segunda-feira, 16 de março de 2009
Liberdade
Porém tenho que me planejar.
Tenho que fazer a lista de coisas para poder fugir.
Tenho que levar a roupa para lavar.
Tenho que pegar uns sonhos para poder dormir.
Tenho que sair de casa sem pestanejar.
Tenho que reunir todas as tarefas que um dia disse fazer.
Tenho que jogar pela janela o que prometi nunca mais usar.
Tenho que levar um amor.
Não! Tenho que ir só.
Não posso levar dor.
Mas sem dor, só sou pó.
Tenho que esquecer minhas lembranças.
Tenho que lembrar o que não podia esquecer.
Tenho que não mais fazer lambança.
Tenho que cortar o pano que irei tecer.
Tenho que traçar o plano.
Tenho que riscar o mapa.
Não tenho nem mais um ano.
Tenho só o agora e este não me basta!
Tenho que pegar no sono.
Não ter mais que acordar.
Mas afinal... não sei mais recordar
o que tinha que fazer, quando este grafite no papel
começou a rabiscar.
Sair dessa prisão
eu
preciso
saber.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
O autor
Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.
O CULPADO OCUPANDO-SE DAS PALAVRAS
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3 comentários:
Cara, isso é tudo que eu precisava ler agora. Maravilhoso, nem mais nem menos. Aliás, sempre que estou meio chocha e só vir aqui ver o que tens de novo que o acalanto chega.
Pô Dri, tu não sabes quão feliz eu fico em ler isso de ti. Saibas que teu blog já se transformou em ponto de referência magnânima na minha pretensão em saber um pouco mais de cinema.
Teu conhecimento no assunto me espanta e me enriquece. Fico muito honrado em saber que meus poemas te acalantam.
Besos.
Oi, Vini! Passando por aqui pra dizer que adorei esse, assim como tantos outros escritos seus. Um grande beijo, saudades!
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