Dualismos
Qual primavera que, a florir as ruas,
Sobre as ruínas traz graciosas flores,
Tu, musa eleita, nas canduras tuas
Anima em mim brilhantes novas cores.
Mas como o outono, a secar folhas mortas,
Sobre os jardins outrora coloridos,
Tu, musa eleita, as minhas veias cortas
E inânimes falecem meus sentidos.
Mas que farei então, se me sacia
Estar entre o martírio que a alma mata
E a paixão que as mágoas me devora?
Hei de ficar, carícia e, após, chibata:
Colhendo flores no raiar da aurora,
E as sepultando ao declinar o dia...
(24/06/2014)
Lamento
Um olhar oculto me observa
silencioso e muito manso:
- Será um anjo ou mulher?
O olhar oculto se alevanta
sinuoso no espaço vago
- Será um anjo ou mulher?
O olhar vela sua intenção
imprecisa de volúpia
- Será um anjo mulher?
Um olhar espreita meu vulto
de mansinho me murmura:
- Sou mosca que não te quer!
(26/12/2013)
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