelas ou quase despencam dos bancos duros, dos homens e mulheres esquálidos e encardidos que carregam seus produtos pesados em suas costas, e ainda têm que fugir e serem roubados por seguranças de concessionárias que exploram este modal. Mas ainda havia um sorriso, os grupos de pagode, os jogadores de sueca, os maconheiros, os crentes, os surfistas, ainda havia o povo.
O CEFET também apresentou meus amigos da vida, pessoas que surgiram nas aventuras nas minhocas de metal e permaneceram, e permanecem até hoje, pessoas importantes em suas diferenças e semelhanças em relação a mim, que me ensinam a cada dia, que chamam a minha atenção, que me colocam no chão de vez em quando. Pessoas que se não existissem provavelmente me fariam ser uma outra pessoa e por enquanto gosto da pessoa que me tornei, apesar dos inúmeros defeitos.
E depois vieram as ciências sociais, a graduação, a UFRJ, as ideias de grandes pensadores mundiais, os trabalhos, os empregos, os colegas de trabalho, o mestrado, doutorado... Surge uma menina, que irá se transformar em namorada, noiva, esposa. Nasce um menino que se torna sobrinho, mas que no meu coração é filho. E entro nos "trinta", passo dos "trinta" e a vida segue seus passos velozes e imprevisíveis.
E olhando para esta pequena jornada, vejo que não há raiva ou grandes arrependimentos. Mágoas sempre existirão, mas as rugas no rosto sempre as amenizam. Não há raiva de minha antiga escola, apesar de seus erros, pois foi lá que foi forjado em mim a importância da disciplina e do medo. O medo é substância fundamental para que possamos nos manter vivos e sãos. Não há raiva pelo conservadorismo de meus pais, pois compreendo os medos e necessidades em se viver uma juventude pautada em uma ditadura, onde se expor ou expor uma opinião poderia ser a diferença entre a vida e a morte, ainda mais para pobres da Baixada Fluminense e sem "sobrenomes" importantes. Compreendo a proteção exacerbada ao sempre se dizer que expor uma opinião, ainda mais se ela for contra o senso comum generalizado, sempre será perigoso e contraproducente. Compreendo e agradeço por me formarem uma pessoa que possui um senso de justiça e ética. Compreendo... mas não me rendo mais a esse medo de se expor, de se colocar.
As pequenas conquistas de minha vida me permitem agora subverter o medo de minha mãe, que sempre diz que "é melhor um covarde vivo do que um corajoso morto". Não. Não! O covarde já está morto, já vive morto. Vive uma morte-vida contínua. Coragem não significa violência. Coragem significa não se render, não se conformar. E eu digo: eu não me conformo mais! Não me conformo com o país em que vivo. Não me conformo com o Estado que temos. Não me conformo com a polícia que temos. Não me conformo com a educação pública que temos... ou não temos. E essa não conformidade revela-se na afirmação de que desobedeço. Que desobedecerei caso seja necessário, caso isso leve a uma injustiça ou imoralidade, mesmo que uma legalidade seja afirmada. Por isso meu futuro talvez seja a cadeia, assim como um Thoreau solitário, mas se eu for preso em algum momento, saibam que foi por algo em que acredito ser piamente justo, justo para mim, para os outros, para todos. Desobedecerei todas as vezes que achar necessário. Gritarei todas as vozes de minha garganta, em todas as ruas que puder andar, caminhar, correr. Bradarei aos meus fantasmas do passado que rompi a prisão de culpas e medos e que agora desobedecerei, e que nem a morte vai me assustar, porque nascemos para morrer.
Digo que fui educado para obedecer.
Que cresci para me libertar.
E que morrerei se não puder gritar.
Porque todo covarde vivo, jaz uma vida à toa.
Mas espero que a covardia nunca esteja no rol
Das minhas lembranças.
Desobedeçam!
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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
domingo, 1 de dezembro de 2013
O PSQC no Leituras Sustentáveis - IFRJ/Nilópolis
sábado, 30 de novembro de 2013
A Lata
E eu não queria que ele fosse embora.
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sexta-feira, 29 de novembro de 2013
Projeto "O Espírito da Coisa: Palavras Sobre Qualquer Coisa" - Launching People Samsung
sábado, 23 de novembro de 2013
Deliciosamente / Natureza, por Rosemary Simões
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
Poema para Lara
e ainda assim me acha uma pessoa serena, mas que ingênua!
Lara é sentimental e de maneira imatura
procura e busca uma cura, mas que luta!
Lara se pergunta sobre o sentido da vida
mas como coisa teimosa essa tal sempre lhe evita, mas que doída!
Lara busca refúgio nas canções e nas palavras
e fica confusa pois nelas só há ciladas, mas que malvadas!
Lara então chora pois sabe que na despedida
remédio para a dor que sente não sara a ferida, mas que partida!
Então o poemista dirá:
"Lara cultive gargalhadas para que os males
colhidos sejam regados pelos sorrisos molhados de saudades e de vida.
Ame-se para poder amar aos outros e para que lhe amem quando menos necessitar.
Permita-se sofrer e chorar, mas não pratique o desespero e a melancolia.
Abrace sem pestanejar.
Beije de olhos fechados... mas abra-os de vez em quando, mas só de vez em quando.
Sussurre aos ouvidos.
Grite aos fantasmas.
Diga: "Eu te amo".
Diga: "Eu me amo".
Quebre um espelho!
E diga: "Até nunca mais!""
Lara, ninfa do Lácio, à sua morada o silêncio quer ficar.
Lara, a vida não é clara, mas é boa, e eu te juro, que não custa tentar.
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segunda-feira, 11 de novembro de 2013
domingo, 10 de novembro de 2013
Uma breve análise sobre as manifestações - Brasil - 2013 (Junho)
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
O poeta passageiro
E o tempo passará carregando as palavras, as frases e os versos do poeta embarcado em carros, trens, ônibus, vans, metrôs, mototáxis, aos pés, sempre ao meio do caminho de nenhum lugar, de lugar algum, porque o poeta e seus poemas estão de passagem, como um Caronte que não tem morada, só navega. Vive na intermitência do espaço, porque não pertence, realmente, a espaço algum. Não é de lá, não é de cá. Busca morada provisória onde poderá derramar suas dores e seus amores, e tentará desesperado ser ouvido, assim como um gemido, para algum sentido à sua vida dar. O poeta passageiro navega em águas turvas, dirige veloz em curvas, por não saber como chegar. Talvez derrame suas sementes ao mundo, para que brotem profundo e bons frutos possam dar. Palavras perdidas, soltas ao destino, agora caminham livremente de Mesquita a Gibraltar. E diante de ti se deita, presta respeito, de uma prece refeito, fala "ó Vida" quase sempre a murmurar. Quer passagem de ida e volta, porque de poesia e vento, o poeta sempre quer brincar. Para sempre.
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quinta-feira, 24 de outubro de 2013
A parábola dos derrotados
Valentão é um tanto covarde e chama seus amiguinhos, os Valentinhos, para o proteger no início da luta. Obviamente que de começo Pequeno-ágil apanha a beça, toma cassetadas, pancadas, choques e até bombas. Mas é veloz e persistente. A briga começa a ficar "boa", apesar das notórias diferenças, e quando Valentão efetivamente entra na peleja, começa a dar sinais de que também pode se machucar.
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sábado, 12 de outubro de 2013
Bento
Bento abotoa o riso na minha cara
Traz de longe um choro que não cala
Vai e me lembra que a vida responde
As perguntas que não sei de onde.
Vem brincar pra me dizer
Que o amor me escolheu
O luar vem me brindar
Com que o sol vai revelar...
Bento abotoa o riso na minha cara
Traz distante um brilho que não cessa
Você não sabe que trago em meu peito
Tudo que tenho pra ti ofereço.
Vou cantar e não esquecer
Que você apareceu
Te ninar me faz lembrar
Do carinho que vou te dar...
Bento abotoa o riso na minha cara
Traz de longe
Um'alegria
Que não
Para.
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terça-feira, 8 de outubro de 2013
Democracia só é Democracia se for exercida!
domingo, 6 de outubro de 2013
O Chefe: uma história verdadeira
Ele e sua esposa adentraram a uma das picapes pretas, e seguidos por todos os seus seguranças e também pelos inúmeros carros da Polícia Militar destacados para ali protegê-lo, deu a volta lentamente no Largo de São Francisco de Paula. Alguns de meus colegas decidiram descer para tirar um sarro e foram correndo mostrar o dedo médio para aquele senhor em seu carro preto blindado de vidro fumê. Eu não fui, fiquei mais atrás, mas achei engraçado e fiquei rindo da disposição e da sacanagem deles. Mas por algum motivo não fui e não mostrei o dedo e não xinguei. Fiquei mais distante, observando e pensando, pensando e vendo todos aqueles carros da polícia, todos, muitos, azuis e brancos e suas sirenes vermelhas. Muitos carros brancos e azuis e suas sirenes vermelhas. Carros azuis e brancos e suas sirenes vermelhas.
Mas agora, muitos anos depois, essa história me volta e me vem à memória de maneira clara e límpida, porque, hoje, ela faz todo o sentido, todo o sentido. Quem ali estava? Quem estava ali? Sim, era um chefe de Estado, o Doutor, o Imortal, sim era o...Chefe. Era... Roberto Marinho.
Eu e o PSQC no Fora de Área, no SESC Tijuca, 28/09/13.
O autor
Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.
O CULPADO OCUPANDO-SE DAS PALAVRAS
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