Um dia desses estava realizando meu trabalho de pesquisa sobre o Golpe de 1964 e suas consequências sociais e políticas para quem viveu àquela época, e às gerações posteriores, além das ações das policias militares e seus aparatos de repressão, quando chegou uma cartinha à minha porta.
Ao abri-la verifiquei tal texto, descrito fielmente neste momento:
"Tô de saco cheio desse discurso bonzinho e agora decidi dizer a verdade, a nossa verdade. Nós existimos para reprimir vocês. Todo mundo sabe disso. Eu sei disso, vocês sabem disso e principalmente o Estado sabe e QUER isso. Estamos aqui, nossa corporação, para dar porrada em vocês! Para evitar que vocês se manifestem publicamente, que parem de atrapalhar o trânsito e a vida dos trabalhadores-ovelhas-cordiais e honestos que não querem fazer subversão e apenas "ganhar" suas vidas.
Não "treinamos" para pegar terroristas, porque isso não existe no Brasil, treinamos para bater, dar porrada em vocês, assim como fazíamos na ditadura, mas agora dizemos que fazemos isso para sua... proteção. De fato não temos interesse em protegê-los, mas sim em controlá-los. Para impedir que vocês realmente possam fazer o que todo governo caga de medo. De irem às ruas e mostrarem sua força para mudar as cretinices que vivemos cotidianamente. Existimos para seguir ordens do Estado, e somente seguir ordens, porque é o Estado que paga nossos salários e ainda faz existir e persistir nossa imprescindível instituição.
Portanto não venham com chororô, com conversinha. Quem ficar na nossa frente vai tomar cassetete na cabeça, bala de borracha no peito e spray de pimenta nos olhos. Nascemos para isso e iremos cumprir nosso papel. Papel de tutores de vocês, quer gostem ou não. Então vamos parar com essa baboseira de direitos humanos para todo mundo, liberdade de expressão e outras frescuras porque isso é balela, é mentira. Não existe, nunca existiu e nunca irá existir. E eu, e nossa corporação, estamos aqui para garantir que tudo permaneça exatamente do jeito que está, para o seu bem, para o... nosso bem.
E por fim venho dizer que: é melhor o senhor, escritorzinho de merda, branquelo pobre da Baixada Fluminense, parar de dizer essas coisas sobre nossa instituição, porque senão, não poderemos garantir sua integridade física. Cristo salva!
Assinado: Coronel".
Observação: Este é um texto FICCIONAL e qualquer semelhança com a realidade, é mera coincidência.
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