quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
PISANDO NO pé
Ela não é boa dançarina.
Arisca. Pisa no pé. Dura.
Não dá para deslizar no taco encerado.
Mas isso tem suas vantagens.
Damas difíceis nos ajudam a dançar
Com qualquer bela patinadora de pés.
Andei tentando tirar Vida para dançar
Um Bolero.
Deu Samba.
Mas quando o pandeiro arrebentou
O couro, tive que partir. Punk-Rock.
E nas suas Lambadas continuei a
Valsar nas palavras.
Aos trancos e barrancos da pista,
Vou tentando meu bailar.
E junto com Vida tornar nossa existência
Uma grande gafieira.
Onde os belos passos e os feios escorregões
Dão o ar da sua graça no salão.
-Permita-me esta dança?
(para a bailarina Carla Juliane)
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segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
MANUAL PRÁTICO PARA SER FELIZ (Versão Vinícius Silva 2.1)
Encontre um cachorro: Fuja!
Veja um policial: Desconfie!
Escreva um livro: Sonhe!
Faça um filho: Depois dos trinta!
Tenha um time: Botafogo!
Coma chocolate: Espinhas!
Um inimigo: Lute!
Uma saudade: Chore!
Da morte: Tenha medo!
Faça música: Jobim!
Faça poesia: Vinícius... de Moraes!
Reflita: Escute música de cueca na sala!
Um amor: Esqueça... tente... ame!
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segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
PAREM DE FALAR MAL DO PAULO COELHO!!!
Apesar de nunca ter sido um leitor de seus livros (só li "As Valkírias", e faz muito tempo) o cara é o autor brasileiro mais vendido de todos os tempos.
Oras, lembrem-se que em nossa digníssima Academia Brasileira de Letras temos como ilustres imortais os senhores, José Sarney, Roberto Campos e Roberto Marinho (vocês lembram do grande livro do Roberto Marinho, não? Nem eu!). Zélia Gattai só conseguiu sua cadeirinha porque era mulher do Jorge Amado, e olha que a obra dela não é grandes coisas. Drummond, Vinícius, Quintana (tentou 2 vezes !!!), não estão na ABL. Pois é...
Depois fica um monte de gente "pelasacando" Dan Brown e seu Código "caça-níquel" Da Vinci, lendo o "Caçador de pipas", "O livreiro de Cabul". Não fodem! Vocês não precisam ler o Paulo Coelho, mas ele não é pior do que essa literatura internacional de esquina. Pelo menos vender livros eu considero como um bom critério. Imortal por imortal eu prefiro o Christopher Lambert em Highlander.
Já passou. Tô calmo agora.
Até.
Coldplay - Ô banda chata!
Radiohead - A melhor banda do mundo para quem é um suicida em potencial (Eu gosto).
The Strokes - Odeio os ouvidores de rock-garage britânico, mas essa banda é rock-garage da melhor qualidade, e são americanos.
Ok Go! - Até agora o melhor videoclip musical do século XXI (A Million Ways).
Jamiroquai - Impossível não mexer o corpo ao ouvir e ver Jay Kay cantando e dançando, e eu já vi, ao vivo!
The Cardigans - Ouvi-los é como estar em um jardim na primavera fria da Suécia. Adoro! (Obs.: Eu nunca fui à Suécia).
Los Hermanos - Eu gosto.
Madonna - A puta mais chique que já existiu.
Michael Jackson - "Rock with you" é um achado, pena que acabou... ele acabou.
Marvin Gaye - Se eu fosse preto, queria ser o Marvin Gaye (O próprio pai o matou! Até hoje dá vontade de chorar só de pensar nisso).
The Beatles - The... é... é... é... é... hum... hum... hum... é... hum... Eu sempre quis ser um Beatle! (Maldito cara que atirou no John).
Por enquanto é só... teremos novidades para 2008, em breve.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
LIVRE | FEIRA
Um pacote vazio deixado sob a tábua da barraca / Caixas de madeira vagabunda que carregam as cores e cheiros ainda vivos / As frutas / O céu azul e os raios de sol que furam / as já furadas / lonas azuis dos seus corredores estreitos / O calor que escorre dos corpos suados dos seres que parecem / em transe / Descarregar suas falas de sedução mercadológica / O controle quase histérico dos indivíduos que habitam este encontro socialmente organizado /
/ Feira /
A Feira é uma desorganização controlada / onde temos inúmeras possibilidades de improvisos sociais e individuais / É um encontro social onde podemos observar / analisar / delimitar / as dinâmicas de determinadas regiões / localidades / populações / Ela não pode ser analisada como um ser único / Uniforme / Em cada um desses "encontros" haverá uma particularidade e uma organicidade própria / Deve ser enxergada como o espaço onde diferenças e semelhanças irão criar um ambiente único / particular / Onde as ações dos diversos atores sociais irão gerar uma complexidade de conflitos / interesses / harmonias / É neste turbilhão de emoções / que reside toda a sua beleza / A poesia / as tristezas / as alegrias / as falas / os discursos / todos são os aperitivos para a sua salada humana /
/ Ouço /
Ouço / Os sons das palavras da Feira / que ecoam pelos ouvidos / Pare / Perceba: / "Pode chegar freguesa!" / "Pode vir e comprar!" / "Tem carré?" / "A mandioca é manteiga dona!" / "Posso provar?" / "Moça bonita não paga mas também não leva!" / "Mata o rato... seca o rato" / "Posso dar uma pegadinha" / "Claro Dona! Tá fresquinho" / "Nossa tá tão vermelhinho!" / "O morango chegou hoje!" / "Pastel e caldo-de-cana!" / "Superpromoção" / "Leva dois paga 1 real" / "Um paga cinqüenta centavo" / "Tem Namorado?" / "Ih! Tá fedendo!" / "Corre! É os homi!" /
/ Sim /
Sim / Antes da revolução industrial / Antes do capitalismo / Antes da bolsa de valores / Sim / Existia / Lá estava ela / O escambo humano / A Feira não vende somente produtos / Vende / Troca / Empresta emoções / Vende a uva triste / Vende a maminha chorosa / Compra a pamonha feliz / A Feira é o circo do cotidiano / A criança compra o brinquedo de madeira / A madame troca informações com a vizinha / O feirante alimenta seus filhos / Os meninos se oferecem para carregar as sacolas / As sacolas de papelão / O cheiro forte da barraca do peixe / A xepa da Feira / Os mendigos / E pobres / Rivalizando seus olhares de fome / Pelo resto / Pela sobra / O picadeiro com seus palhaços / Que trocam sempre de lugar e de papéis / A Feira é a fuga do controle / mesmo sendo controlada / Onde os humanos são mais humanos / Nas suas humanidades / E desumanidades / A Feira não tem / Ponto / Nem vírgula /
/ Lembro /
Lembro / A Feira é o local onde / os filhos / podem se lembrar / dos passeios com seus pais / com os avós / É o local onde / os filhos / também podem ser lembrados / A Feira é o lugar onde o sorriso pode ser solto / E a gargalhada extravasada / Lembro / Até semana que vem / Sim / Nos encontraremos / Sempre / Mais uma vez / Na Feira /
LIVRE / FEIRA
[texto editado no projeto final de Eliza na graduação em Desenho Industrial/Programação Visual da Escola de Belas Artes da UFRJ, projeto este que se transformou no lindo livro de fotos intitulado Feira Livre de Eliza Rizo]
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Gente, esse tal de blog é realmente um adianto, mas para certas coisas...
Não sei se é só comigo, porém foi impossível publicar um poema concreto. Essa porcaria (desculpe querido blog) não sabe o que é parágrafo ou espaçamento entre linhas verticais.
Portanto, para minhas aventuras no mundo da poesia concreta, tive que transformar o poema em imagem para poder postá-lo. Digo que sou um poeta neoconcreto, mas isso é tema para outras postagens, discussões e comentários... depois explico melhor.
Até.
Besos a todos.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
A Porta
Talvez no mar.
Na terra, não sei.
Dentro de mim só uma vez.
Vagando vai, até encontrar.
Uma voz.
Um ruído, não sei.
Pois dentro de mim só uma vez.
Como podes
ser tão extenso,
sem meios e com tantos meios.
Existirá em mim.
Existirá em você.
Existirá em nós, talvez.
Poderás ser a cura, não sei.
Para Ele o começo.
Para você o meio.
Para nós o fim.
Abrir meus olhos, pelo menos estes.
Meus olhos tão novos.
Meus olhos tão experientes.
Viram o início.
Estão vendo o meio.
Mas se enxergariam o fim, não sei.
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Ame...sol
E pela primeira vez chorei.
Lágrimas.
Gotejam em minha saliva o paladar salino de queima, em meu coração arde o amor que
derramei. É a mesma que eu mudo e quando te chamo, ao olhaste para trás, lhe peço perdão.
Perdão pelo que não fiz, mesmo que eu quisesse fazê-lo.
E ao dom da palavra que você disse recolho meu perdão.
Me vejo úmido pelas mesmas gotas salinas que me fizeram chorar pela segunda vez.
Vejo o sol, tão só.
Só o que é o sol.
O sol amado.
Um raio.
O que eu amo.
Um raio de sol.
Num só sol, ó meu raio amado.
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sábado, 8 de dezembro de 2007
Gerações
Canso-me de ouvir os estilhaços das velhas palavras de ordem aos novos jovens, os jovens que escrevem nestes papéis virtuais em cristais de vidro. Tudo para nós, jovens, é sujo, transloucado, destruído, superado, estilhaçado....
Como se o tempo tivesse, nos seus anos longos anos de vida, que tencionar-se em uma longa curva para baixo, para o chão, para superar o chão e chegar, portanto, aos infernos dantescos.
Sempre somos os acusados de romper com a velha ordem, como se a velha ordem fosse a ordem certa, mas que ordem? Se a ordem em que vivemos agora é a desordem ordenada, realizada, deixada e cuspida por quem mais amamos, nossos pais, nossos avós, nossos...
Então escutamos calados, às vezes não, o que somos, vagabundos, sem bandeiras, sem ideologias, globalizados, alienados, baderneiros, consumistas, idiotizados. Me pergunto? Qual geração não foi isso tudo e também não foi vanguardista, inovadora, transgressora, descobridora e celestial.
Parece ser esquecido que dentro da linha do tempo quem dá o primeiro suspiro de vida será tão contemporâneo ao ser que der o último afagar antes da morte. Dentro dos limites da existência as gerações se misturam e dialogam, com suas fraquezas e virtudes, com suas afinidades e oposições. E quando acabo de falar disso, sem saber porquê, lembro do meu avô, morto, e penso que fui contemporâneo a ele, penso na falta que, hoje, ele e sua história me faz.
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Pedaço Vermelho
Em lábios. Fica no
Canto da boca. Encarnada.
Parecia um pedaço de melancia.
Mas não!
Era sua boca.
(para Carla Juliane)
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O autor
Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.
O CULPADO OCUPANDO-SE DAS PALAVRAS
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