segunda-feira, 22 de março de 2010
pisca-pisca
Enquanto via a película.
A luz do abajur acendia apagava.
Apagava.
Acendia
O abajur não era lilás.
Era escarlate.
Enquanto a luz do monitor
Meu rosto refletia.
A luz de vez em quando brilhava, mas também
Apagava.
Acendia.
Acendia.
Apagava.
A luz não tinha tempo certo.
Não se iluminava em períodos estáveis.
A seu bel prazer decidia quando voltava e ia.
Enquanto assistia à fita.
A luz do abajur cor de sangue me encarava, me seguia.
E no momento em que meu sono não dormia.
Os barulhos dos carros passavam.
O sereno da noite baixava.
O suor do rosto escorria.
A luz encarnada do abajur garantia
Um doce
Reluzente
E animado
Pisca-pisca.
Pisca-pisca.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
O autor
Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.
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